segunda-feira, 31 de março de 2008

Preciso dizer adeus


Meu caminhar é solitário
Que adianta voltar pra buscar o que não ficou ?
Nem gente , nem pacote atrasam as minhas idas , sem voltas ...
Volto só no pensamento , quando o tempo é escravo
No presente ele é Senhor ...
Acelera ou adormece um desejo animado
Já disse tantos adeuses ...
Já fiquei de mãos vazias, embargada de saudades ...
Já tentei reconduzir algum caso terminado ...
É só uma questão de tempo ...
Tudo acaba numa pia ...
O resto do café , os farelos de pão, flores despetaladas ,
noite que já deu lugar pro dia ...
Não gosto de despedidas ...
Mas elas estão sempre na pauta dos meus dias !

sexta-feira, 28 de março de 2008

Novo Dia -Tela de Caio Marcelo

Amanheceu molhado
O sol precisa de nuvens , quando o tempo estia ?
De onde saem os gatos , que passeiam nos telhados ?
Borboletas , pardais , e o verde matizado ...
Fauna e flora doméstica , me aquieta e alucina !
Perco o sono , e desfilo no silêncio das escadas ...
O passado é misto de sonhos e pesadelos ...
A paixão pela vida , ainda sobrevive !

terça-feira, 25 de março de 2008

Olhar viajante



Lá fora o mundo é mar ...
Dentro de casa e de mim ,
portas e janelas ...
Meu olhar pula
Avisto tudo de forma turva
Faço conta dos anos
cumpridos e não vividos ...
Faço contas na tarde comprida
É vermelho o meu saldo de agonias
É azul o mistério dos meus dias !

quinta-feira, 20 de março de 2008

Um tempo

Tenho medo das estradas , das estrelas , das pessoas que conheço ...
Gosto de ficar sozinha , de espreitar o tempo , de anoitecer , e acordar sozinha ...
Gosto muito de tudo , um pouco longe , um tanto escuro , quase frio , e com perfume ...
Adoeço sem paixão , o amor cura a falsa ilusão ?
Madrugada estiada , de lua e rosas úmidas ...

Esqueci o mais simples de todos os amores ...

Perdi , o que não entendi ...

Estou na mira do riso ...

Ainda posso !?

sábado, 15 de março de 2008

Borboleta Azul

Hoje procurei BOrboletas no BOsque
Troquei BErinjelas por BEijos
BAtida de limão , no BAr , tem não ?
BUstos de BUda
BIruta , essa moça BI -polar ?

Camila aprende a ler desse jeito ...

E eu reaprendo a entender
a vida que passou por mim ,
intocável e muda ...

Se o tempo voltasse ...
Se o presente fosse o meu Natal ,
e do futuro só pudesse esperar,
bicicletar no ar ... Ah!
Comeria doces
casaria nunca
teria filhos crescidos
netos felizes
Um pai vivo , uma mãe imortal ...
Um amor sem chorar ...

Seria viva ?

Amnésia



Perdi o olhar que catava estrelas
a boca que mordia a lua
o coração solar ...
ardendo de luz !
Foi a chuva ?
Águas , encharcando a alma ...
Sinto novas dores
A dor de esquecer o passado !

quinta-feira, 6 de março de 2008

Acalanto


Noite de março
Rua escura
Palco iluminado
Um som de acalanto
Elomar e João Donato !
A liberdade venceu afinal ...
O prêmio é a solidão acompanhada
Posso chegar e sair
com quaisquer sentimentos ...
Uns fortes , outros frágeis ...
Quais fotos de ruas ,
no século passado !
Chego na toca , abro a porta ...
Acendo todas as luzes
Espanto o medo da rua
Acolho o medo da alma
Com a morte não discuto
Ainda quero um tempo
Uma era
Uma verba
Um verbo desencarnado ...
Pode ser azul , ou lilás ...
Da cor dos teus olhos molhados !
Um nadar constante
na emoção que não termina
É madrugada dos galos e uivos ...
Das catitas que disputam
farelos de comida ...
É noite de paz
Mesmo que toda surpresa do mundo ,
espreite a nossa vida !