sábado, 23 de fevereiro de 2008

A flor que não morreu ...




Eu pinto com o pensamento

desboto com o esquecimento

mancho com beijos

retoco o desejo

sopro a poeira dos medos

risco recados no espelho

e brilho no sol das manhãs .


Esta noite , uma surpresa ...

o riso da vida , na cor do batom !


Areia de Itapoan

macaubeira do Crato

pequi na sopa de feijão

zoada de informação


Parece que nunca cortou os cabelos ...

tem versos no shampoo de aroeira

Um cheiro de Juazeiro

um corpo fino , mente solar

inteligência poética , no imaginar


Tudo é livre , menos a lembrança ...

Se mudar o filme , morre a canção !
Santeiro das formas

poeta dos anjos

escarrra beleza

exala paixão ...


Pôr-de-lua



Acho que a lua mora no mar , e passeia no céu ...
De tanto mirá- la , vivo cheia de lua , e prateada de cansaço ...
Dentro desse mar , que é meu oásis ,
Netuno autoriza , todo e qualquer mergulho ...
Me visto de sereia , me enfeito de búzios ...
Recolho meu rio , que de mim fugiu ...
Pesco minhas dores , e transformo em cores ...
Luz de ouro ... esse é meu tesouro !

Eclipse



Dentro de mim , uma criança adormeceu ...
Dentro de mim , uma adolescente vive sonhos ...
Dentro de mim , uma mulher feita , se refaz , a todo instante...
Dentro de mim , as lembranças efervescem , fazem festa ...
Dentro de mim , o senhor é meu presente ,enrolado em sonho de valsa ...
Dentro de mim tem luar - solar, e uma janela aberta !

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Rosário e o meu diário .
















Foram dias vazios e longos
Esperei-te diante da TV, assistindo filmes ou cenas de novelas. Esperei-te em luz, nos finais de tarde. Esperei-te em imagens, em cada aurora que escutei. Falei contigo, só como as loucas encontram os ditos... Até que achei, no canto do meu silêncio, a essência do nosso sentimento, e meu coração aquietou-se !
Acredito na paisagem depois das curvas, nas terras depois das águas, na vida depois da morte, no tempo que nunca é passado!
Maria é essa figura, que você indaga amiudamente... ”Que mulher é essa, que chegou, inesperadamente?” Achou-me num batente de rua, e comigo viveu madrugadas e tardes, mesmo de forma sonolenta...



O arrumar de coisas (querendo nada esquecer), a crescente excitação detonada pelo relógio , enquanto o clarão da lua cheia de agosto, exacerba a emoção. Mistos de sentimentos... Um caos no coração! E eu te acompanho pelas ruas, pelos becos. Hoje eu fico , enquanto você some, como fumacinha de avião. Teu olhar se aparta do meu, teu cheiro de mato volta pro pé de jasmim, nem sei de qual jardim... E teu riso , se esconde na estrada, onde a minha mão te solta!
É a vida? É assim? Terá volta? Quem sabe nos envelhece, ou quem sabe nos renova?
Girei nos canteiros da praça... Aqueles mesmos cheiros de pipocas, de filhoses...
Sem você sou cega sem guia. Tenho que enxergar teu vazio, e senti-lo em peso!Mas um dia tudo volta... A separação é como um giro numa roda. Se eu conseguir não enlouquecer de saudades, meu amor será teu mais tarde !

Rosário é uma boneca cínica. Minha dor não a comove. Sabe que a nossa casa é uma gaiola sem portas: que as tuas coisas, se acomodam aqui e ali, penduradas como ela... Querendo que o meu olhar as encontre. Aspiro a poeira dos teus sapatos, ainda perto da cama!
Dia comprido. Recebi recadinhos com gosto de mel. Vi a rosa do céu com teu olhar , sempre apressado e astuto. Ouvi teu “tique, taque”, congelando a beleza, apesar de saber que ela é solta ,aberta, nua, e tua! À noite capotei nos sonhos, querendo que os dias corram como atletas. Até você voltar, posso comer tudo devagar, e fazer de conta que, na vida o que conta é ter alguém pra contar!



Estou sem gosto e sem cheiro. Estou sem vontade de música e imagens. Estou querendo tua voz perfurando a minha carne.
Abri mão de todas as luas e sóis. Ganhei um novo olhar sempre descondicionado. Precisamos que tu nos aprove. Aprove e prove , a umidade do meu corpo, que a tua lembrança chove!
Menino dos meus olhos ,tenho um rosário de beijos pra mordiscar , nesta noite , teu coração estrangeiro!
Ainda é domingo. Chuvisca. A lua é clara e disforme. Desajeitada na luz, ela desloca minha saudade, pro sono chegar. O céu é claro, mas não vejo estrelas. Mudaram todas para enfeitar teus cabelos. Por isso , tanta prata? Teus pezinhos não se arrastam pela casa. Sinto falta dos teus braços madrugados... Cheiro no pescoço, já caído pelo sono ... Respira palmeira do terraço, ao som de uma noite calada... Só escuto o motor do ventilador.


Manhã chuvosa. Não avistei Aurora. Acordei com cantigas de galo, pássaros , e o som de vassouras, rastreando folhas dos quintais da quadra. Teu olhar enxergaria os calos, nas mãos femininas das mulheres, jovens e velhinhas, que cheiram a alho, pó de café, lavanda e água sanitária. Acho que vou buscar pão: aquele que tem a crocância do gergelim. Provavelmente, prolongue passos até a feira, olhar aquela misturada de coisas sem fim. Preciso de uns metros de chita, uns pauzinhos de canela, frutas doces, ver pessoas... Procurar teus cachos... Nas bananas, nas espigas de milho, nas uvas, nos molhos de acácias. Quem sabe cruzo com o teu olhar, no moço que debulha o feijão; no azul pálido do céu; no chão pingado de lama, ou nos olhos de uma gato?
Teu dia também começa... O meu muitas vezes foi assim: ruas e rostos estranhos até o olhar harmonizar formas e cores.
Bom dia, mi amor!Aperte os olhos. Teu clique vai começar... Num olhar e andar solitários, o que se esconde e parece invisível para todos, pra ti vai descortinar!

Noite de segunda-feira. Ufa! Que dia! Que ginástica danada para vê-lo passar sem angústia ou ansiedade. Final de tarde, assistindo clássicos do cinema... Adoro! Audrey Hepburn, Mel Ferrer, Henry Fonda... Jovens e lindos!
A praça começou a fazer zoada. Escuto fogos, cantorias na igreja, e sinto a poeira do povo. Noutros tempos era dia de comprar pano novo. As costureiras usavam seus dedais, literalmente, para pouparem os dedos. O que eu mais gostava era o caráter de virgindade das roupas. Tinha um só cheiro... (inesquecível!) o cheiro das roupas novas!
A partir de amanhã, quem sabe , encontre piedade, pra rezar aos pés da Penha; aspirar aos cheiros do Boticário espalhados no povo... Noutros tempos era “Magriff” ou “Madeira do Oriente”. Os tecidos eram de renda francesa. Não tinham esses fios rústicos que a gente tanto gosta. Adquirimos formas irreverentes de vestir e calçar, ao longo dos anos... Lembro dos meus saltos , meias desfiadas, braceletes de ouro , aliança de tucum ...
Bonecas de pano ... Eu e Rosário !

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Espelho


Por que não arriscamos,
sequer um olhar,
na mágica Siqueira Campos
do século passado?
Eu era uma nuvem, e você um sol ...
Nublada, escapava do céu,
em pingos d'água!
Por que a poesia
nos escondeu em outros mundos,
e agora nos mostra , em caras mudadas,
desistidas ?
Porque o coração se renova...
Balança sonhos nessa rêde-vida
Entoa cantos,
que nos adormecem...
Fico assustada , quando caem pedrinhas,
no lago dos meus mistérios
Bico teus versos ...
Nado cantando ,
e escuto João Gilberto!
Carnaval na cama
Distante dos momos ...
Odalisca guardada
numa foto amarela
Torço Salgueiro ...
"... Muito samba no pé"!
E o Rio das lembranças desagua
num mar bermudense.
Clamo rotina ,
madrugadas insones ...
Descortino a vida ,
escancaro a janela ...
Avisto um Corcovado,
no quintal da mulher?
Pura miragem ...
Aquieto os passos do olhar ,
num pé de cajá ...
Numa mangueira frondosa
com luz cor-de-rosa ...
Estoicamente, vejo a vida passar
morosa e célere ...
Teu rosto, na janela do trem ... recorto!
E enquanto o trem não chega ,
curto o eco do apito
Egito ...
Carnaval das arábias ... mais adiante!
Espero a semana santa
com produtos importados
vinho do Porto, bacalhau ...
Feijão verde com pequi,
e refresco de murici ...
Meu Crato não é de janeiro ... é de março!
Meu baião é de julho ...
É de junho minha inspiração!
Aspiro a noite
vento de chuva
chuva miúda , apaga meu fervor !
Brasa, nos restos de palha ...
Gargalha um amor !

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O espinho e a flor






E o espinho disse pra flor:
De ti aspiro o perfume, a sombra da tua cor...
Existo porque te protejo...
Sou teu ponto fálico
Sou teu amor!
Se te amar
Marca-me de solidão
Aquieto minha alma
No vazio de você!




O pato nem sempre é cisne
O cisne é sempre gato!
Gato escaldado
De pêlo assanhado
Que vira madrugadas
No telhado.

Só no coração,
O sonho continua verde
O sol vermelho
E a lua prata

A mulher é sempre
Um ideal Cronos
Criança ou velha
Anjo é fera!


Existe sempre
Num quadro-negro
Uma estudante,
Que nunca cresceu
Que ainda adormece
Nos livros
E carrega cadernos
Nos braços dos sonhos
Que usa farda azul
Meias curtas
e sapatos baixos
Que ainda sonha,
Quando a luz apaga
Que faz castelos,
Em anelos
Fiando cachos



Olhos atentos te descobrem
E não adiantam todas as voltas
As meias, as teias...
Nem o decote, que decora...
Lá fora a lua some,
Engolida por um dia...
Adormeço dos meus olhos,
E sinto que estou sozinha!



Faz de Conta ...

Faz de conta


Que hoje é um dia qualquer da minha vida.
Que ele foi recortado do passado.
ou que chegou do futuro, ainda novinho...

Faz de conta que o meu presente é esse dia
E nele eu reponho a poesia, o verde, a minha alegria.

Faz de conta que você contracena comigo...
Que sorri me fala, e segura meu pé, num carinho.

Faz de conta que estamos numa estrada,
Em busca de uma serra, em busca de um cantinho...

Faz de conta... Que o dia está no infinito,
e de lá viver a eternidade...é preciso!

Faz de conta que contigo sou fada sem varinha..
Que tu és mago com cajado, e lanterninha...
Que eu sigo ao teu lado, no silêncio do teu dia

Faz de conta... Que só nós dois existimos...
Que a água está gelada, que a fonte de mim
É você quem mina e mima!

Pára um só minuto...
Abraça-me com todos os beijos que eu perdi...
Como certo dia...
Em que eu vi teus olhos,
e nem versos , fiz!

olhos cor-de-petróleo
apertadinhos e atentos
me descobrem
apesar das voltas
das meias
dos brincos
do vestido longo,
você pára no decote...
me decora,
me põe nua no mundo!
sono e sonho...
lá fora a lua se esconde
e o dia me beija,
me acorda dos teus olhos,
ao teu lado,
ganho o mundo!

Viajando ...




Viajar é encontrar
a poesia
no vento e nas nuvens...

Preciso do sol
pra pintar de moreno
a palidez do meu rosto,

catalisar processo bloqueado
é esperar que um açude sangre,
surpreendentemente!

Da inquieta vontade de ser
nasce a decisão de não ter!


Chave do Mistério






Eu me vi na menina
dos teus olhos
com as tranças desfeitas de prazer!



Sentados debaixo da castanhola ...
O vento é brando ...
A gente toma coca-cola,
e arrisca uns beliscões,
escondidos dos que passam ...
Porque é bom demais ,
amar no anonimato!






Você é luz em forma de gente,
você é poema de Drumond,
você é sonho em forma de luz,
você é minha teimosia amorosa,
você é o desafio constante num poema,
você é a resposta poética da vida ,
que cortou a perna,
e passou a usar asas
no imaginar!


Tua luz brilhando
em mim
caindo em pingos,
parece choro
de vela!



Chega logo manhã
neblina o meu caminho verde;
ilumina o meu destino de sozinha...
tolice tentar acertar
o que nunca entortou;
me perdi na zoada
do que já sou;
na calada da vida
deixo que as minhas águas
escoem pelos canos
dos meus olhos.


Valha-me noite
Que me cobre de lua;
Salve-me estrelas
Que me cobrem de luz .





Vejo esvaziado o baú das emoções;
algumas,
gastei desordenadamente...
outras,
por desuso
se estragaram...
Meu guarda-roupa
comporta todas as minhas coisas
e o vazio das tuas...



Naturalmente ...


No próximo encontro
não quero falar do passado,
quero todo o presente
(que desconheço...)
na ponta da língua.




Pássaro
peixe ensaboado
tudo voa
tudo escapa...
Mas tua presença
é luz
que não se apaga.


Perdas





Poucos sabem ser " deixados "...

Cristo,Buda,e outros, conseguiram se libertar dos tesouros materiais,

dos egos centrismos ...

Um dia me encontrei ...
num canto,
ferida , sem poder voar,nem mesmo caminhar ...

Estava totalmente exposta aos elementos ...
Agora me sinto forte , muito mais forte, do que pude imaginar


Neste meu caminhar

nunca estarei sozinha

estarei acompanhada de mim...


Eu sou o meu projeto, objeto e objetivo ...
verbo e substantivo da minha oração...

Até achar o portal do Nirvana!




Aquarela


Aquarela


Todos os eus conscientes
se encaminham para o encontro
dos eus desconhecidos.
Um afim, em potencial,
é sempre um pedaço da gente,
que se descortina...
Esses encontros
nos conectam
para o encontro maior
do nós conosco,
do vós convosco
dos eus
com nosso ZEUS superior
divino...
até que,
todos locupletados
formemos um todo
um único - a força maior
idealizada...
mas,
enquanto isso,
o caminho é construído...
cheio de surpresas boas,
cheio de percalços,
que marcam,
nossa aprendizagem contínua,
porque eterna é a alma !
E se não fosse
a paixão,
os bens inexplicáveis,
as emoções,
sinalizadas,
pela nossa sensibilidade...?
a vida seria uma desbotada
e vazia estrada...
sem terra, sem água,
sem sol, sem ar,
sem verdes folhagens...

e em tudo isso,
as cores primárias,
se movimentam,
pra compor uma aquarela sonora,
onde tudo vira instrumento,
pincel,
na mão da criatura,
que também é criador !

Rio


O descartável foi incinerado.
A essência é indefinível...
busca infinda, no caminho do infinito
Meu presnete é um sufôco
louco por suspiros...
Risos e lágrimas molham a minha estrada
Hoje é dia de estio ...
Nem choro, nem rio
Tudo foi pro mar, fugiu com o vento,
ou está dentro de mim?
Queria que o futuro esperasse...
A minha esperança acordar!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Sem pé, nem cabeça


Eu te quero sem pé, nem cabeça...
Um querer libertário
Você em você...Nunca em mim!

Lúdico latido
tem cachorro brincando de ser menino!

Por indisciplina mexi com a tua calma
e perdi de veza parte que faltava!

Não gosto da zoada do besouro
prefiro o motor da minha velha geladeira

Falta grana para pintar a cara do velho
Estamos em sintonia com o destino
Podemos afrouxar as rédeas do carro!

O vento do teu assobio...É escocês?

Chuva insistente,atola meu chamado!

Desenhar é riscar claros e deixar o escuro esclarecer!

Juntar pedras no caminho,e apedrejar o ego...
Isso é superior!

Quando a gente não pode ser a letra "z"
Conformamos-nos em ser um pingo?

Meus nervos entende a verdade...Porisso explodem!

Cadê o sol que não chega...Pra secar tristezas lavadas?

Uma gota de vinho na taça
Acho sacrílego lavar tua presença!

O pipoqueiro vai passando...
É assim todas as tardes...
E todas as tardes, amoleço de tédio!

Chove poesia.


Minha mina
que cavo com uma velha pena
onde estou?
as vezes me procuro...
e o telefone não funciona
extraviam-se cartas e telegramas,
que envio pra mim mesma
assim...não me arrependo de mim...sou assim!
e quando me encontro...um verso apronto!


Lua do Crato ,
Bela noite,
Agora madrugada...
Durma, encontre a aurora
Sonha mulher ,sonha criança,
Dança a tua fantasia
Que a manhã em breve,
Te dará como presente,
um novo dia !

Cara na Lua



Ele pintou minha cara na lua
E eu engordei de lua a minha cara
Ruga no nariz...
Define silhueta bruxa
Queixo pontiagudo...
Define o destino da senilidade
E o céu da testa,
Ondulado de conflitos ,
Encolhe-se, adormece.
O tempo passado...
Do futuro será cativo.

Estou num bonde sem desejos
Onde alegrias fazem coro
Mas o solo é contralto
A estrada de sonhos é planalto
O córrego azulado
Esverdeia goticulas de fel
Pedras soltas
Interceptam a caminhada
Saímos uns
Chegamos outros
E nos perdemos antes do começo
e muito antes do fim.

Colher trevos
Em quatro mãos
Se me atrevo..
O que se torna?
Companhia?
Solidão ?

Num quadro
Eu fico na parede
Da nossa ficção !
Poeta, nada mais
Poetas não tem corpos, para serem tocados,
Sentidos, para serem feridos,
São penas, tinta, papel.
Poetas não têm dor,
Não sofrem, e sentem ...
Mas mentem, em corpos de papel.
Poetas não são vários, diferentes, diversos
É a tinta, benta, sspergida aos ventos
Em gotas, em versos.
Poetas não são plurais, mortais ...
Poetas são fatais,
São versos...
Nada mais !

À toa...






Vamos ser juntos,
em separados ?
Galho e folha
Céu e mar...


II



A solidão
nos leva a qualquer pão:
de queijo, de gente...
Solidão no olhar
perdido no mar...
Solidão humana,
Deus preenche !


III




Voltou esfuziante...
Olhou para o céu,
e viu estrelas no dia.
Viu passarinhos
rouquinhos de cantar...
Viu a poesia
entristecida e comum,
dançar de alegria...
Brando é o vento
da sabedoria !


IV
Vira-lata cibernético
Homem das esquinas e meninas
É minha cachaça,
meu porre diário,
minha poesia ...



É meu chapa,
mestre da prosa,
atiçador da palavra...
meu número de sorte!



Meu Lancelot, mito,
vício,
homem e lorde !
Beijos matutinos
Tem gôsto de pasta Kolynos

V

Se você ainda dorme,


Vive no azul de mim...
Neste imundo rumo,
limpos vagabundos,
exploram um mundo,
que guardei pra ti !


VI




Construímos tantos corpos de papel...
Pichamos muros;
pintamos telas no céu;
fizemos abrigos subterrâneos;
descobrimos mapas de labirintos;
Nossa floresta era imensa...
nos perdemos no caminho...
catando flores,
e destruindo ninhos.
Olhei demais pro céu...
Pensando que você,
fosse um passarinho !


VII

Os fios não ligam nós...
que a vida desata !


VIII

Alminha branca,
que tudo enxerga
numa tela de paz...
Se todos te entendessem,
o mundo seria azul
cercado de branco,
por todos os lados !


IX


Estou num sonho
País de mascarados
Casca de beleza
alegria e bondade.
Onde está você meu palhaço?
Vestida de bruxa,
descalça lhe procuro...
No castelo dos subterfúgios
você foi internado.
Serpentinas no meu rosto,
soltam-se, desenhando lágrimas...
Máscara de amizade,
escondendo paixão...
Máscara de humor,
escondendo angústia...
Máscaras...
Descolem-se de mim !


X

O itinerário dos ventos
intriga e confunde...
Sem trilhas e senhas,
arrasta gente !


Apenas ser humano


Quero banhar-me na fonte de todos os desertos.
Quero delírios de todas as sedes,
e ao fim , apenas um oásis .
Quero o céu causticaste...
A agonia da visão que esmaece...
E ao fim , um céu de estrelas .
Quero no direito a todos os erros ,
ufanar-me da realidade ...
Cometer pecados , encerra-los no sótão,
E ao fim , apenas os acertos.
Quero navegar no mar das dúvidas,
naufragar sob o seu peso ,
E ao fim, emergir...
com um punhado de certezas !
Quero clamar pela chegada ,
mesmo sem encontrá-la...
Sangrar nas mãos,
as tranças das incertezas...
E ao fim, apenas a relva da campina ...
Quero ser apenas humano ,
E ao fim, disto ter certeza !

Na trilha de Maria


Você corta o filme,
amarga o recado;
deixa o mel,
na porta do enxame;
deixa a flor ,
na madrugada aberta,
morrer na manhã .
Tudo começou, nem sei quando...
Buscando na arte,
o caminho da expressão?
Quem me ajudou foi o amor,
e um grande professor,
que pelos meus descuidos,
aproveitei tão pouco!
Mas da vida...aproveitei foi muito!

Meu nome é Maria.
Filha de um casal de artistas...
Arte e religião.
Uma melada de tinta,
e um pensamento cristão ?
Ousei ser criança...
Ousei todas as idades,
e aqui estou...
em versos brincando,
no azul sonhado!

Durmo ouvindo o sol
do teu ronco...
Teu coração sacoleja,
no trilho de Maria,
por novas fantasias!

Escondida no Tempo


Consistente e insistente
Persiste minha agonia
Processo da dúvida,
Que se afasta todo o dia .
Dias de silêncio
Coração em guerra,
Passa frio...
Come o que sobrou do ontem
Engorda de esperança
Para morrer de alegria!


Risos, gargalhadas
Numa sintonia errada
Sinalizando caminhos
Quando eu crescer
Quero ser gueixa ou ameixa...
Um doce, que se derreta.
Na boca do teu carinho!

Nem tudo pode
No tempo,
Desenhar o seu destino
Fica faltando um arabesco
O nome de um brinquedo,
Um cofrinho ou um potinho...
Nem tudo dói, quando falta ...
Mas a dor de uma saudade
Machuca e deixa roxinho
O canto de qualquer braço!

Se não fosse a poesia
Que me transporta aos oásis
Eu morreria de tédio!

Oásis que mata a sede
Mostra a beleza do céu
O poder do sol,
A magia da lua
E verdeja o sono
No vento de uma palmeira,
Enquanto você não chega!

Vem...
De capa e espada...
Como um personagem de fadas
Ou um cavaleiro antigo...
Vem,
Meu bem...
A espera é ansiosa, cansada.
Aflita e medrosa...
Vem, que a vida é curta...
E não quero encurtar a vida
Sem provar a tua volta!

Pensamento te libera
Suave e alegremente
Tal qual soltamos um pássaro
Da gaiola ou do viveiro!

Solta de ti,
Ainda seguro teu cheiro,
No fio do teu cabelo,
Que não se aparta de mim



Brusca, abrupta
Inconseqüente demência
Qualquer coisa justifica...
O impulso do desejo

Mas o vazio que fica
Na dor de qualquer partida
É fruta que não almejo...
Na fome do meio-dia!
A fonte não secara
A festa mal começara
As noites iluminadas...
E a vida nos sorria!

O terreno nem foi estrumado
O enredo foi cortado
E as palavras nunca ditas
Morreram desajustadas

Mas o que resta de pendência
Também pode ser zerado
Na conta do nosso tempo
Tudo já foi perdoado!

Fim do dia
Mais um Domingo que finda
Sem passeio no campo
Sem a tua companhia
Meu canto é no travesseiro
Que arrumo noite e dia
Fica difícil aturar
A falta que não existe
Mas a morte
Tem seu dia!


Nestas horas lentas,
Em que o dia se escoa,
Como um rio na planície...
Vivo um abraço imaginário,
Esperando a noite chegar.
Quem te acorda
Da corda e do som?
Uma angústia, uma ausência.
Gole amargo é fel do não!

Abre a janela...
A luz te invade
Como em labirintos
A deixar passar o vento...
Que se sente, sem se ver...

Sono que se vai
O lado vazio e silencioso da cama
Arrumo o lençol que fala...

Exposta ao tempo,
Que a cor vem tomar...
Exposta ao vento,
Que seu calor vem esfriar...
Mesmo assim quero ativo,
Na primeira,
Na Segunda,
Pessoal, sempre, interno,
Silente
Céu eterno!

Chão acaba
Falta o ar.
Respirar para aturar.
Respirar para esperar,
Presente com tinta
Futuro sem papel
Passado amarrado
Pipas voam alto do além para cá...
Conquista espaço,
Na janela do quarto
Vejo um pedaço do céu!


Segunda encomprida a semana
Noites chuvosas
Dias de tédio
Voz calada
Corpo cansado
Alguns restos, na mala...
Rua vazia...
Onde estamos?
Onde estão as noites de verão,
Os dias de primavera,
A voz cantante, o corpo dourado,
As praças cheias,
Os banhos de cascata,
O refresco de cajá,
O pão com nata...
Onde estão todos?
Do lado de cá, nada está!

Fevereiro








Fevereiro
Vida em parafuso
Atolada de amor e medo
Vejo tudo no escuro
Mas tudo passa,
Como passou janeiro...
Existem tardes, em que a lua chega,
antes do anoitecer...
E brilha mais que dourado ...


pesa 18 quilates!





Olhos são canteiros de flores,
Onde perfumes e cores,
Acasalam-se!





Chove...
Roupa no varal
Rosa no jardim se embebeda...
Dança e versa!

No céu das margaridas



Onde anda
Com quem se deseja andar?
Mergulhando o seu olhar...
Em qual céu, açude ou mar?

No coração feminino
Há sempre um impulso infantil
De correr para um ninho
De achar o tal caminho
no qual se vive a sonhar

Dormir de alma colada
Sem relógio despertar...
Desejo filogénetico,
de amar, e de amar!


Ocultos


Que culpa tem aquela mulher,
De nos labirintos do coração,
ficar atordoada?
Ela se espreguiça em todas as praias
Queima a pele de lembranças
Lava a mágoa e a saudade...
Enquanto isso,
Seu barco perdido,
Veleja no mar...


Esqueça...
Nem julgue,nem desculpe...
Siga entre os jasmins
Respire o jardim
O que podia ter sido
Deixou de existir!


Aprenda sobre ti...
Não é em mim que te escondes...
Em ti não consigo ficar pronta!



Plantão no azul- cor-de-rosa
Meu coração bate, no compasso de um sino
Chama, avisa, mendiga ...
Pela janela,
Entram novos ares,que a chuva oferece...
Salpico pingos de lavanda ,
nos lençóis que me adormecem.


É fácil chorar ...
Quando cachorros não latem
quando o mundo nos esquece,
nosso anjo adormece ...
E o tonto amor da nossa vida
Muda de rumo, e se perde!


Minha companhia desistiu do meu peito
Partiu , neste mês de fevereiro...
Talvez volte ...
Cedo ou tarde.
Mas se achar alegrias ...
Nunca mais toco em seus braços!


Um ponto iluminado,
num mapa esquecido
Um rosto quase apagado
Uma ternura infantil...
Um nome oculto
Amor sem futuro
Dor pueril...
Encontros
Encantos...
Cheiro de lança-Perfume
Ensopam tranças...
Brincadeira inocente...
De verdade,
Nada dizem!


O peso das perdas
Devia ser leve como pluma,
no coração de quem perde!


Ganhei com descuidos
Perdi por impulsos...
Vida desconecta elos
E o néctar que adoça o dia,
deixa na saliva,
um gosto amargo de céu!




Teu flamboyand
Salpica o chão de cereja-cor
E uma lua laranja
Ontem azul,
Inspira um blue

No mel pisciano
Derramo gotas de fel
E um verso encharcado
Busca com urgência
O calor do abraço!









Divagações ...


Sinto-me ridícula,nas esperas sem sentido ...
O amor que devia chegar, se desaproxima ...
Vício no ócio
ócio que entedia
Todos serão mais felizes com a própria aceitação!

Despedida


Pássaro cativo, num canto do meu coração
Teus olhos precisam virar sertão
No teu coração o mar se alastra...
Guarda as tuas águas para todos os gozos...
Sai voando...
Como uma leve borboleta...
E pouse na flor mais doce!
Que o elo partido
não fique enrolado
em grilhões que angustiam
Teu céu é belo...
-Esse ...Eu conheci!

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Lembranças



Dia amarelo
Se puder podá-lo...verde ficará?
Mas, verde é a cor do fel...
Preciso do vento,
que faz a árvore dançar...
bate em meu rosto,
resseca-me a boca,
enxuga o suor
do meu caminhar.
Tudo acaba em lembranças?
Porisso há dor,
quando fecha um círculo ...
Mesmo que botões,
perfilem, o desabrochar!
Não nasci pérola...
Por que me sinto ostra?
A falta de cortinas
continua me fazendo madrugar
telhas de vidro ofuscam a vista...
Falta energia nas lâmpadas do meu corpo
Minha veia poética, mesmo obstruída,
me protege da solidão.
Sem sair da trilha,
cumpro o meu destino...
O bem-querer é mais terno,
quando libera a paixão?
Nas noites tenho a lua,
que nem precisa falar...apenas brilha!
-Parece uma foto de Buda!
Preciso ir à luta...
Com a garra de uma jovem
e a parcimônia adulta !
Estou em casa
No trecho, em que vivi minha infância encantada:
Pais,avós,bonecas,doce no tacho,
primeira escola,primeiro livro de estória...
O cheiro da "Pedra Lavrada"
é de chuva, , macaúba , manga-rosa...
Que mistura maluca!
Sons na vitrola...
Orlando, Emilinha Borba...
Folguedos na calçada...
Tardes rosa...cor de Aurora!
Cadeiras na calçada, colo de avó,mimos de avô,
assobio de pai,bolos de mãe : pão-de-ló e palmatória!
E o tempo passa...
como o doce do pirulito...
Dissolvido, findo!
E assim , o cabelo fica gris ...
Como as tardes solitárias,
queixosas e saudosas...
-Tudo , em meu coração descansa!

Viver e Sonhar...


"Com quem sonha o Saci?
Saci, com quem será?
- Eu sonho com duas pernas
saltando de lá pra cá... "
A gente sonha com o que não se tem...
E se na vida, algo nos falta...
nos sonhos ,tudo se completa!
Mas, por que sonhar à toa?
"VIver é melhor que sonhar..."
As vezes estou cansada de viver...
mas o sonho não pesa...
É transporte em Delta
pro Alfa da alegria!

Estrada do verso



A vontade de amar

busca a unidade do eu fragmentado

Uma estrada curta em cada breve vida

De tão intensa,

paixão resolvida,comprende amor

Acontece da noite pro dia...

numa aurora-madrugada,num verso achado...

Nada em pedaços...

Inteireza contida,ora revelada!

Chave e fechadura ?

Só falta arrumar a casa ...

Corpos de papel,barraco de versos

Se chover ,vai molhar letrinhas

E a permanente vontade de secá-las

decantando o amor inverso

em versos cristalinos!

Homenagem à Socorro Moreira...

Salve, grande amiga,

Eis algumas fotos, em doses homeopáticas que já tirei de vc. Depois te passo todas num DVD:



Um beijão procê,
E parabéns pela constante atualização do teu Blog. Qq coisa, estou à sua disposição para alguma modificação.

Dihelson Mendonça
.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Antes do Carnaval



Quando um busca, encontra!
Um andar pára...
Um silêncio se quebra em duas vozes
E tudo que não existia passa a acontecer,
se um dia começar de novo a correr!
Casa abandonada , ervas no jardim
telha de vidro, fresta de luz ,
resto de lenha para acender a chama
da paixão infinda ...
Por um atalho, volto ao teu quintal ,
em baixo da tua copa , antes do Carnaval!
Na face escorrem,
em cacos de lágrimas,
luas na lágrima a orvalhar a terra ...
Se fossem sementes,
flores de lua ,
da terra brotariam!
Tenho tanto papel em volta...
Dá pra fazer sapatos, vestidos ,
e até um barraco de papel e papelão...
Mas se chover ...
se desfará em letras pelo chão!

Nesga do Olhar-


(Recebi de um desconhecido)



Fácil identificar você com uma festa
Teus textos te desnudam
Fecho os olhos e deixo aberta a fresta
Vejo tua pauta escrita na tela...
nua , tímida e bela ...
Festejo teu desconhecido
solto em degraus
para chegar até você
Sigo o teu mapa
Com minha nesga de olhar
Tua poesia despida
Não se intimida...
Sobre ela,repouso o meu olhar!