quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Para minha Mestra : Claude Bloc


Meu olhar é sedento ...

Estou à mercê dos ventos ,

sem proventos.

Em todas as minhas encarnações

trabalhei os números...

Quero a redenção

Haverá tempo ?

Se Claude me ajudar

quem sabe eu furo o ciclo ...?

Pego carona na cauda dos poetas ,

e vou parar no céu que imagino :

Poesia , música... e um cineminha !

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Poesia, pra que te quero , no azul dos versos ?

Ousei dialogar com um dos nossos monstros sagrados...
Deus que me perdôe !
Ré confesso-me...
Claude me advogará ?
Quero a sentença...
Estudar para aprender a brincar !



E me vem você com poesia numa hora desta? (Zé do Vale)

(Depois de ler o Diário , assistir na TV o jornal Nacional ...) (Socorro)

O mundo é muito belo sob o olhar entorpecido da poesia!

(As manchetes dos jornais são reais
As dores são tumores... crescem ,
e precisam de morfina.
Tem qualquer coisa mais forte
além de um poema ? )

A poesia é como uma injeção de Diazepam,
faz você ver as desgraças de modo lindo.

(Fala da saudade ...e o que passou , já passou ...
Só a lembrança ficou)

Só funciona como poesia mesmo.

(E sem poesia ?
O qeu fazem os meus olhos no vazio ?
Céu escuro , sem estrelas ...
Com quem falam os meus olhos sem centelhas ?)

No mundo real, a coisa é bem diferente.
E se não houvesse celular ?

(Os poetas entram em sintonia...
Falam e escutam por telepatia)

E se a incerteza discar teu número e
teu olhar de dúvidas se turvar no redemoinho
do que poderia e não foi
ou do sabido e não conhecido?

(Na incerteza o certo é paralizar os dedos
Não discar...se enquadrar
Atender a voz do coração ,
que disca de um canto onde mora a emoção )

E se a necessidade destas notas musiciais que
soltastes nas tuas práticas de amor
pelas transversais capilares daqueles leitos e concertos,
qual movimento salvarias da inanição
com a audiência de um simples toque?

(A música não alimenta o corpo
Ela fortalece a alma
E se não existe alma...
Ela acalma os sentidos...
Eles se entorpecem de notas e melodias
Já ouviu falar em música-terapia ?
Salva do silêncio
Levita no esquecimento...
Funciona como UTI ...
Último Tango -em Paris ou alhures ...
Instiga-nos ! )

E se não houvesse a identificação?
E se não houvesse o celular?
Veja tu que tão somente regras para instrumentos,
enquantos nós,deste lado de cá da linha,
nem um suspiro ouviremos.

(Os suspiros são analfabetos ,mas dizem...
Lembra aquele filme ?
"O vento não sabe ler"... ?)

Ao que ainda mais perplexo,
uma ligação não identificada:
Como já dizia Mitonho:
se o mundo fosse de poesia,
a neurastenia não seria matéria do comportamento.

(O mundo é mito
poema é lírico
Sem mitologia
como estudar a simbologiada vida ?
Poesia é aeração ...)

Mas se pelos detalhes fossem notas musicais
aquilo do mundo de relação,
ouviríamos uma música metálica e irritante que
tu mesmo escolheu em teclados minúsculos,
só para deblaterar contra a poesia
e os poetas benzodiazepínicos.

(Poesia , deixe os poetas em alfa , beta ,
lâmbda, ômega ... Seja vingativa !
Apaguem todas as velas , inclusive a do luar ...
E que os céus os protejam !)

Como já dizia seu Lunga:
ainda me vens com poesia?

( E como diria Seu Lunga
Vá cutucar onça com vara curta ...
Assovie , declame Neruda ,
cante uma sereia...
Antes que ela te enfeitice !)

Musos e Musas- Romance sem casa - Casas no infinito




Claude e Socorro, eu já disse:

É a mesma pessoa morando em corpos diferentes.

Só mudam de roupa.

Se fossem gêmeas siamesas não pareceriam tanto...

Vocês nem se completam,

precisam de alguém que as complete!

E quem será esse alguém ?


Claude Bloc disse...


Dihelson,

Todos temos musos/as...

Talvez nem nós saibamos

quem há de completar-nos...

são desígnios de Deus.

Mas bem que eu gostaria de ter essa tampinha

preenchendo todos os espaços de minhas emoções...

Mas, como já falei um dia,

os príncipes debandaram e resta-nos o sabor de ontem,

adormecido apenas, mas com um olho insistentemente

perscrutando o futuro...



Socorro moreira disse ...


Dihelson ,


Os príncipes não se disfarçam em sapos

Se disfarçam em menestréis ...

São poetas ...

Almas delicadas , e sensíveis.

A qualidade de sentimento que oferecem

É infinitamente superior aos amores de hoje em dia

Com a alma preencheida de poesia

Somos amantes da arte

Vivemos uma núpcia poética :

Eu , Você , Do Vale,

Claude , Sávio , Domingos ,

Leonel, Rafael ...

Cada poema entendido

Aliança o mistério do amor

sonhado , e em versos decantado !

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O Baile


A primeira música do baile
inquietava os nossos passos
Uma vozinha interior nos dizia:
Não posso olhar ,nem estimular ...
Menina direita não se mexe na cadeira
A indocilidade nos levava à toilete
Pra retocar o batom , disciplinar o coração
E o moço tímido , o par nunca desejado
é quem pagava o pato:
Estou cansada , não sei dançar ...
Na pior das hipóteses
um bolero lhe concedíamos
De nuca tencionada ...
Face a a face , nem pensar !


O outro - o desejado

distante era acompanhado ...

sempre embevecido ,

no brilho de outro olhar.
A última canção

era o sufixo da esperança
Outro dia , outra dança ...
Em casa , leite de rosas na cara
E o sono da própria ilusão.
Canções em tons baixinhos
serenatas pras vizinhas

alguém se punha a cantar


Nunca mais vivi tamanha magia

O farfalhar das sedas

a sensualidade , no meu vestido vermelho

Minha morenice , meu jeito intimidado

de negar o que eu sentia

Por todos os sonhos ...

Cadê aquele baile , aquela valsa ,

aquele sonho ?

domingo, 14 de dezembro de 2008

Aquieta-te em mim ...


A sintonia fina é o mote maior para o que está ocorrendo nos Blogs de Crato. Socorro Moreira, então, tem a poesia na alma e sente, no enredo da vida, as entrelinhas da alma. Ei-la que escreve e se inspira. Eis o sopro, o alento que apascenta as agitações e os silêncios.
Silêncios , recreios
invento e recrio o amor,
enquanto penso.
windows
abro e fecho
encanto e desencanto
se alternam
retenho o som
busco o oásis
que já vivemos
Sentimento adormece
Depois acorda ,
e escova os dentes
Mordisca o desejo
como fruta fresca
E a tentação
faz o gosto voltar
no apito do trem
Aquieta-te em mim ...
não contritamente
Moras nesse 3 x 4
loteado em mim
O tempo é sempre pleno
quando expandimos o amor
que a gente sente!
Por Socorro Moreira - sobre o texto "Silêncios" de Claude Bloc

Um tempo único , sem medidas de felicidade ...


Entre os 13 e 18 anos
Vivíamos
Chorávamos e ríamos
Todas as manhãs
vestíamos a mesma roupa
ouvíamos as mesmas aulas
Assuntos repassados ,
alguns até ficaram ...
Olhar puro ,
mesmo aquele
de cabeça baixa
vírgulas ponteando a amizade
Vivi todas as reticências
Acordei sonolenta
madrugando um problema
que era apenas matemático
Quebrei tantos óculos
usei candieiros
Insistia no ponto
que a vida exigia
A intenção era única
O sentimento comum
Estudar, terminar....
Casar de branco
Como lírios do campo
e lua de mel
copiada do céu
Rostos registrados
Sons e letras
na pureza de um sonho ,
Hoje conquistado !

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Nos tempos do verbo


Sensível
a qualquer tipo de carinho
sorriso , mimo ...
Rostos distantes
parecem contas
de colares partidos
olhares , bocas ...
pérolas escapadas de mim
Sem adereços
esqueço endereços
acendo velas
ilumino lembranças
fragmentos visíveis
O vento traz
o vento leva
a onda traga
espuma de amor
...saturada !
Entreguei os pontos
sem checar os trunfos
meus ases, meus ais ...
num jogo comum
E se todos chegassem ,
num apelo coletivo ?
- Eu ficaria contigo !
Se o tempo voltasse
eu dançaria a valsa dos meus 15 anos
Pediria uma bicicleta no Natal
Nadaria nos rios poluídos
Do Crato até Ingazeiras ...
E naquele trem , naquele dia
Teria te visto primeiro
E naquela festa , naquela dança
Me apertaria em teu peito
E naquela noite , naquela praça
te entregaria os meus olhos.
Donzelas de saltos finos e meias desfiadas
se avermelhavam
quando a brisa do amor passava
Guardavam cadeiras no cinema
pro moço que não chegava
Choravam em convulsão
por Francisco e Santa Clara.
Tremores nas mãos , em dias de prova
Disparos no coração , quando recebiam nota
A chatice
de provar o vestido novo
que ficara torto
A vergonha de vestir
o traje antigo
com mancha de caju
na altura do colo
A barra da saia desmanchada
O sapato de sola desgastada
as meias de algodão afolozadas
E o coração na boca
todo atrapalhado
As cartas de amor nunca postadas
promessas tímidas
desejos contidos
orelhas pegando fogo
retrato em 3 x 4
na bolsa ou no livro
um trevo de 4 folhas
pra garantir o destino
Queríamos correr no tempo
e o tempo nos pegou
Deixou-nos
aonde estou !
Senhora - vó
Querendo comer maça
Pecar contra o que não fez
Ser feliz sendo o que quis !

domingo, 7 de dezembro de 2008

Diálogo poético - "Duplix" - Socorro e Nicodemos




Tão difícil responder (cor-responder) seus versos... (João)
...Difícil é te achar em (di)versos ... (Socorro)


passarinho piou distante no cafezal...
a menina buscou, procurou,não achou...
quem te viu?
bem te vi!
...Bem-te-vejo !

Ai ai ai, de tanto ai acho que vou ao Paraguai...
...Aprender Guarani , comprar Ballantines
quem canta bem seus ais
não só os seus, canta...
canta de muitos mais
....E ainda toca:
... Sax no assobio
...Rabeca nos sentidos...
...Viola na inspiração...
...Violão no coração

Depois de Cecília, com sua licença,...
você é minha Poeta preferida!!!
...Depois do Mário...
...( um certo ariano )
...Sussuana e Quintana...
...Nicodemos me encanta !

Samba


Encontros desperdiçados

Cartas , promessas ...

Recusas sem razão

Enfim , a compreensão !

Quando você desistiu ,

eu corri na frente

Eu lhe encontrei

antes do destino

Surpresa , obstinação

Cortei caminhos , e o meu coração

Pássaros em diversos ninhos

salgueiro , mangueira...

E na quarta-feira

Tudo ficou cinza.

Adormecido


Parei de transformar

números em flores

Números são adubos

letras são flores.

Parei de te chamar

reclamar , vigiar ...

Parei de te esquecer

Adormeci teu amor

no leito mais secreto

Faço silêncio

Deixo ele sonhar !

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Exaustão




Aperte os cílios
Sopre o desejo
Alcance o pedido :
um amor verdadeiro !
Uns prometem
Outros acontecem ...
Todos passam,
num ciclo irreciclável.
A paciência de esperar ...
que o tédio amanheça , e anoiteça
até o amor ficar !
Eu já passei da idade ...
Antes , eu não tinha idade...
Quando a idade eu tive
brinquei de amar
E amei tão seriamente ,
que o amor
morreu sufocado
da minha própria exaustão!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Vigília - Claude Bloc - Ousei exercitar um "Duplix"- Marinheira de primeira viagem , encurto um longo caminho!







Faço vigília, (Claude)

... Vigília é viajar no silêncio (Socorro)

Fico acordada o quanto eu puder

... até extrair sentimentos

Já me livrei das saudades

Já me desfiz das lembranças

...Mas ficou um pedacinho

....que eu entrego pras estrelas

...que sabem guardar segredos

Mas te peço outra vez:

Não invadas mais meus sonhos

Com essa contumácia..

Contei estrelas no céu

Catei-as em meus pensamentos

Cantei para a lua,inspirei-me...

Senti os perfumes noturnos..

...Embriagada dos cheiros

Eu escrevi confissões

Já me recompus do medo

Segui passos em silêncio

E tratei todas feridas

Que me doíam por dentro

Fiquei sozinha, sem voz

Sufocando meus soluços ....

...Descobri que o meu riso

...adormecia chorando

E me voltas nestes sonhos....

Como se eu te chamasse!

Não afoguei minhas mágoas

Não tenho aqui tua mão

Mudei meu secreto rumo

...num labirinto encantado

...esbarro em teu coração

Macio, atemporal ....

Não invadas mais meus sonhos

Mais uma vez eu te peço:

Não me venhas mais, tristeza!

Que eu já desisti de tudo

...Soluço , recém- nascida

Sou feliz, sobrevivi

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Dezembro - Diálogo poético -(Duplix) - Claude Bloc





Diálogar poeticamente é possível quando por um momento as palavras calam e a alma alça vôo... É isso que vem acontecendo aqui e que torna possível esta sintonia literária.
Socorro Moreira compôs seu poema (em azul) e Claude Bloc entremeou seus versos (em vermelho) aos dela proporcionando um arranjo.

Mais um DUPLIX para vocês... Faça-os também.

Tenho muito gosto (Socorro)
de viver mais um dezembro.
Os mesmos sinos
As mesmas bolas
O mesmo ar de festa
em toda porta.
-----Tenho muito gosto (Claude)
-----De tocar os sonhos
-----Os mesmo sonhos
-----Que sempre dedilhei
-----E que hoje voltam
As ruas escancaram seus mistérios
Os perus morrem antes da véspera
Congela-se o gosto de ceia.
-----A vida conserva seus desígnios
-----Os seus conceitos
-----E cristaliza-se num só momento.
As árvores se enfeitam
-----Eu me enfeito
A cidade se aclara
de luzes que piscam ...
-----Eu me ilumino
Em tons de prata e dourado
morre o dia.
-----Eu renasço !
Noites quentes
buscam o retrato da neve
-----Dias mornos
-----Tangem meus pensamentos
Adultos brincam de rasgar papel ...
-----Minha alma brinca de soltar balão
na alegria de uma prenda.
Amigos se ocultam
----- Eu me mostro
numa brincadeira gostosa ...
e trocam mensagens , presentes
-----e trocam afetos, sorrisos
Vestidos , sapatos novos ,
-----abraços
esperam o niver
do mais famoso dos homens :
Cristo.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

No calor de dezembro


Os textos dos meus amigos novos e antigos , alimentam o meu dia a dia de novos sonhos.

Hoje acordei com vontade de reformar o mundo , antes do apocalípse. Deus não gosta de sucatas e velharias , disse-me um dia , um amigo. Inocente e distraidamente , pensei : Ai , Meu Deus , deixa-me viver as madrugadas , as minhas paixões, o encanto do mergulho nos olhos que me enxergam , e me desnudam. E o tempo passou ... Mesmo não traçando parãmetros , nem estabelecendo correspondências bi-unívocas , eu presencio e sofro as catástrofes do mundo. É uma dor , no meu coração que gosta do conforto do amor , e da poesia. Dr Valdetário , vamos descobrir uma fórmula matemática , que equacione os problemas da humanidade ? Como pagar os momentos de alegria e entusiasmo , nesses repetidos encontros , por aqui ?

Acho que os ventos da alegria também passam pelo presente , e rumam para um futuro, em conflito constante com os redemoinhos , que arrastam nossos sonhos , e os nossos anos.

A solidariedade nos faz feliz pela metade. A paz é um dom geral. Rezo por ela , e silencio o meu coração quando o fogo nos devora , e as águas nos arrasta.

O lirismo refresca as nossas feridas. São como línguas de gato , na nossa pele.E o amor , nele contido, pode ser transformador ?

Minha mãe sempre repete :" cá e lá , más fadas há". ..O jeito é misturar as emoções e buscar dentro da gente , um jeito de aguentar , o calor de dezembro !

domingo, 30 de novembro de 2008

Dezembro


Tenho muito gosto

de viver mais um dezembro.

Os mesmos sinos

As mesmas bolas

O mesmo ar de festa

em toda porta.

As ruas escancaram seus mistérios

Os perus morrem

antes das vésperas

e congelam , o gosto da nossa ceia.

As árvores se enfeitam

A cidade se aclara de luzes

que piscam ...

Em tons de prata e dourado

morre o dia.

Noites quentes

buscam o retrato da neve

Adultos brincam

de rasgar papel ...

na alegria de uma prenda.

Amigos se ocultam

numa brincadeira gostosa ...

e trocam mensagens , presentes.

Vestidos , sapatos novos ,

esperam o niver

do mais famoso dos homens :

Cristo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Socorro Moreira - por Domingos Barroso



Certa noite
um anjo me disse
e não era um anjo torto
quando estivesse eu em apuros
chamasse por Socorro
uma poeta do Crato
que vive com o coração nos olhos
e por onde anda deixa entusiasmo e valentia.
Após tantos conselhos e abraços
eu vi com esses olhos
-que serão estrume para uma orquídea
-uma lágrima escorreu
pelas faces do anjo
e não era um anjo medieval.
Calei-me,dormi sossegado
ciente que detrás da serra
não é lenda
um pote cheio de arco-íris existe.

Postado por Domingos Barroso
Mais uma lágrima no conta-gotas da emoção.
Um presente delicado de um anjo poeta .
Que lindo !

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

"Soneto - para Socorro Moreira "





Soneto - para Socorro Moreira

Desde que me pus a escrever, aos 16 anos, encantada com a musicalidade e o ritmo do soneto, com a formalidade de seus versos de rimas rebuscadas, passei a preocupar-me com as palavras e comecei a sentir-lhes a força e, também, o fascínio que exerciam sobre mim. Lia simplesmente tudo o que me vinha às mãos e sob os olhos , esses já inquietos e ávidos.
Ainda sou capaz de reproduzir um pequeno trecho de um poema que fiz sob a influência desse aparatado estudo sobre a poesia... Fiz o primeiro, tentei um segundo ainda tateando a melhor maneira de aplicar a teoria que aprendera. O tema já demonstrava as inquietações de uma adolescente que se de defrontava com sentimentos platônicos e amores irrealizados. Creio que a solidão alegada e sentida por mim a essa época da vida, denotava essa incapacidade que o jovem tem muitas vezes de assimilar o mundo de modo diferente daquele idealizado.
Aventurei-me, então, a encaixar meus primeiros versos naquela forma rígida que um soneto impõe: dois quartetos, dois tercetos, rimas encadeadas ou nãoe a mesma quantidade de sílabas (métricas) ... tudo isso ou tudo aquilo. Na primeira tentativa quase tudo rimava com “ão”: coração, emoção etc. etc. Eu mesma me convenci que estava feio aquilo. Perecia um eco, um trem apitando na esquina da vida... E assim, fui burilando as idéias e as palavras, lapidando o pensamento. Claro, minha imaturidade poética ou mesmo emocional não permitiam ainda que eu tivesse a capacidade de criar algo (quase) perfeito no campo da idéias, mas eram apenas os meus primeiros passos.
Meu tema era “solidão” como disse anteriormente. Ouso aqui apresentar a cria tal qual foi concebida naquele tempo: “Solidão // É o que sinto no meu peito agora / É o que fala a alma de quem chora / É esperar sempre esperar alguém. “ Este era um dos tercetos e todo o resto do soneto sucedia-se com rimas –ora/ -ora / -em / -em, porém não me recordo como se processou o restante do poema, com versos decassilábicos.Segui com afinco as orientações do professor de Português: o cuidado para que as palavras que compunham a rima não tivessem a mesma classe gramatical. “Agora” (advérbio de tempo) rimando com “chora” (verbo). Enfim, o cuidado e o esmero para que meu poema fosse funcional como soneto, foram o impulso primordial para que eu me iniciasse no caminho da escrita.O soneto perdeu-se por aí numa das mudanças que fiz. Restou-me a lembrança desse momento criativo e de como persegui o sonho de escrever.
Hoje deixei de lado a métrica de meus sonetos e consigo voar mais alto. Livre e sem rimas. Simples e sem rebuscamento exagerado. E se me ponho a amar em verso e prosa, posso dizer que nunca mais estarei sozinha e enfrentar a solidão.

*
Postado por Claude Bloc , nos Blogs Cariricult e doCrato

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O mel da vida





Os dias correm desavisados
Nada acontece por acaso
Uma dor só fica aguda
depois de muito aviso
O espelho delata a resultante
das expressões concebidas
Uma foto do futuro
mostra os lacos do passado
ou os excessos dos risos
Faltavam muitos
Agora faltam tantos ...
Não dá pra contar o que se vive !
A emoção é camuflada na ação
A sobra da emoção ,
mesmo em dose mínima
afeta até a alma ...
Praça iluminada
Rostos envelhecidos
Guardam no olhar , o brilho!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Depois do olhar , o entrelaçar ...



Em plena luz do sol
nossos olhos de fecharam
nossos corpos se atracaram
e as águas do mar
silenciaram.
Não sei por quanto tempo...
A noite terminou
O dia nos encontrou
Nossas mãos se despregaram
Seguimos outros caminhos ...
A poesia nunca se despediu
ficou voando
em tantos outros encontros ...
Falou , repetiu ,
e cansou ...
O tempo não tem culpa ,
se o momento
existiu , e não ficou !
Na eternidade
o amor
quando liga , não larga ...
Já fui no céu muitas vezes ...
Aprendi com os anjos
que o amor ,
vive de asas cortadas...
É sempre o mesmo enlevo ,
como um par de estátuas ...

Inquietação monástica




Quando não as tenho ,
invento-as !
Perdi a descompustura
que me fazia perdida
Perdi
faz poucos dias
O tempo é curto ,
mas se arrasta
Como os passos ...
Inconfiantes !
O calor de novembro
amolece, os ânimos
Sou ágil
quando busco nos munturos,
e em todos os buracos da terra,
uma fresta de luz !

sábado, 22 de novembro de 2008

Red Black, e um verso !


Veludo vermelho ,
azul ...
O mar dos teus olhos
luxúria nas dunas
Não existe pecado
na cópula das graças.
Enquanto falo da vida,
e vejo que tudo passa
também sinto o retornar
do muito que a vida traga
Traças não corroem
o doce da minha taça .

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ontem , Sophia nasceu.





Abriu os olhinhos na hora que chegou . Abriu, e chorou !

Minutos depois já havia tomado as primeiras vascinas , furado as orelhas , e já nos foi apresentada , toda de brincos. Procurei nossoss traços, desejei fazer a numerologia do seu nome ... Convoquei fadas madrinhas , nas atribuições dos condões. Terá pernas longas , pele morena , cabelos escuros e olhos de amêndoas.

Escorpiana com ascendente em Peixes... eita ! Não será nada prática , como a vó , que acaba sendo chata. Será arte ! Cantará , dançará , pintará o sete , nas telas do mundo... Fará poesia na vida , porque de outro plano , vou cutucar os anjos , para acompanhá-la , nos processos criativos. Ela parece que já nasceu sabendo que a vida é doída... mas a arte nos salva !

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A Rua Senador Pompeu





Lili Moreira , na esquina da Usina
com seus tangos , em contra-ponto
com os hinos da Igreja.
"Mano a Mano"...
"Oremos Deus " !

A distinta família Calou
Seu Calasans , Dona Mariquinha
e a prole numerosa ,
que eu adotei como minha :
Kleber ,Ênio , Chico , Flaviano ,
Fernando,Carlotinha ,Salete ,
Sônia ,Helenice , Socorrinha ,
Míriam e Verinha.

Bem pertinho dessa casa ,o salão Paroquial ...
E o Instituto São Vicente
um centro educacional.
Dona Anilda ,Dona Alda...
Lapidando com jeitinho
ensino fundamental.
Celebrando a alegria
tinha o Pe.Frederico
- Um mito !
Distribuía balas e pitos...
Sermões em brados e risos
Naquela escola-modelo ,todos nós nos conhecemos ...
Por um tempo ,ou por uns anos ,
enquanto dura , a infância !
Os filhos de Dr. Anibal ,de Eneida Figueiredo,
De Jeferson Albuquerque
e Letícia Figueiredo.
Dona Almina , Dr. Borges,
Raimundo Maia , Teresinha Pirão,
Hermano Teles , Paulo Frota,
Derval Peixoto , Ossian
Chico Alencar , Moreirinha
Seu Hubert, Edméia , Nemésio,
Os Teixeiras e os Higinos...
e outros que eu não lembro.
Quem não amaria uma escola
com parque de diversão,
campinho pra jogar bola
episcina ?...Mergulhos na ilusão !
Professoras como
Almerinda e Lúcia Madeira
Dona Célia e Nadir Brito
Severina Calou ( tão bonita !)...
Todas muito competentes,
nos ensinaram que a vida,
depende da base feita !
No expediente noturno
Adultos tinham sua vez
Um sacrifício bendito
apostado no saber.
As festas de São Vicente ,
glorioso padroeiro,
tinham quermesses e bingos...
Bebidas acondicionadas ,
no monstro das geladeiras,
que eram à querosene.
Sinto o gosto desse tempo
me animo nas lembranças
coloridos celofones,
envolvendo algumas prendas ,
que seriam leiloadas,
para apurar o dinheiro.
Valia tudo :
galinha assada, bolos,carga de rapadura,
cachos de banana ,sacas de arroz ,
e a voz de Célio Silva,
que bem se fazia ouvir.

No pedaço dessa rua ...
o oitão da nossa Igreja ,
e os famosos Oitis ...
A sombra da nossa paz ,
brincadeiras e folguedos,
e o gosto de ser feliz !

Um Hotel familiar ,vizinho a Seu Pitias...
Pai de Dr.Dalmir,de Derval e Seu Delcy.
Vizinhos da minha casa
moravam Seu Antonio Leite,
Maria e Dona Expedita...
Tia Didita ,como a chamava
Salete e Vera Leite.
De noitinha , a calçada
de gente se apinhava
Cadeiras enfileiradas,
acolhiam os namorados,
que namoravam direito!
A meninada , se esbaldava ...
na macaca , na corda,e na roda ...
parecia que sabia
que o tempo passa ligeiro!

Em frente à Juarez Távora ,
uma pequena concentração
de personalidades...
Rosa Amélia , Seu Orestes ,
e a pensão do Misael.
Misael era famoso
pelas mentiras contadas
Mas tudo inofensivo...
Mal a nada,nem fazia ...
Estórias de pescador,caçador ...
A gente nunca confia !

Mais na frente ,o antigo Clube Social ...
E a feira da rapadura ,da corda , e do sisal.
Casa do gerente das Pernambucanas ...
Sons de Charanga ...
Cadê Henrique,minha gente ?

A velha Pasteur,
sem olhar para o Banco do Brasil ,
e desconhecendo totalmente,
a Pague Menos e a Gentil!

Dona Mundinha Saraiva,
na cadeira de balanço,
quando era de tardinha ...
Parecia bem quietinha !

Siqueira Campos...
-A praça dos nossos sonhos !
Que inveja dos Lins...
Fernando , Luiza , Isavan ...
Moravam na sua beira ,
de longe ,a gente via !

Enfim , o quarteirão dos mais societes:
Dona Nadeje ,as Arraes...
Altanita Brito ,Ramiro Maia .
Seu Alfredinho , Seu Pierre ..
.A formusura das gatas ...
ou era das garças puras ?

A Penitenciária ...
A Praça da Sé ,e a rua acabava . ..

Um pouco de tudo
de uma ponta a outra ...

A vida se mistura
Como o melado da cana,
numa salada de frutas !

"A Bela e a Fera "


A mulher
doma com o olhar
o homem com os óculos
O homem encanta com o sorriso...
e se for safado ,
e se for de menino ...
A mulher entrega a boca
e o riso...
A mulher acolhe no colo
O homem acolhe no laço
E do colo ao abraço
é questão de um só laço !
A mulher se enfeita de fitas
o homem faz a fita
(ela aplica no cabelo ,
na camisola... ),
e a fita nas alcovas !
Os semelhantes
se misturam , nas essências
Os opostos completam-se,
nas diferenças ...
A fera em nós interna
Fica branda , fica terna...
Basta deixar
o coração falar ...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Nos ares do Lameiro- para Samuel Araripe.


(Esse texto foi encomendado pela minha mãe: Valdenora Moreira.)
Ossean e Moreirinha foram amigos , desde meninos , quando usavam calças curtas.Tornaram-se adultos , e a amizade persistiu.
Viajaram . Hoje certamente estão num mesmo canto, retocando o afeto,nos planos da eternidade.
Em 1954 , o Crato amanheceu espalhando a coqueluche em todas as casas.Ouvia-se uma orquestra de roncos e desafinos...A garganta e os pulmões nunca trabalharam tanto !
A Medicina , usava como terapêutica , mudança de clima. Meus pais cansandos das noites insones com o barulho rouco do tambor humano, entregaram os pontos.E aí a benção caiu do céu , e foi parar nas mãos de Dr.Ossean ( padrinho de Verônica , minha irmã). Acodiu-nos com uma casa no Lameiro , por tempo indeterminado , até que o sossego fosse restabelecido. Pra facilitar a nossa locomoção , nos emprestou um Jeep _ Ford 51 , e a chave ... Na caçamba , repleta de trecos , até tupi ,o nosso cachorro,encontrou espaço .
Botei o pé na terra . Fiz amizade nas redondezas ...
Eu tinha menos de 3 anos ,mas esse tempo de férias e de cura , nunca me saiu da lembrança.
O cheiro das mangas , o doce das siriguelas vermelhas ,o jatobá , que o meu avô Alfredo reverenciava , plantado na casa grande dos Araripe /Alencar.
Caminhava até achar umas levadas , aonde a gente mergulhava , mesmo sem saber nadar . O rosa das trepadeiras , as cercas , o bananal ... Bucólico cenário , que eu lia nos contos de fadas , e a minha imaginação compilara . Brinquei com as bonecas de pano , da menina do vizinho Fugia de casa pra lá , e lá ficava . Perdida num conto , que eu não sei contar.
Maria ... Quem sabe , ainda mora lá ?
E Dona Maria do Céu com aquela voz mansa e delicada era cúmplice da generosidade do marido. Comadre ... falava pra minha mãe ... As meninas melhoraram ?
O Ossean do meu pai nem era político , nem era rico ... Era sobretudo o nosso amigo !
Um ano depois veio a se eleger Prefeito do Crato. Enfeitou a Praça da Sé com um lago e patinhos ,deu uma ajeitada no Parque Municipal , nosso bosque oficial. Depois foi Deputado,deputado , deputado ... E a ponte Brasília X Crato , na época foi acessada !
Em 1986 meu pai começou a morrer. Lutou um ano pra continuar a viver ... Dr ossean quando não podia , mandava Samuel ... A presença dos dois se alternava. Apoio moral e material nunca faltaram !
Dr Ossean fez parte de parte das minhas construções mais felizes.
Polvilhava bolsas de estudo por todas as casas , inclusive naquelas que votavam em Seu Pedro Felício ( grande político da nossa cidade).
No Crato de então , o ensino era priorizado , e a urbanização também !
Samuel retomou o caminho. É gestor da cidade mais linda do mundo, aos olhos dos que a amam !
Que Deus o ilumine para que possa fazer uma administração promissora , nesses próximos 4 anos !

A Rua das Laranjeiras - Anos 60 - para Hamilton Lima Barros


(Informações pautadas na memória de uma menina, que apenas nasceu naquela rua , e passeou suas alpercatas , nas calçadas. Imprecisão histórica ... O resumo de uma verdade ilimitada !)

Antes da Pedra Lavrada , eu nasci nas Laranjeiras , hoje José Carvalho .
No mesmo pedaço, aonde moravam Zé Cirilo , Salvina ,os Libórios , os Parentes , os Cardosos , e aonde ficava o Círculo Operário ( que virou Escola, Cinema , salão de eventos , acolhendo discursões de base política /social).
A rua começava com a Padaria de Seu Cirilo. Lá a gente escolhia o pão sovado ou aguado.Comíamos com nata batida do mais puro leite de vaca. Encostada à padaria viviam os seus familiares : Zenira , Zenilda , Zildenir , Francisco José( que foi meu colega no Instituto S.Vicente Férrer). Naquele Instituto , Zenira deu uma das suas grandes contribuições educacionais. Tinha uma energia linda ,vibrante,artística ! Gritava as nossas quadrilhas de S.João de uma forma inconfundível. Mudou tão pouco ,ao longo dos anos ...
- É a mesma Zenira !
Numa das casas seguintes, Gilvanda, primeira esposa do Compadre Zé Cirilo ( como o chamava meus pais) ,criava a sua prole. Tia Fantina ( irmã da minha avó Donana) e Gilvanda reinavam na organização da casa. Zé Sérvio, Grijalva , Eugenia , João Antonio e Jorge já haviam nascido . Gilvanda confeitava os nossos bolos de aniversário. Sua casa tinha gosto de festa : limão glacê ! Zé Cirilo entendia tudo de eletrônica , e trabalhava na Rádio Educadora ,desde a sua fundação.
Mais na frente , a casa de Mário Oliveira ( o dono do Cine Cassino) casado com Mildred ,filha de Tia Fausta. Casa glamurosa. Mildred trazia das telas de Hollyood o astral do cinema. Tia Fausta era apaixonada por perfumers franceses , e tinha uma bela coleção , em miniaturas . Foi lá que Miriam Magda completou seus 15 anos. Uma festa de arromba , que eu não tive o prazer de comparecer , pela pouca idade ( menos de 15 anos). Mas eu assisti do meu jeito...!
Na mesma calçada , os Libórios . Salete , a musa maior : atriz e bailarina !
Parede com parede , o salão de beleza de Dona Estela Parente. Frequentei aquele espaço , pela primeira vez , quando contava 4 anos.Cismei de cortar os meus dóceis cachos ,irrefletidamente ... e ficou horrível ! Minha mãe pegou-me pelo braço , e conduziu-me até lá. Frisaram meu cabelo para consertar o estrago. Sai de cara redonda , cabelos curtíssimos , apipocados e com cheiro de queimado. Perdi naquele dia ,qualquer possibilidade de beleza romana , até os nossos dias. Na extensão do salão , a residência dos Bragas. Que menina da época não namorou com um deles ? Ésio, Helder, Élcio , Hélio ...Nem eu , escapei à regra !
Em frente morava Marta de Salvina.
Salvina , a mãe de metade das crianças , que vinham ao mundo, no Crato. Fôra enfermeira do Dr. gesteira, e muito com ele aprendera !
Atravessando a rua , tinha ( e ainda hoje existe) a ouriversaria do Seu Teophisto Abah. Grande artesão ,amigo do meu avô Alfredo Moreira Maia ( primo de Emília Moreira - avó da minha amiga Magali) e do Sr. Júlio Saraiva. Dizem as boas línguas , que não existiam homens tão integros e habilidosos , quanto aqueles três. Era um trio famoso !
Na sequência , os fundos do Moderno, propriedade de Seu Macário ,por onde escorria meio mundo de pessoas, depois das sessões de cinema . A casa de Tia Pigusta ( modista famosa) , os Brizenos , os Duartes , Seu Euclides Lima Barros e Dona Nenê. Ali , Hamilton se achava !
No mesmo cinturão , a casa de Dedé França , Zeba , Dona Zélia ( mãe de Nilo Sérgio ), e a Sub-Estação , que gerava energia elétrica para toda a cidade ( antes da luz de Paulo Afonso).
No quarteirão seguinte , depois do Beco de Pe. Lauro , a sanfona genial de Hildelito Parente e um monte de irmãos : mais novos , mais velhos e da minha idade !
Uma pequena concentração dos Honor e Brito ...
O casarão de Seu Pergentino ( Pai de Dr. Eldon Cariri , Dona Eunir ( mãe da Bela Piinha).
Do outro lado da calçada , a casa de Salgado , que nos assustava com seus vôos acrobáticos... Um dia a morte o assutou... Mas,pra que lembrar coisas tristes ?
E a minha doce Mãe Candinha ?
Quem nunca provou da chupeta de umburana e mel de abelha , que naquela casa vendia ? Pois aquelas mulheres eram minha bisavó e minhas tias : Amália e Rosália. Lá tinha um papagaio que falava e repetia , tudo que dizíamos.
"Tem café , minha Rosa "? Era o verdinho, imitando a voz de Vicente Cordeiro , meu tio por afinidade... Cego na velhice , mas compensado por um ouvido privilegiado. Tocava acordeon , gaita , realejo... e disso , eu também gostava !
Depois , a rua assumia outro nome...
Com preguiça não chego nesta carreira , na casa de Edméia Arraes...

-É outra circunferência , como diria meu amigo Blandino !

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Bilhete


Bilhete

Meu bem ,
o café esfriou na garrafa
O por-do-sol já correu
faz uma hora ...
Agora é lua , atrás de lua
e você não chega ,
com um verso na algibeira
Ainda bem que esse bar
não fecha ...
A porta é sem tranca
e você alcança...
Uma amplificadora dos fatos
Uma canção dos sentimentos ...
As vezes chego aqui correndo ...
e esqueço de passar batom
Já construimos alguns bancos
Já levantamos a tenda ...
Já esperamos a chuva passar ,
na discussão de um poema
Já nos despedimos ,
com vontade de ficar
Um tempo irreverente ...
Seja passado ou presente ,
aposta no futuro que se arrasta
com medo de terminar
Já cantei , tudo que lembrei ...
Ensaiei uns passos ...
girei , sem roda -gigante...
Fiquei tonta , entretida
num saco de pipocas ,
pra perder a hora ...
Já anoiteceu ...
Por favor , encontre o meu bilhete :
- Te esperei !

sábado, 15 de novembro de 2008

Na concha da mão


Tenho a minha ostra
quase afrodisíaca
Dentro de mim tenho a pérola
que eu encontro por aqui.
Resvalamos os sentidos ...
O limite é derivado
a derivada é o encanto
de te ver pelo caminho !

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Sensualidade



Não combina com luxúria

Combina com o olhar

com a delicadeza do toque

Com o bigode ...

Com o andar ,


Sensualidade combina

com suavidade ...

Precisa não saber ser

Precisa reter ...O carinho !


Sensualidade combina com cheiro

que o vento traga e distribui

Cheiro de rosa esmagada

Cheiro de alma limpa

Cheiro de carne

banhada nas cascatas


Sensualidade é vermelha-cetim

É um passo atrás de mim

que eu alcanço na saudade


Sensualidade é a maciez da neblina

A gota que brota

no poro que agita


Sensualidade é a nudez

coberta de pejo ...

É a veste rasgando a nudez.


Sensualidade é o tom

É o som...

É um murmúrio inaudível

É o desconhecido mais próximo

Que nunca perdeu seu mistério !

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Infância na Pedra Lavrada - Anos 50


Fui menina na Pedra Lavrada
Brinquei na calçada de combinação ...
Cinturão-queimado , cabra-cega ...
Pulei corda , bamboleei ,
dancei frevo , dancei samba
Soltei cebolinhas , chuvinhas e balões,
nas noites de São João.
Apaixonei-me
"Come Prima "
aos 6 anos de idade ...
E com essa idade ,
escrevi minha primeira carta de amor :
"Querido Joaquim"...
(Meu amor platônico).
Esqueci na cartilha do ABC,
e a minha mãe pegou
Ai , que vergonha ...
Tinha opção alem da mentira ?
Culpei uma certa amiga ,
e o meu narizinho cresceu !
Pedalei nas calçadas,
em manhas de sol
Tive falsos crupes
Quebrei três vezes a clavícula ,
torci o pé , outras tantas ...
E eu nem era tão traquina !
Meu corpo se intimidou de medo ,
e nunca mais peraltou !
Na Pedra Lavrada perdi meu avô
Escutei minha mãe parir
Meu pai cantar , assobiar e tomar Brahma
Quis imitar , e ouvi :
"Mulher não assobia ..."
Na Pedra Lavrada dos anos 50
A gente comprava lenha
Comprava leite
Comprava pão ,
pirulitos na tábua ,
cavaco-chinês ,roletes de cana ,
alfenim , macaúba ...
na porta de casa ,
nos carrinhos- de- mão
Tomei injeção no bumbum
de bismuto
com Dona Soledade
E pra completar o tratamento
minha mãe cauterizava minha garganta
com uma solução de "colubiazol "
Comi "crespos" da casa de Dona Santinha
Brinquei de boneca com Nájela ...
E mais outras meninas ...
Próximas ou acanhadas :
Teresa Neuma ( filha de Dona Júlia ),
Valda Farias ( filha de Seu Modesto e Dona Adalgisa),
Irenilde , as meninas de Seu Vicente Chicô :
Lucenir , Sueli , Audeci ...
Cirene de Dona Otília ,
Ziana de Seu Adauto ...
Dólia , Dagmar , Bernadete ...
Lúcia e Joanita Primo .
No quarteirão de cima , os Lemos ...
No quarteirão de baixo , os Siebras ...
No meu quarteirão , o violão de
Vicente Padeiro , e a vitrola do meu pai ,
em toda altura.
Li todos os livros de Dona Liô
Estudei com Dona Neli
Risquei de carvão as calçadas
Fiz vestidos de boneca
Tremi com medo das almas
Acordei com goteiras ,
e a canção da chuva , nas telhas.
Aprendi catecismo no Abrigo das Velhas
Catei carrapetas no parque
Sempre esperando um lobo ,
que nunca veio
Assisti meu primeiro filme no Moderno
Branca de Neve e os 7 anões ... claro !
(O ingresso custava 200 réis)
Meu primeiro livro foi o Patinho Feio
Infância de complexos...
Até descobrir que eu era um cisne ,
foram-se muitas décadas.
Comi chouriço ,
mel de jandaíra,
sequilhos na banha de porco
tripa de porco torrada no jantar
e pudins caramelados ,
sem leite condensado.
Tive tracoma, coqueluche,
febre asiática...
Era um luxo:
tomar guaraná natural
com bolacha creme -cracker
Fomos embalados ,
no ranger do armadores,
vozes entoando samba-canções
ameaçadas pelo bicho-papão e o boi da cara-preta.
Tomamos banho de tina ,
água quebrada a frieza,
com folhas de eucalípto ...
Fazíamos xixi em urinóis
Vestíamos pijaminhas de flanela,
vestidos com sianinha ,
gregas, babados de organdi plissado
sapatos de verniz e meias de seda.
Ouvimos o som do pilão ,
na hora da paçoca ,
que a gente comia com baião
Tomamos água do pote e quartinha
Rezávamos pro anjo-da-guarda, antes de dormir
e acordávamos com o barulho do chiqueiro.
Vi passar uma lambreta
Cantei Celi Campelo
com seus banhos de lua e laços
cor-de-rosa , no cabelo
Comi pão-de-ló
feito por minha avó.
Fumei cachimbos de brinquedo
com folhas secas de alfazema...
(parecia incenso...)
Usei óculos receitados por Dr. Herbert
Acordei de sonhos e pesadelos
Sóbria , ou levemente bêbada ?
Novembro de 2008...
E o tempo voou
Cai no futuro de asas quebradas
Estou viva ...
Embora tenha morrido sete vezes !

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O melhor do amor ...


Não amo
apenas os ombros
das minhas amigas ...
Também não sou como uma amiga,
que diz :
Namoro com as mulheres ,
e trepo com os homens .
Eu namoro de um por um
com todo mundo
O melhor do amor é o beijo
Com ou sem respeito !

Noturno


É assim que o ausente
entra em nosso sonho ...
Como Eros !
Chega em energia amorosa
em penas , em pautas,
em dó ...
Chega de uma Vereda Tropical
assobiando La Mer...
O corpo todo a esperar ...
Mas é a cara que recebe
o primeiro vento ,
o primeiro raio...
Traz no hálito ,
o cheiro do céu ,
na madrugada
Traz e deixa ...
O pó das estrelas !

Poeta

Era um menino
Tinha juba
tinha romã na pele
tinha dentes de coelho
e agilidade nas pernas
Chegava afogueado
depois do recreio...
Quanta energia deixava
no campinho ,
que driblava seus passos ?
Cadê a bola ,
que para mim é Terra ?
Era um menino ,
que virou garoto ...
Parecia rir a toa ...
Mas era extremamente sério
Nunca encarei seu olhar
nem nos olhamos ,
nem nos olhamos ...
Pena de pássaro voando !
Era um menino viajante ...
Agora seria um homem ...
Poeta !

Amor , sentimento epidérmico !


Sexo me faz recordar

um planeta esvaziado ...

E o sexo , lá ...

Nem diria , desmaterializado.

Cheiros , textura , temperatura ...

A visão acorda

O tato chama

O coração dispara o primeiro grito

Extase , e saciedade ...

E o mundo começa de novo

Assim funcionam os sentidos!


Passei a vida inteira pra descobrir e aprender

sobre sexo

Hoje , sei muito menos do que

na mais tenra idade ...

Será ?


Sei gozar com qualquer afago ...

O sexo é implicito e explícito ...

Mesmo com pudor e sem falsa moral ,

ele entranha no corpo , na imaginação , e na alma...

É tão fantástico , que a palavra silencia ...

domingo, 9 de novembro de 2008

Fim de Noite


Fim de noite
é o dia amanhecendo
Olhos sonolentos
querendo mais vida
ao relento
Quando o músico
guarda o instrumento ,
quero a saideira em doses ,
em notas ,
e no guardanapo molhado ,
mais um tonto poema .
Fim de noite
é droga que se evapora
voz rouca , coração cansado
de uma saudade ,
que parece verdade
"Olha , feche os olhos meu amor ...
é noite ainda ..."
Música no ar
e o sol a brilhar ,
brinca de acordar os passarinhos
Céu escuro que vai clareando
Murmúrios no silêncio
de uma noite que cala ...
Saúda o sol ,
que ilumina o espaço ...
Havia tantas estrelas ,
e tão pouco céu ...
Agora existe um sol cor-de-rosa
e o infinito imenso ...
Pedindo uma rede ,
e a benção da aurora !

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Como é bom quando os amigos se encontram... PARTE II

.
Para você, minha querida Socorro, um pedaço do meu coração !

Nossa poetisa maior, Socorro Moreira, postou logo abaixo fotos da festa do meu aniversário, ocorrido em 15 de Agosto deste ano, ocorrida na sua residência, que foi só prazer, só que ela se "esqueceu" de postar algumas outras fotos, talvez pelo espaço que ocupa...mas eu não poderia deixar de registrar algumas pessoas que estiveram presentes também, e que nos são muito importantes. Alguns podem estar a perguntar: porque uma festa de agosto só agora é que aparecem as fotos ? rs rs... Bem... é que tudo meu é atrasado...minha agenda é tão repleta de coisas, que há compromissos de mais de 3 anos que agora que estão sendo cumpridos. Acho que vou batizar o meu grupo musical de "Última Hora", porque todo mundo só chega atrasado...tudo é atrasado, mas mesmo assim, chega a tempo, pois a felicidade não tem hora pra acontecer!

Abraços,
Clique na foto para Ampliar!









Abraços,

Dihelson Mendonça
.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Numa noite especial de Agosto - Aniversário de Dihelson

.

Rafael e esposa , Glória Tavares



O músico e poeta João Nicodemos de Araújo Neto




Entre o amor perfeito (Pachelly e Socorro) , minha alegria , mais-que-perfeita...



Dihelson e sua amada Niña


Dihelson , sua mãe e o nosso Carlos Rafael


Casal muito lindo !
(Marcos Vinícius e Mônica)

Essa noite , com certeza ,se repetirá , antes do próximo agosto. Vozes humanas , brindes , alegria zoadenta , substituiram a voz dos instrumentos !
Noite iluminada pelo calor da amizade.
Obrigada Dihelson pelos registros ... Chegou tarde , mas chegou em tempo !
Abraços.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

A nova praça ...







Ontem estivemos na Praça da Sé :
Eu , Nilo e Edilma Saraiva.
Sentamos em vários bancos
Como a catar histórias
pra contá-las mais adiante !
Arquitetos do sentimental
deduramos
o que foi construído ,
no lugar da fonte luminosa...
As águas dançavam
ao som de lindas sinfonias...
Substituiram a poesia
por um palanque político ...
Pasmem !
Na minha infãncia ,
era um lago com patinhos
Nos arcos ,
pendiam trepadeiras cor-de-rosa....
Tudo descaracterizado !
Restaram
as árvores centenárias.
E debaixo delas ,
e apesar delas ,
fechamos o olhar
para um aglomerado de barracas ,
que tiram a beleza da praça.
Podiam deixar apenas o pipoqueiro ,
o menino do picolé,
e a mulher dos filhoses ...
Uma praça sem " porcarias ",
pra gente beliscar ... é imprópria !
Nem tem amplificadora
com recados sentimentais ...
Não observei nenhum broto ...
Apenas uns quase sessentões ...
Éramos tantos ...
Hoje , apenas um trio nostalgia ,
mas ainda romântico .
Essa geração é diferente da nossa ...
O povo não namora ,
não flerta ...
Mas diz que fica !