segunda-feira, 23 de março de 2009

Coqueiro Velho - Por: Socorro Moreira


Hoje eu vi... Sem poda, sem vida nova.
Lembrei a canção que o Orlando e o Nelson gravaram. Uni-me ao compositor, e percebi a dor das folhas secas, abatidas pelo vento, envergadas por falta de viço e de vida.
Apenas lá... Ainda lá, esperando ser cortadas.
É como uma rosa seca, escondida nos livros do passado. .. Perdeu o cheiro, mas sabe contar histórias.
É como amores fenecidos, ainda misturados , a tantas coisas vivas.
Amores findos merecem o respeito de ser reintegrados ao útero de uma terra viva.
Que tudo se transforme em pó: as velhas palmeiras, pessoas, coisas... Que possam estrumar novos sentimentos, recriar-se!
Doeram-me aquelas palmas acanhadas e secas, sem o carinho e a dança do vento. Combinam com o final do dia, entre a rosa e a grafite.
A natureza na ausência do sol enluta-se... A lua, eterna viúva, numa fase de alegria, chega com o seu bando... Bando que pisca , faísca, e assumem seus postos, na festa da boemia.
Choram as flores, seus orvalhos... Nuvens também se dispersam ou se condensam, quando finda o dia.
O tempo esfria. Troco meu costume, e na flanela me aconchego, como num corpo do amante.

Hoje é dia de São José. A procissão de velas não se apaga na chuva... Nem a fé cristã!
Corpos secos, roupas brancas, marfim... Como os velhos coqueiros, que agora vejo... Vestidos no terreiro, com a roupa do fim!

Por Socorro Moreira
Crato(ce0, 20 de março de 2009.



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