domingo, 28 de setembro de 2008

Prelúdio para encontrar gente grande



"Filósofo é ingrato como todo ser humano ".
O poeta canta a dor que o filósofo assanha ...
O poeta cala , quando sente a dor ...
O poeta fala , quando a dor se cansa ...
O poeta só conta , depois que a banda passa ...
Aí , resta a lembrança da dor ...
O poeta pode ser nostálgico ?
Poesia , matemática e filosofia ...
bem romanceadas ... retrata ,
literalmente , a vida ...
Se soprar -me com força ou levemente ,
eu me disperso ,
e fico na companhia de muita gente !
Precisamos nos encontrar num noturno ...
E num prelúdio ,
dançar a valsa do encantamento !

sábado, 27 de setembro de 2008

Invisibilidade




Água com açúcar ,
e um final feliz.
Discordando do destino ,
escorregaram de mim ...
"Chuvas de verão " ,
o que dejesei "Por toda minha Vida ".
Não morri ... nunca morremos
Apenas sofremos ...
eu , você , e o mundo inteiro !
Separação ...
é o desmoronamento de uma construção.
Implosão e explosão ...
Bomba , no coração !
Rosas no início... rosas no fim
O amor nasce e morre tantas vezes ...
Agora cismou de chegar com outra capa ...
- A capa da invisibilidade !
Tremem as palavras , quando ele aporta ...
Tremem , se aquietam e partem ...
Depois , voltam !

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

De cabeça pra baixo , de alma elevada !


Parece uma carta do tarot
arcano XII
sacrifício voluntário
iluminação
signo do meu dia !
Crístico , judaico ...
Nada quero comprar ...
Passaporte pro céu ...
Duvido !
Consciente momento ...
A partir do caos ,
tudo se organiza ...
Arcano VXI
Perdas ...
Expurgos necessários !
Rasgo tudo
faço doações
crio espaços
realoco a vida
faxino sentimentos
Os que ficam ...
Todos brilham !

Primavera




pólen das minhas alergias
coloridos dispersos
praças , jardins , cemitérios
primavera perene
flores de plástico
vida em frascos
Não gosto !
Vivaldi ....
Som da primavera ,
toma conta da casa
sem flores para regar ...



quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ara , coração







Quando ando pelas ruas do Crato

olho e vivo em dois planos.

"A mesma praça , o mesmo banco ..."

E nas minhas fotografias ,

o passado é conta - corrente;

o presente é contra-corrente ...

e o futuro está num trecho comum...

ali perto do Colégio Diocesano , certamente !

Talvez não fique por lá ...

Talvez antecipe o São João ,

e me desfaça em cinzas ,

como na manhã do dia 25.

O tempo é misturado

O coração é limpo ...

Os desejos são tão simples ,

que eu arrisco o querer...

Quero tudo de belo ,enquanto existo !

"Agora só falta você"...

A Sé do meu coração tem um sino que chama...

Tem a chama !

Velho amor ...








"O doce é traça da diabetes "
E o sal ?
Affffffe , vivo nos limites do doce e do sal ...
parcimônia total !
Mas volte , "Totonho" !
Algo de bom sempre fica ...
Existem árvores e vinhos ,
que se prevalecem do tempo ...
E o coração ?
Aprende a amar com mais paciência ...
Os velhos são ternos...
Mais ternos do que irritados
São lagrimosos , e apertados de saudades ...
São lentos e delicados ...
São arfantes e sonolentos ...
Amam com elasticidade ...
Amam doce , e icondicionalmente !

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Aurora



Todos os dias , ela me acorda ...
Perfume da manhã , inconfundível ...
Vento brando , som de passarinhos
Frescor de flor , se entreabrindo
Depois vem o sino ...
passos de gente na calçada
acordes de um violão vadio
assobio do boêmio ...
Pawvarotti , Ave - Maria !
E eu entrego a Deus mais este dia
que reine a paz ...
Mosteiro coração !

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A palma da mão - Socorro Moreira


Livres , tocáveis
Nada guardam
Recebem e doam
Mãos que tecem ,
mãos que teclam ,
provocam , curam
Mãos unidas ...
conquistam !
Mãos calejadas ,
suaves ...
Mãos molhadas ou
ressequidas pela idade ...
Mãos dos enamorados ,
entrelaçadas
Mãos do encarcerados ,
acorrentadas ...
Mãos que furtam ,
mãos que matam ...
Mãos de fadas ,
e de prostitutas ...
Mãos que afagam ,
mãos que apedrejam ...
Mãos de crianças no berço ...
Mãos de mulheres ,
que rezam o terço ...
Mãos que imploram ,
que dançam ,
gesticulam ,
acenam ...
dizem adeus ...
Mãos de Deus !

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Poligamia Poética - Socorro Moreira



Um brinde à vida
Sobretudo aos encontros
Significativos ou não
Em cada esquina um susto
Virtual e real ,
completam-se no mundo !
E a rede de afetos se fia
em cada poema ,
em cada pena ...
o lume do amor , se irradia !
O entusiasmo poético
é força criadora ...
a quântica paixão é fato ...
quando versos ,
mesmo sem destino ,
acontecem !
Estamos todos plugados ,
numa teia luminosa
de encantos !
- Um par ...
quando poderiam ser tantos !

domingo, 14 de setembro de 2008

Pé na estrada



Adoro uma sombra
Seguir caminho
achar o lugar que desconheço
Adoro não me perder
chegar sem cansaço,
sem adormecer...
Não tenho malas
o zero é sempre o ponto
da reta que numerei ...
Afinal , no dia "D" ,
nada levarei ...
E assim exercito partidas
Partindo sempre ,
desde que nasci .

Azul lilás


Pão amanhecido
forno , cheiro ...
café coado ,
estômago cheio .
Pensamentos em crise
rédeas , impedimentos
Leveza na alma
alegria na mesa
Balanço de rosas
folhas caídas
amores e toques
amanhece
e anoitece a vida...
O que sonhei ,
que sempre esqueço ?
Pássaros cantam ...
São livres !

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Jardim do meta-verso



Tenho medo do mato

do escuro das noites...

medo do perfume

que exala...

medo das cobras ,

e até das formigas

que me traçam ...

medo de tudo que se mexe ,

quando o vento bate...

Me encolho nas noites

e em sonho me desembrulho,

me lanço no perigo da madrugada....

Encontro rostos...

vivos , no meu encalço ...

Amanhã tem uma nova ,

e uma velha história...

Afazeres , deveres...

Cadê aquele dia ,

em que tudo , ainda podia ?

Meu caminho passou a ser sozinho

As nossas asas não nos levam a nada ...

a estrada morreu ...somos rastros !

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Retrato Falado - Homenagem ao grande escritor e amigo José do Vale Pinheiro Feitosa

Estou no quarto elemento

Já me senti rocha

Já fui mar...

Já fui derrubada pelo vento ...

e agora me queimo, nos meus

vinte e cinco por cento ...

(Porque todo sentimento

é vitalizado pelo sol!)

Agora sei porque não escrevo

porque as palavras

nem escorregam , nem chegam...

Sei também porque não fotografo ...

Quem escreve

encontra a luz no diálogo ...

Agora já sei

que não preciso chegar ...

Depois de um retrato falado ,

Toda luz do mundo ,

chegou aqui , vai parar !

Sei também

que não preciso voltar ...

Nada deixei por lá...

Fui abduzida...

Simplesmente , seduzida !

Percorro meu sonho de entendimento

numa " bicicleta" da cor do vento ...

e nas miragens do tempo ,

entro e saio ,

sem que me achem !

Meu inconsciente tomou a frente

Minha vida é cristal

dissolvido pelas águas ...

Os ventos me penetram

com toda suavidade ...

Já não temo a tempestade ...

nem o mar da ansiedade.

Tudo já foi sem ter sido

Tudo

nunca deixou de ser

porque é !

" O sono do silêncio.

Sem sonho , deixou de ser ".

Agora é quase fim de tarde ...

ainda tenho duas madrugadas

pra ler você .

Nem sei

se és da terra ou das águas

Se dos ares ... ,

ou o fogo te faz criar

Acho que és a grande síntese

de tudo que no mundo há !

Uns são espelhos ...

Outros

fragmentos de nós mesmos ...

E o amor ,

precisa ser inteiro ,

no banquete elemental

de toda natureza !

É "bonzim" ...

um baião com feijão verde ...

temperado com queijo ...

manteiga da terra ,

manteiga do reino !?

Um pargo ao termidor

com camadas de bananas...

desperta instintos e fome...

cria o vazio no estômago ...

Sabores do mar...

sabores da vida...

Quero aquela janela

e o teu " olhar panorâmico " ...

Não quero a posse ...

sequer do nada

não quero a posse...

Salve , a liberdade !


Muito Estranho (Cuida Bem de Mim)
Dalto
Composição: Cláudio Rabello / Dalto


Hum!

Mas se um dia eu chegar

Muito estranho

Deixa essa água no corpo

Lembrar nosso banho...
Hum!
Mas se um dia eu chegar
Muito louco
Deixa essa noite saber
Que um dia foi pouco...
Cuida bem de mim
Então misture tudo
Dentro de nós
Porque ninguém vai dormir
Nosso sonho...
Hum!
Minha cara prá que
Tantos planos
Se quero te amar e te amar
E te amar muitos anos...
Hum!
Tantas vezes eu quis
Ficar solto
Como se fosse uma lua
A brincar no teu rosto
Cuida bem de mim
Então misture tudo
Dentro de nós
Porque ninguém vai dormir
Nosso sonho ...

Abençoado amor : José do vale e Teresa Maria .

domingo, 7 de setembro de 2008

Sete de Setembro 2008


O dia amanheceu silencioso. Calaram-se os tambores !
Ontem , passeando na rua do comércio , dei de cara com a Parada do dia 7 . Foi tudo muito rápido ... Umas poucas escolas municipais. Crianças e Pré- Adolescentes... Senti uma pena tão grande ... Eles estavam pagando o maior mico , e nem sabiam !
Olhei as professoras ... Será se também sabiam ?
Será tudo aquilo , espelho dos nossos dias ?
Espelho da Educação ,Cultura , Administração do Município , etc, etc ...
E do resto do povo (me incluo ) , totalmente omisso .
Risível ... Simbolismos e alegorias. Tudo muito pobre e ridículo.
Por um segundo , vislumbrei outros momentos setembrinos , naquela mesma avenida... Estudantes com fardas de gala , Tiro de Guerra ...Todos os Colégios Municipais , Estaduais e Particulares , em desfile ...
As bandas bem ensaiadas , em cima das suas marchas.
Balisas glamurosas... Tudo lindo... lindo... lindo...
Era a cidade mais pobre...era a cidade mais simples... mas era tudo solene e de extremo bom gosto ! Entrei pra tomar um suco , numa lanchonete , e vi que as pessoas não corriam pra ver a banda passar... Senti um desgosto !
Beijo aquelas carinhas inocentes ... Mando cânfora para os pézinhos cansados de um desfile , que podia ser diferente ...
Eita , ainda é cedo ... Acabo de escutar o som da Banda Municipal... Parece um desfile solitário... Um som longíncuo!

sábado, 6 de setembro de 2008

Um dia todos desencarnaremos para sermos imortais... - Texto de Jose do Vale Feitosa - Foto Nívia Uchôa



Nesta semana que termina o blog entrou pelo veio da cultura com alguns temas que são da cultura pois cultura é, no meu entender, a maior expressão da política. A própria estética é o aperfeiçoamento da política. Falo em política no sentido real da palavra, polis, portanto falo em pluralidade. Como face da mesma unidade, a cultura é expressão da pluralidade. Então a que textos, ou melhor, a quem me refiro. Ao Carlos Rafael e ao Bernardo Guimarães quando um diz não gostar do teatro e o outro da música. O Rafael é mais explícito, escreveu um texto mais longo, deixou-me com a sensação que se referia a um determinado teatro, a uma espécie de esgotamento do gosto estético para o teatro que hoje se pratica. O Bernardo, não, não gosta de música e pronto.
Agora para dar sentido ao título. Aliás, o título é do Dihelson Mendonça num comentário a um post do Salatiel dando notícia da morte de Waldick Soriano. Este título é um bom motivo de debate. O Dihelson se destaca por severa crítica ao forró eletrônico e o faz junto a certo consenso. Aí é que politizamos o tema pela estética. Ou seja, uma opinião, um sentimento, a manifestação de um gosto, numa roda de pessoas já faz parte da pluralidade. Deixou de ser uma referência individual. O comentário do Dihelson, se não viajei na maionese, é ironia pura. Todos nós, depois de mortos, viramos palavras de elogio. Ou seja, imortais.
Ao que vem a questão política? Na música. O teatro, já é uma questão de salão, depende de ingresso e o povo não tem dinheiro para freqüentar. Mas a música não, inclusive o cinema e a novela, pois foram universalizados, ou quase, pelos veículos das telecomunicações. Então a música no Brasil, a indústria fonográfica aqui e no mundo todo, é uma indústria que produz para classes sociais. Não é possível negar que o diálogo e a expressão em cada classe é legítimo, que os ganhos estéticos são aperfeiçoamentos de classe, portanto elaboração política de natureza social e econômica. Por isso é que existe a música popular e a música de classe média em relação a tal indústria. No primeiro tipo a história mostrou o forró, o sambão, o brega, o sertanejo, o axé, o forró eletrônico e por aí foi. No segundo o samba canção, a bossa nova, a MPB, rock nacional e seguiu.
A chamada música clássica, ou instrumental, até mesmo de influência jazzística tem conteúdo de classe, mas não participa da grande indústria. É restrita a salas, teatros, saraus e para um público que requer uma certa especialização. Para gostar, para ter uma relação estética com esta música é necessário participar do "meio", dedicar-se às audiências e audições. Por exemplo, é muito incomum que novos ricos gostem deste tipo de música. Aliás, como tudo é conteúdo de classe, não é incomum que "novos ricos" tendam, como memória de origem, para o estilo popular.
Portanto a crítica na cultura, quer queiramos ou não, é política. Não é possível um discurso universal, por sobre as classes, pois uma vez que tem uma origem de classe, é neste ambiente que se faz compreender. Nada impede que como existe um humano além de tudo, que os canais se encontrem. Isso pela questão histórica, afinal todos viemos de um momento histórico em que nossos antepassados se dividiam e se encontravam. Este comum é um pouco do mito nacional e isso tem muita importância na atualidade.
Enfim, a estética só deixaria de ser o que é, uma expressão política, se não mais existissem classes sociais. Os socialistas e comunistas acreditavam que era possível uma sociedade sem classes, portanto não temos, a não ser por referências teóricas, como enxergar este momento. Mas certamente a cultura pode atingir uma expressão planetária e se tornar universal. Neste momento não será mais uma expressão de classe não se tem como se referir a uma arte como qualidade, gosto, afinidade ou outro sistema classificatório qualquer. A arte será a representação da relação da humanidade como o seu planeta e com a sua história.

Postado por José do Vale Pinheiro Feitosa , no Cariricult

"Luzes da Cidade "







Mesmo as cidades do interior...
Elas não dormem nas madrugadas ...
apenas piscam os olhos !
Também sou assim ...
Andarilha de corpo e alma !
Misturo-me com todas as luzes e sons
Vago o pensamento , vivo encontros...
Vida paralela ... que não almoça , nem janta
Mas é sempre muito intensa !
Acordei com "Chicago" , na telinha....
dormira com a TV ligada...
Amo os musicais!
Meu livro de cabeceira , desde ontem ...
é PARACURU de José do Vale...
Já no comecinho , me deu uma fome desgraçada
de ler tudo de uma vez...
de comer todas as letrinhas...
aquelas que magicamente contam fatos
poética e interessantemente !
Agora mato a minha curiosidade
de saber , o que seria no futuro aquele menino...
No que será , será... virou gente
E da melhor qualidade !
Mas eu entrei na pauta
foi pra falar dos Ecos e seus Narcisos.
Do chapéu , cigarro e boleros de Waldick.
Voz sempre solta ,
nas madrugadas da minha adolescência...
"Night and Day".... Amplificadora de todos os bairros...
Bar Guanabara , Bares do Gesso ,
Praça da Sé , dia santo e feriado ...
Serenatas de jovens apaixonados ...
Um jornal de ontem ,
que se repetiu até ontem.
Waldick desencarnou , e a voz ficou.
Não chorei ,como chorei por Orlando
Mas revivi pequenos dramas ...
Waldick nas minhas trilhas sonoras
de muitas das minhas histórias !
"Esta é a noite da minha agonia
é a noite da minha tristeza
porisso eu quero morrerrrrrrr"
É incrível como se deseja a morte
nas perdas simbólicas ...
Justo na hora , que mais desejamos vida!
Eu quis morrer de mentira ,
quando perdi todos os meus amores ...
Morte das células amorosas
Morriam carinhos em botão ...
Carinhos que ainda aflorariam !
Até que um dia...
Nem esperança , nem choro , nem paixão...
Mas pensando bem...
Ainda tenho amor no coração...
Pra ser vivido...
perdida e apaixonadamente ...
Como um brega do Waldick !

Socorro: as nossas dimensões são tão maiores que nossas carnes que por vezes nos imaginamos alma. Na falta de um outro conceito, dizemos coração, aquele momento da vida que dialogamos com algo que parece além do tempo e do espaço. De qualquer modo falamos sobre estes substantivos pois nos sabemos mente, mundo, vida. Vou contar uma coisa que você talvez não soubesse. Aquele sítio em que vivi até os 18 anos me deu além de uma família patriarcal e de algum modo patrimonialista, me deu os moradores, os meninos e meninas filhos dos camponeses e pelos quais virei um igual. Com mais conforto e melhor futuro, mas um igual. Nunca os via como inferiores, eram irmãos de leite, os pais severos como os meus, e nós uns pequenos capetas como são os camponeses. Adorava deixar o povo da urbe em dificuldade no meio rural. Deixei muito primo, amigo e colega em dificuldade rural. Agora ao que queria e me desviei: numa certa época um primo que morava com a minha avó, montou um serviço de alto falantes na batateira. Inscreveu o serviço na compra de discos e todas as semanas chegavam LPs em quantidade. Os títulos: Lindomar Castilho, Waldick, Orlando Dias, Rosemary, Núbia Lafayete, Vanderléia e iam assim e desse modo. O empreendimento era tão primário que não tinha empregado e imagine que era o locutor? Este que vos fala. Abria e fechava, era um momento ótimo, fugia dos estudos, juntava gente a beça, vendia oferendas de música, fiz baile ao vivo com alguns músico da batateira. Inaugurei alguns cantores locais e inventamos até radio-novela, no caso radiadora-novela. Tinha música de abertura e de fechamento das emissões. Afinal junto ao bairro popular que surgia, penetrei no mundo de classes sociais. Na música brega até a medula deste mundo que como você diz nesta poesia se encontra muito além das nossas carnes.Obrigado pelas referências.

06 Setembro, 2008 21:08

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

As mulheres da minha geração


As mulheres da minha geração

É o único tema em que sou radical e intolerante, no qual não escuto argumentações:As mulheres da minha geração são as melhores e ponto. Hoje têm quarenta e picos, inclusive cinqüenta, e são belas, muito belas, porém também serenas, compreensivas, sensatas e, sobretudo, diabolicamente sedutoras, isto, apesar dos seus incipientes pés-de-galinha ou desta afetuosa celulite que capitaneiam coxas, mas que as fazem tão humanas tão reais. Formosamente reais. Quase todas, hoje, estão casadas ou divorciadas, ou divorciados e recasadas, com a intenção de não se equivocar no segundo intento, que às vezes é um modo de acercar-se do terceiro e do quarto intento. Que importa? Outras, ainda que poucas, mantém um pertinaz celibatarismo e o protegem como a uma fortaleza sitiada que, de qualquer modo, de vez em quando abre suas portas a algum visitante.Que belas são, por Deus, as mulheres da minha geração! Nascidas sob a era de Aquário, com a influência da música dos Beatles, de Bob Dylan, de Lou Reed, do melhor cinema de Kubrick e do início do “boom” latino-americano, são seres excepcionais. Herdeiras da “revolução sexual” da década de 60 e das correntes feministas que, entretanto, receberam passadas por vários filtros, elas souberam combinar liberdade com coqueteria, emancipação com paixão, reivindicação com sedução.Jamais viram no homem um inimigo, apesar de que lhe cantaram umas quantas verdades, pois compreenderam que se emancipar era algo mais que colocar o homem para esfregar o banheiro ou trocar o rolo de papel higiênico, quando este tragicamente se acaba, e decidiram pactuar para viver em dupla, essa forma de convivência que tanto se critica, porém, que com o tempo, resulta ser a única possível, ou a melhor, ao menos neste mundo e nesta vida. São maravilhosas e têm estilo, mesmo quando nos fazem sofrer, quando nos enganam ou nos deixam. Usaram saias indianas aos 18 anos, enfeitaram-se com colares andinos,cobriram-se com suéteres de lã e perderam sua parecença com Maria, a Virgem, em uma noite louca de sexta-feira ou de sábado, depois de dançar El raton, de Cleo Feliciano, na Teja Corrida ou em Quebracanto, com algum amigo que lhes falou de Kafka, de Gurdjieff e do cinema de Bergman. No fundo de suas mochilas havia pacotes de Pielroja, livros de Simone de Beauvoir e fitas de Victor Jara, e ao deixar-nos, quando não havia mais remédio senão deixar-nos, dedicavam-nos aquela canção de Héctor Lavoe, que é ao mesmo tempo um clássico do jornalismo e do despeito, e que se chama Teu amor é um jornal de ontem. Falaram com paixão de política e quiseram mudar o mundo, beberam rum cubano e aprenderam de cor canções de Silvio Rodriguez e Pablo Milanez, conheceram os sítios arqueológicos, foram com seus namorados às praias, dormindo em barracas e deixando-se picar pelos pernilongos, porque adoravam a liberdade, algo que hoje inculcam em seus filhos, o que nos faz prever tempos melhores, e sobretudo, juraram amar-nos por toda a vida, algo que sem dúvida fizeram e que hoje continuam fazendo na sua formosa e sedutora madurez. Souberam ser, apesar da sua beleza, rainhas bem educadas, pouco caprichosas ou egoístas. Deusas com sangue humano. O tipo de mulher que, quando lhe abrem a porta do carro para que suba, se inclina sobre o assento e, por sua vez, abre a do seu acompanhante por dentro. A que recebe um amigo que sofre às quatro da manhã, ainda que seja seu ex-noivo, porque são maravilhosas e têm estilo, ainda quando nos façam sofrer, quando nos enganam ou nos deixam, pois seu sangue não é tão gelado o suficiente para não nos escutar nessa salvadora e última noite, na qual estão dispostas a servir-nos o oitavo uísque e a colocar, pela sexta vez, aquela melodia do Santana. Por isso, para os que nascemos entre as décadas de 40 e 60, o dia da mulher é, na verdade, todos os dias do ano, cada um dos dias com suas noite e seus amanheceres, que são mais belos, como diz o bolero, quando está você.
Que belas são, por Deus, as mulheres da minha geração!

(*)Do escritor colombiano Santiago Gamboa -Tradução livre de Luiz Augusto Michelazzo

(*)Especialmente para Socorro Moreira (a foto que ilustra a postagem foi tirada do seu blog),
Glória Militão, Andréa Mota - Graça, Rejane e Lúcia - Amanda, Carlota, Valdete, Socorro Sidrim e outras mulheres maravilhosas que guardo no meu coração.


Postado por LUIZ CARLOS SALATIEL no Cariricult

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Metamorfose






Tudo se transformou
da noite pro dia ...
Turva natureza
casa vazia ...
Meus sonoros pigarros
de repente , calaram ...
Isso é vida ou utopia ?
Vou viver no preto e branco
mais uns anos...
Dizem que o gosto
melhora um tanto ...
Que o faro fica
insuportável ...
e que o cheiro do corpo ,
atiça novo encanto...
Eu quero água....
Água das nascentes
pra lavar o que ficou guardado
Meu sonho adormecido ,
embotado de fumaça ,
agora se espreguiça ,
apagado de saudade !


P.S
9 dias hoje , que nos largamos; 360 beijos nos poupamos !
Eu me amo ?

O sol , no girassol.




A natureza é cheia de sóis ...
O céu se veste de todas as roupas ...
- A mais bonita , a gente enxerga ,
com o coração feliz !
Hoje , a tarde esteve deslumbrante ...
Tirou meus olhos da terra
Jogou meus olhos pro sol ...
passeando em nuvens,
prontos para o happy hour .

Confessa , meu amor,
que te prendi no pensamento ...
nessa tarde , nessa noite , e até agora ...
na madrugada que acorda ? !
Pintei nossa estrada
por entre pedras e vales ...
Beira de açude ,fiz morada ...
Muro caiado de branco
Trepadeira pink , pink
arrodeando a varanda
Um pilão , um fogão
e um pé de manjericão .
Você nunca chegou da roça...
Nunca trouxe milho pra fazer pipoca ...
Emprego do vento
é balançar pensamento ...
A paisagem fugiu na velocidade das horas
Carrego na lembrança
gente que não vejo ...
Pesado presente
tão esquecido de mim !

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Chique






Existe algo mais chique do que se perguntar por uma amiga e sermos informados: foi para Fortaleza. De férias. Mas poderia ser Recife, Salvador, Rio, Buenos Aires, Santiago do Chile ou a caminho de Compestela. Hoje as distâncias estão curtas como as turbinas a jato que alinhavam imensas distâncias como plissados. As decisões de viajar são tão banais como ligar um celular. Mas mesmo assim, saber que alguém aqui deste interior de seiscentos quilômetros adentro de qualquer parte do arco litoral do nordeste, foi para lá, é chique demais.
Pois então, as páginas do Cariricult perderam a poética da Socorro Moreira para os recessos existenciais do dolce far niente litoral. È muito chique, a Socorro e algo empobrecido o blog regional. Mas de qualquer forma, como diria um bom capitalista, o trabalho é a energia do progresso. Por isso é que a contemplação até já virou trabalho. O Paulo Coelho ganha uma montanha de dinheiro com sua alquimia, que transforma magia num rio que flui, assim como as igrejas neopentecostais, para as mesmas contabilidades.
Mas tem outras coisas. E o Domingos Barroso? Será que o corpo e as entranhas que cantam também se deixaram ensoalheirar-se nas areias ruidosas dos verdes mares cearenses? Mas será que alguém me diria se temos um candidato a vereador em plena campanha? Sei que tem um dom de vaqueiro especial, sempre aumentando o rebanho do Carricult mas discretamente postando. O Salatiel é um artista pleno, ele é a própria estética destas fusões que juntam a idade da terra com a ação do tempo. Muito antes da Socorro ir para o litoral, deu-se a escassez do Carlos Rafael no pedaço.
Mas os queixumes não se resumem ao conservadorismo dos postadores iniciais. O Cariricult tem uma dinâmica, a partir destes mesmos veteranos, que inovam letras e idéias como uma árvore que frutifica até mesmo fora de estação. Foi assim que o Antonio Sávio, o Bernardo, o Antunes Ferreira, entre mais alguns abriram as portas do mundo. Mas não deixa de ser muito chique saber-se que alguém foi para Fortaleza.





Postado por José do Vale Pinheiro Feitosa às 22:42 , no Cariricult








Socorro Moreira disse...



É claro que escutei meu próprio riso ...É chique de doer ser lembrada por um poeta-amigo ,renomado , que mora no Rio de Janeiro , e ainda vive de férias em Paracuru.


Chegar ou sair já me parece singular...


Aposto nas estradas...Se o pacote de viagem inclui um por-de-sol, um nascer de lua , aí já melhora muito!


Sete horas na estrada , pra vencer 600 km... Um tempo de cantarolar João Nogueira , Paulinho da Viola , Chico e Caetano...Um tempo de passar o filme da nossa vida... Um tempo de não pensar em nada... Ficar zen, e apenas contemplar a paisagem.De repente, a contagem regressiva ... faltam 40...30....20Km... Chegou !


Já vejo a Aerolândia , e já sinto os ares do mar. Amanhã eu vou !


Dia seguinte fui. Sentei bem na beiradinha da praia. O sol morrendo , e a noite chegando... Areia suja de plásticos , e objetos não identificados... E o mar bem quietinho...Nem verde , nem azul... Cinza prata !


Inesperadamente , chegam muitas estrelas de uma vez , e a gente atordoada , pega o rumo de casa. No caminho uma parada pra tomar sorvete. Ainda enganamos com doce gelado de sapoti, as dores da praia , e o próprio desamparo .


Da janela do Apartamento , a paisagem é de concreto armado...Desarmo os meus olhos, e corro para cá... Terá no Cariricult um poema novo de um dos meninos ? - Meus irmãos encarnados em poesia... Língua afiada... inspiração florada... inteligência espertíssima. Safra de todos os tempos... - Adega Crato !


Chique é poder conversar com vocês nesta sala , do jeito que a gente quer...Estirados em preguiçosas ou redes... Tomando café , água de coco , vinho ... Um " Rubi" até que é chique !


Chique é voltar pros meus travesseiros , e encomendar novos sonhos...Sentir o hálito da madrugada , e beijá-la !


Depois de 35 anos estou há 8 dias sem fumar , sequer um cigarro. Chique demais esse hálito de canela e casca de laranja , que veio bater em mim...Com ele , beijo vocês !