sexta-feira, 31 de outubro de 2008

"Curare"


Doutor,

o antídoto da dor

é a dor ?

Sentimento

despido de sonhos

teimoso , vive !

Sem fotografia na bolsa

Sem telefone no bolso

Te ligo , e me ligo ...

Dia e noite ...

Noite e dia !

E a rádio Chapada

ainda chora...

Quando não é Noel

é Abel ...

Um choro pra cada história !



Revivendo o passado ...


(Hugo ,Peixoto , Fátima , Nilo e Socorro )


Revivendo o passado
O princípio ativo foi a música
- A cura da saudade !
Brincadeiras , encantos,
cumplicidade ...
Tudo resgatado !
Hugo no acordeon ...
Peixoto...
- A voz das serenatas !
Bebemos todas as músicas
do presente e do passado...
Nilo deu uma palhinha...
registrou sonoridade
E eu a saltitar...
Esqueci a dor no braço ...
Sorri pros vivos e fantasmas...
desejei ficar aqui e lá...
A madrugada nos encontrou ,
sem nos separar ...
Articulados pelas canções ,
que como a gente ...
- Brincam de ficar !

DIA DELAS ...



Poções mágicas , nas palavras
Encantam , mordiscam
se entocam , e se calam
Hoje é dia delas ...
Não tenho o instrumental
que preciso :
Caldeirão , vassoura,
e um punhado de ervas ...
Não sei fazer mandingas
Basta um cheiro de carinho
e o feitiço se completa !
Já fui queimada tantas vezes
Que o fogo do inferno
apenas me alumia.
Já rezei sortilégios
e tudo
já perdeu o seu mistério
Fiquei com medo
Perdi o jeito
meu nariz cresceu!
E aquela ruga ,que ficou no peito
Rebelde
não volta pro nariz
A metade da maça ...?
-Nunca comi !

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Das Dores


Das Dores
Tem o manto das noites
Viaja dias a fio
Nunca pára ,
nunca deita ,
nunca alcança o impossível
Espreitas aleatórias
Não tem país , nem história
Parece feita de pedra
parece feita de chão
Dança no ventre a paixão
mas gosta da solidão
Nunca escuta , nunca dita
Não liga o rádio da vida
Não canta alguma canção.
Seu mundo é tão obscuro
Feito nuvem condensada
numa ampla escuridão.
A loucura é seu destino
É assim desde menina ...
No céu da desolação.
Das Dores é minha alma
Pagã , em busca de fé
espera a compensação.
Uma luz que se aproxima
da agústia lhe desvia
mas a sina de Dasdores
é achar o seu condão.
Passa o tempo ,
passa a lua,
passa o mês da exaustão...
Em outubro, no ensino,
o caminho da menina ,
faz a grande confusão ...
A morte ,
que se aproxima
Não tem pressa ,
não tem sorte ...
E a alma da mocinha
se abnega , no perdão.

Ode à Rua da Vala


Na ponta da rua ...
Moreirinha é arte !
Núbia confeitava ?
Eunice ...
O doce do leite ,
a delícia da puba .
Seu Tôta ,
um jogo pra virar a noite ...
Tête , cadê você ?
Dona Evanir
Figurinos ,
desfile na praça ,
e nas matinais ...
Dona Carlinda e Carlindo ...
Seu Nenem ...
Fábio e Jairilene,
Dona Zélia e Seu Decim.
Lilita ,
rosto pincelado ,
boneca de carne ,
sempre linda !
Elsa Ramos ,
Dr Macário ,
E os Coriolanos ?
-Nossa Iracema do Crato...
Amélia , Iara ,
Mãe Ceiçinha ...
Dona Socorro e Seu Carlos ...
Teresinha Amorim ,
O Tenente Luiz ...
Minha mãe,
Minha avó , minha casa ...
Meu pé de algaroba
Minha catapora ...
Tudo para trás !
Casa dos apertos
Redes pelas salas
Pão , ovos e leite ...
e banana prata ...
Um banheiro só
Uma fila grande
Toalhas úmidas ,
um lençol gigante ...
Dona Leni e seu Esmerindo...
O carteiro
Um amor distante ...
Outros ,
na beira da vala ...
vigiados
por janelas intrigantes
Os Tavares Leite
Ângela ...
lembro tanto !
Telma Saraiva
pose , pincel , e arte !
Retrato falado ,
espelho de uma época ,
glamour, encanto !
A vala ,
e o mergulho dos carros
A queda dos meninos ...
Até a morte,
teve a sua história :
um tiro , um enfarte ...
uma chuva , um sumiço ...
Casamentos na sacristia
Fatalidades , mescladas de
alegrias ...
Vala dos limites
Dos gritos ,
das muriçocas ,
do calor dos ânimos ...
Brigas , amores, discórdias ...
Uma ode a esta rua ...
hoje tão estranha !
Dr Maurício e Dr. Hermano ...
Consultório de Dr. Zé Ulisses
Palacetes , casas enfileiradas,
dentro de um só plano.
Saudades ...
Cadeiras na calçada
e a gente a passar...
A deixar ...
Hora íntima ,
no ar...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Cadê ?



A rua da Vala ...

Rua da minha meninice
Dos primeiros amassos
Dos namoros na calçada
Do sol , na farda pregueada
De baixo dos braços
Um livro sem capa
Uma carta de amor
Um beijo roubado
Um vizinho que canta
Um menino que toca
Uma moça feia
Umas pernas tortas
Um cabelo comprido
outro
usando bobies.
Serenatas , tertúlias
Calças de veludo
Cotelê, laquê,
Perfume da Mirurgya...
Magnólias brancas,
organdi azul.
Acabou , chorou...
Se formou , casou ?
E a vida segue
e a rua muda
casas se desmancham
pessoas se encurvam...
O luar sozinho ,
vive nesse luto
Cadê a festa de tantos anos ?
Cadê nossos pais
e suas censuras ?
Cadê nossos sonhos
tão desajeitados ...
Cadê aquele tempo ,
que eu não vi sumir...
Ainda espero um rosto
que eu nunca mais vi...
- O meu ...
No espelho da sala...
Cantava " a primeira lágrima "
sem saber sofrer.

Suspiros




Depois de alguns uivos ,
novos suspiros ...
E traição existe ?
Existe a crudelíssima vida
que interrompe ,
o bom da harmonia...
A cura da dor
É um porre maior
que o próprio amor !

Anônimo viajante


As vezes você chega ...
Chega ,
mas nunca me vê
E quando volta ,
escreve uns traçados
Riscos truncados ,
no quarto do hotel
Fantasmas reais...
Chegam na surdina
Varam a madrugada
Cruzam as nossas praças...
E deixam rastros ...
Um dia ,
quero estar ,
nas asas desse anjo ...
Voar ,
pra lá , e pra cá ...
Rir com tudo
que ele diz ...
Tomar um chá ,
Canela , oxalá ...
Ser Gabriela ,
ante o seu olhar !

Flor sem jardim





Apaixonada ,
e sem jardim ...
Sinto de memória
perfume de amor em mim
Ventos trazem
Ventos levam
lembrança fugidias
atropelam os dias
Sons , gravados no passado
Nos carrocéis da praça
aonde eu te avistava ...
Voltas repetidas
Tocatas nas nuvens
Balanço das folhas
Decoros no corpo ...
Sem tesão ,
Belisco tanto pão ...
Um beijo sem amparo ,
tranco em minha mão !

terça-feira, 28 de outubro de 2008

alma canina




Doçura e esperteza canina
garra dos felinos
Falta em mim
Não entendo a liguagem
dos que nada dizem ...
Encontro entendimento no olhar
aprendo ,
mas me perco na direção do luar
Cansada de mim
evito todos os nós ...
desenrolada na vida
ainda me amarro
no pão de cada dia ...
Um dia ,
tudo será vazio ...
Até de poesia !

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"Anema e cuore " - Socorro Moreira


(Dedico ao Dihelson e aos meus amigos do Cariricult)
Existimos desde o "Muro de Planck".
Se estivemos dispersos no universo,
obedecíamos a uma ordem inteligente,
que nos transformou
em humanos .
Existem calçadas
que não promovem o encontro ...
mas o caminho poético
atiça o esbarrão das almas !
És um ponto de descanso ,
e de chegada ...sempre !
Esta fina sintonia
Tem o respeito
dos nossos desejos.
O que não entendo ,
me inquieta tanto ...!
Paz onipresente
nos conecta sempre ...
Tu és a minha imagem
Teu sinal ,
seja o mais sutil ...
É um Big Bang
do amor contido.
Tinha que saber de ti ,
em todos os tempos ...
Longe ou perto ,
estás em mim.
"A nostalgia dos céus , me domina "
Tudo é mistério,
ou quase assim ...
Não sei o tom
Mas escuto o som ...
Nota por nota ...
Tim tim por tim tim.
Tudo o que ela diz ...
e o que não diz !
Teu pensamento
é sempre uma oração!
Complexidade humana
- Assertivo divino !
Entrega o feijão debulhado
Espera a panela ferver ,
e senta-se à mesa ...
com a fome da serenidade.
Quantas vindas , e quantas saudades ...
- Deus explica !
Desoportunizamos
piscadelas ,pautas falsas ...
Nos tornamos cúmplices
(por acaso e por um caso ...)
de um bem maior
que por Deus foi planejado.
Felicidade é saber , e intuir ...
Gozar da plenitude ...
sem ter ,
nem possuir !
Somos juntos
na êfemera realidade
Somos unos ,
na longíncua eternidade !
Descobrir tudo isso
Foi pura indução poética ...
Clarão incendiário ,
como o sol do meio dia ...
Sertaneja e solar
filtro os teus raios ...
Neles , amoreno-me ...
Danço , e cantarolo alguns passos
pelo carinho do abraço !

O Amanhecer ( Dedicado a Socorro Moreira )



O AMANHECER( Dedicado a Socorro Moreira )

Flutua no ar por entre grãos de poeira
um tênue e belo halo luminoso
traz nas suas asas o espectro do dia que começa
Alma inda pequena e sorrateira que teima em nascer
e desfaz de forma inexorável a névoa silenciosa
das manhãs...

Minha alma enche-se de perfumes e encantos.
fitos no verde infinito das folhagens
olhos famintos devoram as ondulações das cores
em formas geométricas imprecisas e translúcidas

Do Tecido azul e irregular
gotas brilhantes escorrem
para se desmancharem em poesia
que eu recolho em baldes pelo caminho
Sinfonias de azul e vermelho escarlate
ostentam-se já no horizonte.

Nada falo. Nada penso. Que há para dizer ?
A vida pulula em toda a pradaria
em cada gota de néctar
sem que os homens a percebam

Espetáculo multicor de mundos diversos
habitam minh'alma
e ante tal selvagem beleza, humano já não sou
Na impessoalidade, foge-me o espírito,
e me transporto pelo raio de luz inerte,
apenas descrevendo e perscrutando o universo
- de quem já não vive...

-Dihelson Mendonça.



domingo, 26 de outubro de 2008

Viajante


Velas acesas , e pés na estrada
Se a minha vida
é a mesma ...
As orações se enfileiram
Parece que a fé não chega.
Dor rasgante
A rotina
entra no caos das mudanças
Meu coração
acompanha viajantes
que de peito aberto
enfrentam o mar do destino.

sábado, 25 de outubro de 2008

Engano





A vida é uma sucessão
de partidas e vindas
Algumas bem-vindas
Outras mal-vindas
E o destino ,
na fé se altera
Por um Deus , que
no fundo , creio !
Ciência e fé ...
Como acreditar , se desconheço
Aposto no dito
do amigo ...
Perturbam-me
tratados filosóficos ,
científicos ...
Não sei o caminho da verdade
Me engano , em todos os caminhos !

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Em busca da luz de ouro


O mar é o cemitério
de todos os medos
Já despedi-me de todos os
astros , de todos os céus,
de todos os amores ...
Tranquei todas as portas
Perdi meu endereço
estou a esmo ...
Insisto na música
Insisto na lágrima
Insisto em algumas pessoas
Mas já me despedi
de todas as cores.

Um amor para a moldura da janela para o impreciso- José do Vale Feitosa


Lembro do abismo que dissipa,
no momento ainda sólido,
do varonil amplexo sucessório,
e tu com os olhos de luz,
sobre a escuridão da morte.
quando o sangue do luar poluído,
lancetava todas as realizações materiais,
e nos átomos da alma esfarinhada,
tudo era nada e isto apenas o que era,
nem uma metáfora por remédio.
lembro que se os limites fossem ultrapassados,
todo o medo se tornaria substância inerte,
nenhuma vitória se queixaria do esforço dado,
o acúmulo capital apenas líquido pantanoso,
e tu me abraçaria como pela primeira vez.
quando a exuberância da nova experiência,
deslembra o tédio das repetições,
e da cratera o fluxo piroclástico nega tudo,
do mais simples fonema de espanto,
ao mais completo discurso sobre a humanidade.
lembro quando teus abraços deram permanência,
e pelos beijos fluíram jatos de futuro,
deixando formas físicas nos espaços,
versos de amor no substrato da subjetividade,
e hoje tênue como sempre é a vida.
quando imprecisa é a linha do tempo,
sujeita a trovoadas de interpretações lembradas,
assim como irregular é o espaço,
para estes troncos e membros frágeis,
e mesmo assim sabemos da eternidade.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Janela do impreciso


Um amor ...
para todas as janelas do vazio
Senão é tudo chuva , e falta de improviso
Parece que faltou luz , na praça do impreciso ...
Um jornal molhado , lembra por acaso ...
Notícia é passado , fato consumado!
Ando assim
sem jeito pra ficar ...
Esperança , probabilidade
Fórum - eternidade
Uso a matemática
para me encantar.
Estou acordada em todos os sentidos ...
Meus sentidos vivem ,
dentro de um cochilo
Abro as janelas do meu infinito ...
E fico esperando um olhar passar !

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Agônico


Vivo no limbo
Anjo caído
Esperando resgatar
o paraíso perdido
Poesia seca
olhar pequeno
míope das alegrias
Essa angústia que chegou
não larga da minha vida
Acordo , sonho
a vida passa ,
e eu me escondo ...
Chegou cedo demais
Esse dia de outubro ...
E setembro nem passou !
Um desalento
é prisão preventiva
Sentença final
É morte geral...
Perdi os 7 sentidos ...
Ainda respiro ...
uma vontade da vida !

Paisagem vazia






Praia deserta
rede vazia
Teu barco partiu
Atracou
perdido de mim
Resta-me um tempo
Vivo tudo em pensamento
Conflitos na memória
A paz desejada
tem notas dissonantes
tem tristeza no canto
tem esperança vazia
Custa muito
terminar o dia

Canto de flor


Vó , vamos cantar ?
Aprendo qualquer canção
É só você me ensinar ...
"Meu limão , meu limoeiro ...
Meu pé de jacarandá ...
Uma vez tim dô lê lê
outra vez tim dô lá lá ..."
Interpreta com todos os sorrisos ...
Tem coisa mais artística ?
A gente crescendo de novo ...
gaguejando
gritando
pedindo , e recebendo
Vivendo o sonho
de ser menina !

Toca , eremita !


A chave do meu interior ...
Onde está ?
Em qual lixeira da vida
deixei ficar ?
Tranquei parte dos meus anos
Tranquei parte dos meus sonhos
Violei coração ,
violando emoções ...
Deixei passear
minhas canções preferidas ...
Arranhei meus vinis :
Caetano e Gil ...
Mexi
qualquer coisa em mim ...
Agora ,
tenho a voz de João Gilberto ,
Nana , Adriana ...
E o som do Tom ,
repente , insistente :
"Começou a consequência ,
inevitável de você ..."
Enjoada de todos os fumos
Provo uma limonada ...
Refresco pensamentos e falhas ...
Minha toca
não tem chave , nem porta ...
Ela é tosca , e fincada
no mato ,
que cresceu em mim.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Tédio


Estou entorpecida de tédio
A casa ora pequena , ora se perde ...
Acompanha meus passos
que se arrastam,
na passagem do tempo
Um cio sonolento
cai de novo no sonho
O mel dos meus olhos
derretidos no vazio,
colam-se e pregam
emoções antigas.
A idade perde o visual
Paira na alma alquebrada
pelas tensões e tempestades ...
Uma viagem ao fundo de mim...
Um entra e sai de pessoas ...
dançantes , num luar imaginário
Praia que não sinto
Rio que não corre
Janeiro que não chega ...
Dezembro que está na porta ...
Elos ainda belos ...
Espada de São Jorge
me protege ...
Ainda caio da cama ...
Ilesa , corro dessa !

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Vida







Eu sempre vivi lentamente

Morro e revivo , intempestivamente ...

As vezes me sinto cansada...

é quando durmo ,

e morro de ser feliz !

Jazz


Pretos
Cílios
e pentelhos ...
Pentelham meus dias
Tuas intrigas
teimosia, desamor
Solidão ...
um jazz traz a compensação ...
É som
perfurando o nu
Dormente , nem sente
que o tempo ,
enfim ...
passou !

Lua


Esperei por tantos sonhos
Esperei
o que no sono chegou
Tal delicadeza ...
meu corpo até jurou :
Ela chegou !
vestida de vida ,
no rastro do amor ...
Casa , penumbra ...
Lua de visita ,
iluminou !

Amor de soslaio


Amor de soslaio
é como o olhar que não fixa
Capta imagem distorcida
Fere o coração
mas não fica
Amor de soslaio
não tem ventura
nem história
Vem do passado
Está no presente ...
É futuro factuo
Amor de soslaio
É passageiro e ligeiro
Não tem brilho de um cometa
Não ilumina, nem chega ...
É aborto ...
Cuspe da boca ,
que nunca beijou !

Etílica


Voltou ,
enrolada nas suas falas
Éter inebriando a sala
Ficou nua , em seu desmaio
tossiu , roncou ...
Acordou meus pesadelos
Comoveu-me , na fraqueza
Tudo errado ...
O tempo ,
apagara os seus estragos
Partiu ,
quando a lucidez do sol
incendiou a casa.

Na beira dos ais




Entrego os pontos .

Quem venceu

já tirou o time de campo ...

Cansei de um placar que não anda ...

Espero deitada ,

enquanto você não chega ?

Espero sem lutas ...

Espero cansada ,

novo amanhecer .

sábado, 18 de outubro de 2008

Fica ...


As pessoas partem
a paisagem fica ...
Perdemos anéis ,
os dedos ficam
Mudamos a cidade
o poço fica
Perdemos um amor
A gente fica
Em todas as perdas
ganha-se algo
de mais valia
O amor não envelhece ,
fica sábio.
Incondicional
é amor que não desiste !

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Em nome da flor


Mistério como entrada

Sensualidade
prato principal

Carinho de sobremesa

Licor e café ...

Feito o meu desejo !


Impagável
quem se fez feliz

Pendura o coração

Espera a rosa ,

no segundo dia ...

Da luz ...




Estrada
Olhos no chão
Formigas comigo
Pingo no peito
Torço o pé direito
Doutor ,
serve um comprimido ?



Precipício
Não achei teu pó
Atiro-me !

No ar ...
- Tudo que foi dito !

Folhas secas
vindas do pomar
Lá no mar
despenco o meu olhar
Azul-musgo
Peixe - escuro
Águas ,
espio ...
Deito no infinito
E fico !

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sincronia


Pensamento , olhar
Estrela - Vésper
Boca imantada
doce , picante
Gelatina prazer
Riso , choro
Brilho
Estrelas nos olhos
Frutos do oitizeiro
Mordo a ponta da língua
Engulo a ponte do beijo
Sangue por sangue ...
27 !
Desacertos
Deus permite ?
Ré , confesso-me !
Cem voltas na garganta
Cheiros
Química ...
Que porra é essa ?
- Síntese do desejo
Amor absurdo
loucura ,borbulhas
Catacumbas , sempiterno!
Vi primeiro ...
Gozo no inferno
Contemplo
Zen , confesso !
Chave mestra
Hexagrama 10 !
Nove na primeira linha
zero , na primeira entrega
Destino , tango ?
Perseverar traz fortuna
Nenhuma culpa ...
Traz um caminho de verso
Baú da felicidade ...
-Quero cheio !

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

PAPO FURADO


Minha criança dorme
Minha sinhazinha sonha
Minha senhora , já idosa ,
sobrevive ,
amparada por droguinhas .
Confundo-me , irmã dos meus filhos...
Barrigudos , grisalhos ...
- Meus meninos !
Bom, que importa,
a droga da idade ?
Se a gente , no que sente ,
se eterniza ?
Ana Bolena...
Que história mal contada ...!
Ainda hoje , a boinha é Mariazinha.
Maria de José ...
João de Maria !
Entrei sem saco ...
Me animei,
ouvindo Rosa Passos ...
Eita Dihelson danado ...
Consegue expulsar
coma e cansaço !
Procuro o cheiro da rosa seca
escondida ou perdida ,
no livro da escola ...
Saudades dos meus amigos ...
Vê-los , vivê-los !
Tomar um Porto , licoroso ...
Um tinto , seco ...
Sorver um chá inglês ...
-Não durmo sem erva - cidreira .
Luiz , Januário ...
e o povo da Batateira ...
Carlinhos ,
assisti "A Outra" ...
Sempre única e primeira !
Bom ...
A luz apagou
Um réstea de lua
me serve de guia
Meu quarto é rosa - claro
No sonho ainda me enrolo ...
Indo , e ouvindo
A Rádio Chapada ...
- Parece que fuma , Maria ?
"Aliás , quem não quer ser feliz " ?

domingo, 12 de outubro de 2008

12 de outubro


Dia de deixar escorrer fios de chocolate ,no canto dos lábios.
De bagunçar todos os departamentos da casa ...
Riscar com giz , as paredes ...
Picotar agendas de compromissos...
Rasgar notas promissórias ...
Inventar um Banco Imobiliário , e apostar !
Dia de encarar um trem-fantasma ...
Ficar tonta , e com dor na garganta ...
Vomitar guloseimas ...
Adormecer nos braços de um pai ,
ou num colo de mãe....
Rezar pro anjo-de guarda ...
Pedir pra não crescer .... ser anão !
Guardião da Branca de Neve ....
Sem príncipe, madrasta
e maça envenenada ,na questão !

Gracias , meu anjo-de-guarda !


Convido minha criança , solenemente , a contar estrelas , comer pipocas , e a dançar ciranda , na Pça da Sé ...
Convido todos .
Vamos trocar figurinhas , dançar cantigas de roda , ouvir e inventar estórias , que falem de fadas ... Aquelas que modificam a vida , como um café solúvel , nas águas ferventes.
"Dizei , senhora viúva , com quem tu hás de casar ... Se é com o filho do Conde ou com o Seu General..."
-" Eu não quero esses homens ... porque não são para mim ... Sou uma probre viúva ... triste , coitada de mim ".
Pêra , uva ou maça ?
Quem está na berlinda ?
Os nossos sonhos ?
Os nossos desejos ?
Os nossos pecados ?
As nossas dores e amores ?
Catei carrapetas no Parque Municipal , me lambuzei de sorvete e outras porcarias ;
rodei , rodei, rodei ...
Fiquei tonta , sonolenta e saciada ...
Desejei ser adulta , livrar-me das tarefas escolares , namorar , casar , e ter uma fila de meninos. Todos com a cara do pai ... claro !
- Aquele que de certo chegaria , num cavalo branco... De porte e gestuais romântico /aristocrático.
Ora , ora ... Nem conclui a infância , e o perfil do homem dos meus sonhos , já se perdia , noutros moldes ...
Nem príncipe , nem sapo , nem sábio , nem nobre ... apenas um Dom Quixote !
Depois , quando tudo é passado ... Cadê o gato ?
Nas ruas solitárias , vagueio até a praça ...
Nenhum vira-latas ...
Cadê Napoleão ?
Engraçado , como alguns sonhos continuam intactos.
Vamos brincar de circo , de anel , de cinturão-queimado ...
Quero achar minha alegria , escondida por aí...
Vamos lá , meninada !
Brincar de poetar , filosofar ...
- Troco um picolé de cajá por uma bala de anis !

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Boa noite !



Boa noite !

Esperando o sono chegar ,
entro aqui , entro acolá
Espio o mundo da varanda ...
Só um pedaço do céu
me espreita de lá
E hoje ?
Entrei ouvindo Fátima Guedes ,
e me derreti toda
Com essa voz de quem comeu sapotis
Crato sem carros de som
Crato quente , escuro e chato ...
Hoje perdi minha sogra
- Subiu , e deixou guardado em mim ,
um sorriso de mãe ...
Cadê o povo ?
Term Sport x Vasco
na Ilha do Retiro
Um dia vou gostar de futebol...
Ainda e até hoje ,
prefiro bacalhoada com azeite virgem
Ei , do Vale ...
Cadê o povo ?
Vamos parar , no coreto da Praça ?
Esperar a banda passar ,
a boemia voltar ...
Hoje eu queria cantar ...
dançar com os olhos ...
até madrugada chegar
Não trouxe café ...
Faltou pó
Trouxe doce de buriti
uma caneca , e quartinha
Não me fales nas altas do dólar...
Sem comentários políticos ...
Vamos nos alienar nesta noite
Uma trégua , eu suplico !
Cantemos juntos ,
uma canção do GIL!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Dona dos meus olhos



Por que me escondes o olhar ?

Um olhar que esconde ,

esconde alguns...

Fica claro

como o sol é forte

E as luas ?
Sedutoras

nunca ofuscam

Convivem com as estrelas

embelezam um céu ...

sem escuros !


Não quero a posse

desejo apenas

um cruzar dos olhos

Cruzar implica em bordar

perigo , pergaminho , linho ...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Vermelho cetim






Todo plano é flexível,
sem vontades explícitas
É secreto o que brota ,
em toda palavra dita .


Labirintos ...
neles me perco
acabo saindo pelos buracos de cima
Sou um cisco , no canal dos teus olhos
Sopra-me ou incorpora-me ?


Dia reflexivo
Aí você chegou ,
quebrando o meu sigilo

Gosto do outono
tem cheiro de fruta
Prefiro as doces ,
as vermelhas ...
Nada a lamentar ...
Fico aonde estou ...
Aceita um licor ?

Tudo grave
acaba despencando do céu
Não quero chuva de afetos ...
Quero um pingo !


Mutantes , nas metades
No fixo , eternizados !
Estive pela bola sete
O giz fugiu
a cerveja esquentou
meu taco quebrou ...
Um tiro se ouviu ...
Fogos de artifício ?

Dia de São Francisco







O dia 4 se aproxima .
Adianto-me , quando conto um fato . Adianto-me ,quando pago a conta .
É como um parto : contar , pagar , encontrar o dia seguinte , sem pendências contábéis ,afetivas ou existenciais .Todos os dias , uso a velha matemática , e tento deixar a vida bem equacionada ... ou quase !
Existe um cofrinho cheio de mistérios. Ele nunca revela o que recebe , nem quanto dispôe para retiradas... Ele é mágico. São Francisco é o guardião da chave .Um Santo que distribue , mas repôe , assim acredito !
Há 6 anos atrás , na boca da noite , sentei- me na Pça Alexandre Arraes , aonde marcara um encontro . Meu coração desejava a reconciliação, mas nem sabia , sequer imaginava , o desfecho da minha intenção. Chegou capengando , falido emocionalmente , com medo e espanto no olhar. Chegou , segurou-me por inteira , tirou-me do mundo e de todos ... E assim , um tempo a mais virou chances , vividas por mais adiante !
Há 5 anos atrás, enquanto a procissão passava , eu desejei um reencontro. Sou insistente , quando quero bem (só quero o bem ) !
E lá voltei , e lá fiquei do entardecer até o sorriso da noite , quando a primeira estrela piscou , e a lua nasceu... Ninguém chegou , e a minha espera também se ocultou.
Hoje já nada espero , nem posso , nem quero ... Todos os dias , imagino velas , iluminando o inconsciente coletivo .Uma corrida de luz , entoando canto. Meu coração se aperta , e implora fé aos céus .Não gosto dos sermões , ritos , e de nenhuma ou qualquer religião .Quando eu tinha 14 anos escutei a célebre frase de Marx : " A religiao é o ópio do povo ".
Pensei e internalisei ... Tornei-me livre pensadora ( mas adorando os meus santinhos) .
Oração é canto silencioso ...
Quando o dia amanhece ou termina, preciso das cores da manhã , e sons da natureza , que compôem hinos.
Dia de São Francisco...
4 de outubro de qualquer ano...
O santo " doido " de amor ...
- O Santo da compaixão !
De sandálias franciscanas,
saltos de "perua " no lixo ,
encaro a vida !
- Que Êle nos fale ,
esse grande poeta religioso ,
como se fóssemos pássaros !

Outubro - Por Socorro Moreira





Outubro é velhice
Dias lentos e conscientes
desapaixonados , sem planos ...
de saúde , de vôos ...
pagando a mensalidade da paz ,
no jardim dos mortos.
Outubro dos atos inocentes
parabéns bestial...
"Nesta data querida " ...
Quem disse que o tempo quis ?
Outubro vermelho ...
Mês do rosário
e de todas as contas ,
fechadas e abertas ...
Até passar por todas as feiras
e comprar o peru ,
que deve ser contado.
Família grande ou pequena ...
Uma ave , uma árvore ...bastam !
A vida é seca ,
enfeitada com bolinhas coloridas
Algodão é a neve do sertão !

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Leitura de uma separação ...







(Para um amigo)

Chamo-te ,
quando o pensamento
nos afasta ...
Teu canto agora é calado .
Acompanho-me das músicas
Eu tinha a musa que perdi ?
Encorporo a energia do teu copo,
do teu prato ,
a imagem no espelho do quarto ...
Falo por tua boca ,
pintada de cassis
Chama de amor
Som inaudível
Parece grito
Soluço , no susto ...
Constato de vez ,
que você partiu
Acendo mais de 40 cigarros
Inalo venenos ,
quase nem respiro
Em cada trago ,
mato esta vontade ...
Sair do passado
Abraçar o atalho,
que separa a vida .
Que importa se o dia é de sol
ou noite de estrelas ?
Escuto uma chuva insistente ,
molhando a minha cama ...
Como se saudade ,
fosse uma goteira.
Nos sonhos,
Você chega...
-Suspiro de alívio
O torpor do dia ,
outra vez ataca
Anoitece , ananhece ,
e essa dor não passa !

Tempo ...
Cura esta lembrança
Costura esse vazio ...
Me joga outra vez
na estrada ...
Um dia ,
a felicidade me acha !