domingo, 31 de maio de 2009

Caetano Veloso no Cariri - Por Socorro Moreira



Eu prefiro ficar em casa.
Sair pra ver e ouvir Caetano Veloso é outra conversa. O sacrifício de encarar a multidão , tão natural nos meus tempos carnavalescos , valeria a pena ...E valeu !
Estou quase invisível , mas contive as lágrimas pra não dar bandeira. ( Elas nos tiram da invisibilidade).
Foi quando ele abriu o espetáculo, lembrando Paulinho da Viola .
Foi quando cantou "Trem das Cores" , e eu vi a minha própria vida passando , num "data show".
Eu procurei o menino Caetano naquele sorriso , no movimento jovial do corpo , nos olhos, nas mãos...E achei um homem e um artista muito mais lindo...Todo pronto !
Interpreta o que diz ...Magistral , sensível e convencidamente !
"Eu sou Neguinha" ... Grande performance !
"Volver" , na sua interpretação é arrepiante !
"Não identificado" ... Uma explosão , um "boom" , no coração.
("...que ainda estou sozinho, e apaixonado...". Essa fidelidade amorosa , apaixona-me !)
Gosto do Caetano sem nenhuma restrição . Já sabia disso.
Gosto muito mais agora , quando numa das suas músicas ele diz :
"Ainda posso ..."
Eu também penso que não posso ,quando posso ainda, quase tudo !
E que seja assim!
Amei o " Desfecho " da noite .
O presente tomou conta de mim !

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Esconderijo da flor - Por Socorro Moreira





Podemos nos achar por amor, e de tanto amar, nos perder.
A promiscuidade amorosa é isenta de pecado...Culmina-se no amor maior!


Tenho uma emoção especial para cada pessoa que conheço,
mesmo àquelas que não vejo ...
Uma delas está no meu limite , na cauda do meu arcoíris.


Quando o sentimento não se desgoverna ,
fica coberto de mistério.
Quando explode, vira cinzas !


O amor contido , expande-se no silêncio ...
E no silêncio faz a festa.
Sopra ventos parados
Gera fagulhas, que depois se apagam.


Gosto da solidão ...
Persigo-a em todas as minhas eras
Nos intervalos , espalho o meu olhar
Alcanço nas órbitas, os afins e alguém mais.
Liberdade é alcançar, soltar,sem desgostar.
Estou farta nessa tarde...
O alimento das palavras
Deixa-me solta no ar !
.
Beijar é incompatível com cantar...
Mas nada é incompatível com sonhar.
È defeituoso o ser que não sonha...
Que não deseja, nem sente...
A morte mais sofrida... È em vida!
.
Uma pérola...
Nem é negra, nem é dela...
É da ostra que a guarda...
É da praia que a espera!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Meu Pedaço de Rua - Por Socorro Moreira


Se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar..."


Uma travessa entontecida ,
quando fico de lá pra cá
É quase o fim e o começo
É esse , o meu endereço.
Daqui avisto a Igreja
Escuto o badalar dos sinos
A voz do Padre
A reza dos fiéis...
Daqui não saio
Daqui alguém me tira
Um dia...
No amanhecer ou entardecer.
Agora é hora do ângelus
O silêncio é fato
O astral é fado...
Todo mundo se entoca
Pra tomar café
Pra ver TV
Ou pra fazer o quê ?
Cada pessoa que passa
É como um ovni ...
Capto o sinal de vida ...
Sinto-me abduzida
Por essa fauna,
que parece flora...
E o meu pensamento colhe !
Deus do céu...
Protege essa tarde morena
e silenciosa ...
Protege os passos e pensamentos
De quem por ela corre...
Lenta, absorta
ou devotadamente

Nunca dizer : Fiz uma Poesia - Por Fábio Brüggemann



Uma das coisas mais irritantes no uso da língua portuguesa – além dos cacofônicos “a nível de”, “estaremos enviando”, “eu enquanto sujeito”, “pretender objetivar”, “neste sentido” e outros vícios acadêmicos – é quando um pretenso poeta diz que “escreveu uma poesia”. O leitor tem todo o direito de não saber a diferença entre poesia e poema, agora, faz favor, poetas com livros publicados e tudo, associados a academias de louros e letras, fundadores de pseudo-grupelhos autodenominados livres – como se quem não pertencesse a seu universo fosse necessariamente preso – não têm direito de confundir poesia com poema. E como quem não quer nada, tentarei aqui explicar ao leitor (e me corrijam se eu estiver errado) a diferença entre uma coisa e outra.
O poema é o objeto, a espinha dorsal, a forma, o emaranhado de palavras antes de seu sentido, o significante a espera que o leitor atribua seu significado, o molde das idéias (porém, não as idéias), a caixa silenciosa que fala, o truque da língua, o cimento, a estrutura, a maquinaria textual, enfim, é tudo que lembra a fábrica, o concreto.A poesia não está apenas no poema. Reside nas películas a 24 quadros por segundo, nas xícaras que mexem da Fernanda, na música, no teatro, no olho da mulher que adora a palavra , e sobretudo no amor que sinto por ela, na intenção, no que se quer dizer antes que se diga, na estratégia, no pensar e no falar, na cor do miolo da boca, num filme de Godard, na tela de Edward Münch, nas coisas que não dependem de descrição, na intenção, no tudo que é abstrato.Aquilo que realça de preto no branco do papel é poema, o que se compreende disso é poesia. O que está impresso nos livros de poesia é poema, mas não é poesia. Pode se dizer “a poesia de Fernando Pessoa”, coisa bem diferente de se dizer “o poema de Fernando Pessoa”. O que se pode decorar é poema, o que se guarda sem se lembrar é poesia. Portanto, aquilo que se escreve é o poema, e ele pode ou não conter poesia, e a essência do que se desprende dali é o que se pode chamar de poesia. Faz tempo que não escrevo um poema, apesar de ter prometido a Vanessa um que fosse ruim, para que ela coloque na caixa de um projeto gráfico igualmente ruim. Tarefa tão inglória quanto escrever, talvez um bom poema. Mas, como diria o poeta Marco Vasques, não sou habilitado para falar de poesia e de poemas, porque sou ex-poeta, apesar de procurar aqui e ali uma poesia qualquer no meio dessa prosa porosa que é o mundo. A poesia está para a prosa, assim como o amor está para a amizade, cantou o poeta que nunca publicou um livro de poesia e que nunca escreveu um poema. Prova maior de que estas coisas se têm nomes distintos, devem ser mesmo diferentes.



Fábio Brüggemann


Perto, bem perto.

Uma pergunta que muita gente faz para quem escreve é de onde vem a inspiração. Antes de responder, sempre digo que a priori não creio em inspiração. O que já é uma resposta. Se não creio, como poderia saber de onde ela vem? A idéia da existência de uma musa que sopre no ouvido os versos já prontos ou de que o escritor é um sujeito passível de ser inspirado é muito antiga. Por conta disso, fica difícil desassociar escritor da idéia de musa. Escrever não é uma atividade comum, não exige curso superior, e a densidade escritor por metro quadrado é bem pequena. Para saber escrever é preciso, antes de mais nada, saber ler. Isso vale para qualquer atividade humana. Ninguém decide ser ator sem nunca ter ido ao teatro. Dificilmente um sujeito opta pela arquitetura sem ter se encantado com alguma forma, e por aí vai. Ao que chamam de inspiração, nada mais é do que uma espécie de memória afetiva, que vez ou outra surpreende com alguma imagem, ou idéia. Mas ela não é estranha, estrangeira, ou venha de fora de nós. Só podemos escrever sobre aquilo que conhecemos. Nem sei, na verdade, porque estou falando sobre isso. Talvez seja a famosa embromação, doença que acomete cronistas de vez em quando. Não por falta de assunto. Eles não faltam, basta abrir os jornais, caminhar no calçadão, ouvir uma conversa no café sem que os que falam percebam, ler um livro, enfim, conhecer alguém. Poderia falar sobre os dias lindos que têm feito, sobre o friozinho bom. Assunto nunca falta. Até mesmo a falta de assunto é um assunto. Mas tem dias que tudo fica meio entorpecido. Dá vontade de falar sobre nada mesmo, apenas sentar no banco da praça e contar quantos passantes têm blusa amarela, quantos usam anéis, ou no que está pensando aquela senhora com sacolas na mão e passo apertado. Vontade mesmo é de fechar os olhos e sentir o calor do sol, não dar nome às coisas, apenas querer ter nascido pelo menos vinte anos mais tarde, para que qualquer diferença não fosse sentida, não causasse confusão, e querer ficar perto, bem perto. Tão perto que nem o fio da luz do sol consiga passar por entre os corpos.



Fábio Brüggemann

Insone - Por Socorro Moreira




Um movimento insone ...

Um jeito insano de varar a noite

Eclipse mental

Ensaios de luz

Holografias ?

Eu pensei , você chegou !


E a sinastria ?

A intersecção é o conjunto União...

Um diagrama luminoso como a lua cheia.

- Os elementos são estrelas !


Versos são pingos do céu

na minha rosa calma

Dançam nas entrelinhas

Acalmam sentimentos

Mergulham paixão dentro de um tempo

Escapam do momento sem perdão.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Contemplação - Por Socorro Moreira



Eu espreito :

Um caminho sem chegadas...

Nem por terra , nem por mares


Expurgo de gavetas

Colheita de novas trovas

Resíduos das trovoadas


No esconderijo do tempo

eu percebo as presenças

de tudo que foi negado

Pego as coisas no meu colo

com meu olhar de cansaço

Umas parecem tão novas ...

Outras estão rasuradas.


Se a mão está no queixo

O coração tá parado

procurando algum sinal

nem que venha lá da praça

Lá na Sé vão coroar

Como em todo mês de maio

Nossa Senhora da Penha.

sábado, 23 de maio de 2009

Dor de amor - Por Socorro Moreira


A dor de amor está no choro e no riso

É dor querida ( sem masoquismos)

Impossível amar

sem aperto no coração

ora lato , ora abençoado

Depois de lamber a ferida

a gente transcende

Ama de novo

até doer a alma

Há um prazer místico e erótico

nesse processar divino ( amor)

e

humano ( a dor ) !

Claude Bloc X Socorro Moreira

A dor de amor está no choro e no riso...
Sempre no momento preciso
É dor querida (sem masoquismos)...
Como um pacto, um delírio (sem qualquer egoísmo)
Impossível amar
sem aperto no coração
ora lato , ora abençoado...
Impossível querer, sem a dor, a emoção ...
ora noite, ora dia
Depois de lamber a ferida
a gente transcende...
Depois da agonia ...
toda chama se acende
Ama de novo
até doer a alma...
e volta a querer...
quando a dor se acalma
Há um prazer místico e erótico
nesse processar divino ( amor)...
nesse divino querer
e
humano ( a dor ) !

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Vida após Vida - Texto de Bemvindo Sequeira




Sempre pensei que ia morrer cedo. A luta armada, a clandestinidade, aventuras, promiscuidade, orgias, riscos... Tudo me levavaa crer que não chegaria aos 30 anos. Para quem tem 20 anos, quem tem 30 já é coroa. Tomei um susto quando vi-me vivo e saudável aos 30. Aos 40 percebi a possibilidade real da morte. No dia do meu aniversário quarentão, um jovem ator de 24 anos perguntou como eu me sentia: “Agora?De frente para a morte.” Para minha surpresa foi o jovem quem morreu logo depois. Aos 50 apaixonei-me pela letra de Aldir Blanc na voz dePaulinho da Viola: “Aos 50 anos, insisto na juventude...”, isso enquanto percebia meu ângulo peniano caminhando para os 90 graus. Mas,antes dos 60, a pílula azul alargou minhas possibilidades e possibilitou-me ver o sexo por ângulos mais estreitos.

Agora estou além dos 60. Aos 40 rezava pela alma dos mortos amigos e parentes. Nome por nome eu pedia ao Senhor. Hoje, são tantos os que caíram, que apenas peço “pelos mortos em geral”. E mais uma vez espanto-me por estar ainda vivo, e consolo-me no Salmo 91.7, que diz:“Mil cairão ao teu lado e dez mil à sua direita, mas você não será atingido.” Mesmo confiando na Palavra, ainda assim caminho embaixo de marquises pra São Pedro não me ver.

Ainda estou vivo, e pra quem pensou que morreria aos 30 descubro que existe vida após a vida. Mas o preço do viver é muito alto para o jovem de hoje: tem que comprar apartamento, arranjar um trampo,ganhar dinheiro, ficar famoso, comer todas, bombar no iutube, malhar,casar, ter filhos, comprar carro, estar bronzeado, conhecer tudo de web eainda ir ao show da Madonna, entre outras miudezas.

Após os 60 você já está quite com tudo isso e pensa que vai viver em paz. Qual o quê: tem que tomar insulina, antidepressivos,rivotris, controlar a pressão, não comer açúcar, não comer sal, não fumar, não beber, se conseguir comer uma e outra já é uma vitória, tem que caminhar ao menos meia hora por dia, cuidar do joanete, dormir cedo,vender o apartamento, fugir da bolsa, não discutir no trânsito, não se alterar no caixa do supermercado, tolerar os filhos, agradar os netos,ficar calado diante da mediocridade, aceitar o salário de aposentado, ter o testamento em dia e curtir todas as dores ósseas, nervosas e musculares porque se algum dia você acordar sem dor é porque está morto.

Claro que o idoso tem suas vantagens: uma delas é a transparência. Quanto mais velho, mais transparente você se torna. Chega a ficar invisível: ninguém mais lhe percebe, mais um pouco e nem lhe enxergam. Mas pode passar à frente dos jovens nas filas todas, com aquele ar de superior: “Você é jovem e sarado, mas eu tenho prioridade.” E ante qualquer aborrecimento ou dificuldade você ameaça infartar ou ter um AVC. Funciona sempre, todos logo se tornam gentis e cordatos, e é garantia de muitas meias e lenços como presentes no Natal.

Lidando com a minha “terceira idade” ouço de meu psicanalista, o bom Luiz Alfredo: “Só há dois caminhos: envelhecer...ou o outro, muito pior.” Prefiro envelhecer, aceitando cada minúsculo“sim” que a vida me dá com uma grande alegria e uma grande vitória.Hoje, quando encontro vaga num elevador de shopping, quando o banco está vazio, ou quando encontro promoção na farmácia, já considero uma bênção gigantesca e agradeço a Deus pela graça alcançada.

Após os 60, como no filme de Brad Pitt, regrido na existência, deixo Paulinho e a viola de lado e reencontro Lupiscinio:“Esses moços, pobres moços, ah, se soubessem o que eu sei.” Mas se soubessem não ia adiantar nada: porque a sabedoria é filha do tempo. Como diz o amigo Percinotto, também idoso: “O diabo é sábio porque évelho.”

Pelo andar da carruagem, percebo que já morri muitas vezes nesta vida, e que viverei até fartar-me.



* Bemvindo Sequeira é autor, ator e diretor de teatro e TV

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A poesia de Everardo Norões e Batista de Lima - Por Socorro Moreira





A semana passada abasteceu-me de poesia.
Recebi RETÁBULO DE JERÕNIMO BOSCH (Everardo Norões) e
O SOL DE CADA COISA (Batista de lima)
Foi como se eu tivesse feito uma grande feira no Carrefour, e começasse a produzir o meu alimento, compulsivamente.Graças à leveza da poesia não morri de indigestão. Muito pelo contrário, saboreei cada verso, no seu tempero inusitado.
A gente entra na alma e no coração do poeta, esbarrando na gente, nos sentimentos até então guardados ou inviolados. Sensação de plenitude . Pra que escrever mais versos, se aqueles ofertados começam a cantar e dançar dentro da gente?
Ler a poesia que a gente não concebeu é uma forma mental de participar do acabamento, de internalizá-la no blog das nossas lembranças e impressões.
Meu olhar e coração estiveram com Everardo Norões e Batista de Lima.
Silencio, diante dos dois.


sábado, 16 de maio de 2009

À Poesia de Pachelly Jamacaru - Socorro Moreira




Declara cores
Abre a porta do invisível
Abismal encanto

Esbarro nos eus conhecidos
Eus inocentados
Enrolados nos fios da vida
Pontes de retorno
Espaços, e asas pra voar

A poesia é casada
com todos os grãos do universo
Mesmo assim não trai
Mesmo assim , a quero !

Troca aurora por crepúsculo
Troca e retroca beleza
Perde amores ,acha cores
Perde tempo , acha rimas
Troca o dia por um sonho
Troca o sono pela vida

O carma do poeta é ficar cego
pra tocar em todos os mistérios.

Em reverência à Pachelly
Fiz o pão do meu dia
com o trigo da palavra
E no forno da emoção
Ganhei o cheiro de pão
e o dourado da poesia.

domingo, 10 de maio de 2009

Minha tia Auri - Por Socorro Moreira


Ela é como um cacho de florzinhas azuis...
Personalidade forte, e ao mesmo tempo, a mais doce de todas as criaturas.
Hoje é dia de falar em mãe. Falo da minha mãe, todos os dias. Falo com a minha mãe, quase toda hora. Ela sempre será meu tudo... Um tudo que eu divido com a metade do mundo... Dos que nasceram antes, e depois de mim.
Tia Auri está na mesma circunferência dos meus afetos filiais. É a imagem da única tia, ainda viva, com todas "as lamparinas acesas ", na alma e no juízo!
Tão parecida com a minha avó Dadinha... ( Sou parecida com ela, quando estou sensível à vida!)
Acolhia-nos em Mauriti, nas férias das nossas infâncias e adolescência. Vigiava-nos, ensinava-nos, e nos cobria de mimos.
Fazia merenda para os nossos namorados, comprava discos de Roberto Carlos, e conosco cantava a trilha dos apaixonados.
Tinha um sexto sentido que o tempo não deve ter gasto... Muito pelo contrário, continua aprimorado!
Adivinhava o que nos faria feliz, e tentava expurgar na raiz, o que poderia nos machucar no presente, e no futuro... Obedecíamos-lhe!
Pra essa mulher amorosa, romântica e, absolutamente maternal, eu entrego flores de carinho, lembrando-lhe o quanto é importante como filha, tia, mãe, avó, bisavó, irmã, sogra e cunhada.
Tia Auri e seu doce de goiaba; suas receitas de lasanha; seu doce de leite, no tacho; seus sequilhos, pamonhas, canjica... E a cesta de frutas comprada, na feira do sábado.
As lembrancinhas nos nossos natais e aniversários... E o entendimento maior dos nossos corações
Encantados. Ainda hoje sinto vontade de visitá-la para confidenciar minhas paixões sempre infantis... Pelo menino da esquina; pelo seminarista que ficava no banco da praça; pelo colegial fardado, que ganhava os meus suspiros, quando eu estava acordada.
Tenho a mais maravilhosa de todas as mães... Dona Valda!
Tenho a sorte de ter uma tia... Como tia Auri!
Que Deus abençoe, nesse segundo domingo de maio, todas as mães do Planeta!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

I'm In Heaven - Por José do Vale Pinheiro Feitosa



Para o encanto desta noite ouvindo velhas canções americanas na Rádio Chapada do Araripe. E com vocês loas de janeiro de 2003 ao velho Fred Astaire, no Cheek to Cheek de Irving Berlin, flutuando com Ginger Roger pelos salões dois-a-dois que não mais existem:

Estou no céu,contigo pela mão,
lufadas sobre nós,paraíso verdecido.
Flash de flores em cores,
silvos do "bico-de-prata",
universo migrando desejos,
à nossa frente, livre a prometer.
No céu para sempre.

Mas se o celífluo cessar,
consumindo desejos feito chama,
procurares-me e nem sombra houver,
não praguejes da eternidade rota.

A ausência que não devia,
vazio no que seria imortal,
não é capaz de finalizar meu grito,
contigo, no céu para sempre.

O céu eterno e infinito,continua intacto,
se estamos ou não permaneceremos
,eterno é somatório de intervalos,
infinito continente dos fragmentos,
de modo que o céu nos contém.

Quanto a nosso amor eterno,
eterno será, se vivos sempre somos,
tal qual eterno, se finitos formos,
pois não haverá saudades ou esperas,
se contudo a morte nos igualar,
e eterno, já que momento exato do desejo,
como o amor, portanto, sempre será.

Nas duas situações:
Eu estou no céu.

José do Vale Pinheiro Feitosa

P.S.Texto postado no Blog do Crato.
Não resisti ... Copiei !