quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Para minha Mestra : Claude Bloc


Meu olhar é sedento ...

Estou à mercê dos ventos ,

sem proventos.

Em todas as minhas encarnações

trabalhei os números...

Quero a redenção

Haverá tempo ?

Se Claude me ajudar

quem sabe eu furo o ciclo ...?

Pego carona na cauda dos poetas ,

e vou parar no céu que imagino :

Poesia , música... e um cineminha !

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Poesia, pra que te quero , no azul dos versos ?

Ousei dialogar com um dos nossos monstros sagrados...
Deus que me perdôe !
Ré confesso-me...
Claude me advogará ?
Quero a sentença...
Estudar para aprender a brincar !



E me vem você com poesia numa hora desta? (Zé do Vale)

(Depois de ler o Diário , assistir na TV o jornal Nacional ...) (Socorro)

O mundo é muito belo sob o olhar entorpecido da poesia!

(As manchetes dos jornais são reais
As dores são tumores... crescem ,
e precisam de morfina.
Tem qualquer coisa mais forte
além de um poema ? )

A poesia é como uma injeção de Diazepam,
faz você ver as desgraças de modo lindo.

(Fala da saudade ...e o que passou , já passou ...
Só a lembrança ficou)

Só funciona como poesia mesmo.

(E sem poesia ?
O qeu fazem os meus olhos no vazio ?
Céu escuro , sem estrelas ...
Com quem falam os meus olhos sem centelhas ?)

No mundo real, a coisa é bem diferente.
E se não houvesse celular ?

(Os poetas entram em sintonia...
Falam e escutam por telepatia)

E se a incerteza discar teu número e
teu olhar de dúvidas se turvar no redemoinho
do que poderia e não foi
ou do sabido e não conhecido?

(Na incerteza o certo é paralizar os dedos
Não discar...se enquadrar
Atender a voz do coração ,
que disca de um canto onde mora a emoção )

E se a necessidade destas notas musiciais que
soltastes nas tuas práticas de amor
pelas transversais capilares daqueles leitos e concertos,
qual movimento salvarias da inanição
com a audiência de um simples toque?

(A música não alimenta o corpo
Ela fortalece a alma
E se não existe alma...
Ela acalma os sentidos...
Eles se entorpecem de notas e melodias
Já ouviu falar em música-terapia ?
Salva do silêncio
Levita no esquecimento...
Funciona como UTI ...
Último Tango -em Paris ou alhures ...
Instiga-nos ! )

E se não houvesse a identificação?
E se não houvesse o celular?
Veja tu que tão somente regras para instrumentos,
enquantos nós,deste lado de cá da linha,
nem um suspiro ouviremos.

(Os suspiros são analfabetos ,mas dizem...
Lembra aquele filme ?
"O vento não sabe ler"... ?)

Ao que ainda mais perplexo,
uma ligação não identificada:
Como já dizia Mitonho:
se o mundo fosse de poesia,
a neurastenia não seria matéria do comportamento.

(O mundo é mito
poema é lírico
Sem mitologia
como estudar a simbologiada vida ?
Poesia é aeração ...)

Mas se pelos detalhes fossem notas musicais
aquilo do mundo de relação,
ouviríamos uma música metálica e irritante que
tu mesmo escolheu em teclados minúsculos,
só para deblaterar contra a poesia
e os poetas benzodiazepínicos.

(Poesia , deixe os poetas em alfa , beta ,
lâmbda, ômega ... Seja vingativa !
Apaguem todas as velas , inclusive a do luar ...
E que os céus os protejam !)

Como já dizia seu Lunga:
ainda me vens com poesia?

( E como diria Seu Lunga
Vá cutucar onça com vara curta ...
Assovie , declame Neruda ,
cante uma sereia...
Antes que ela te enfeitice !)

Musos e Musas- Romance sem casa - Casas no infinito




Claude e Socorro, eu já disse:

É a mesma pessoa morando em corpos diferentes.

Só mudam de roupa.

Se fossem gêmeas siamesas não pareceriam tanto...

Vocês nem se completam,

precisam de alguém que as complete!

E quem será esse alguém ?


Claude Bloc disse...


Dihelson,

Todos temos musos/as...

Talvez nem nós saibamos

quem há de completar-nos...

são desígnios de Deus.

Mas bem que eu gostaria de ter essa tampinha

preenchendo todos os espaços de minhas emoções...

Mas, como já falei um dia,

os príncipes debandaram e resta-nos o sabor de ontem,

adormecido apenas, mas com um olho insistentemente

perscrutando o futuro...



Socorro moreira disse ...


Dihelson ,


Os príncipes não se disfarçam em sapos

Se disfarçam em menestréis ...

São poetas ...

Almas delicadas , e sensíveis.

A qualidade de sentimento que oferecem

É infinitamente superior aos amores de hoje em dia

Com a alma preencheida de poesia

Somos amantes da arte

Vivemos uma núpcia poética :

Eu , Você , Do Vale,

Claude , Sávio , Domingos ,

Leonel, Rafael ...

Cada poema entendido

Aliança o mistério do amor

sonhado , e em versos decantado !

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O Baile


A primeira música do baile
inquietava os nossos passos
Uma vozinha interior nos dizia:
Não posso olhar ,nem estimular ...
Menina direita não se mexe na cadeira
A indocilidade nos levava à toilete
Pra retocar o batom , disciplinar o coração
E o moço tímido , o par nunca desejado
é quem pagava o pato:
Estou cansada , não sei dançar ...
Na pior das hipóteses
um bolero lhe concedíamos
De nuca tencionada ...
Face a a face , nem pensar !


O outro - o desejado

distante era acompanhado ...

sempre embevecido ,

no brilho de outro olhar.
A última canção

era o sufixo da esperança
Outro dia , outra dança ...
Em casa , leite de rosas na cara
E o sono da própria ilusão.
Canções em tons baixinhos
serenatas pras vizinhas

alguém se punha a cantar


Nunca mais vivi tamanha magia

O farfalhar das sedas

a sensualidade , no meu vestido vermelho

Minha morenice , meu jeito intimidado

de negar o que eu sentia

Por todos os sonhos ...

Cadê aquele baile , aquela valsa ,

aquele sonho ?

domingo, 14 de dezembro de 2008

Aquieta-te em mim ...


A sintonia fina é o mote maior para o que está ocorrendo nos Blogs de Crato. Socorro Moreira, então, tem a poesia na alma e sente, no enredo da vida, as entrelinhas da alma. Ei-la que escreve e se inspira. Eis o sopro, o alento que apascenta as agitações e os silêncios.
Silêncios , recreios
invento e recrio o amor,
enquanto penso.
windows
abro e fecho
encanto e desencanto
se alternam
retenho o som
busco o oásis
que já vivemos
Sentimento adormece
Depois acorda ,
e escova os dentes
Mordisca o desejo
como fruta fresca
E a tentação
faz o gosto voltar
no apito do trem
Aquieta-te em mim ...
não contritamente
Moras nesse 3 x 4
loteado em mim
O tempo é sempre pleno
quando expandimos o amor
que a gente sente!
Por Socorro Moreira - sobre o texto "Silêncios" de Claude Bloc

Um tempo único , sem medidas de felicidade ...


Entre os 13 e 18 anos
Vivíamos
Chorávamos e ríamos
Todas as manhãs
vestíamos a mesma roupa
ouvíamos as mesmas aulas
Assuntos repassados ,
alguns até ficaram ...
Olhar puro ,
mesmo aquele
de cabeça baixa
vírgulas ponteando a amizade
Vivi todas as reticências
Acordei sonolenta
madrugando um problema
que era apenas matemático
Quebrei tantos óculos
usei candieiros
Insistia no ponto
que a vida exigia
A intenção era única
O sentimento comum
Estudar, terminar....
Casar de branco
Como lírios do campo
e lua de mel
copiada do céu
Rostos registrados
Sons e letras
na pureza de um sonho ,
Hoje conquistado !

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Nos tempos do verbo


Sensível
a qualquer tipo de carinho
sorriso , mimo ...
Rostos distantes
parecem contas
de colares partidos
olhares , bocas ...
pérolas escapadas de mim
Sem adereços
esqueço endereços
acendo velas
ilumino lembranças
fragmentos visíveis
O vento traz
o vento leva
a onda traga
espuma de amor
...saturada !
Entreguei os pontos
sem checar os trunfos
meus ases, meus ais ...
num jogo comum
E se todos chegassem ,
num apelo coletivo ?
- Eu ficaria contigo !
Se o tempo voltasse
eu dançaria a valsa dos meus 15 anos
Pediria uma bicicleta no Natal
Nadaria nos rios poluídos
Do Crato até Ingazeiras ...
E naquele trem , naquele dia
Teria te visto primeiro
E naquela festa , naquela dança
Me apertaria em teu peito
E naquela noite , naquela praça
te entregaria os meus olhos.
Donzelas de saltos finos e meias desfiadas
se avermelhavam
quando a brisa do amor passava
Guardavam cadeiras no cinema
pro moço que não chegava
Choravam em convulsão
por Francisco e Santa Clara.
Tremores nas mãos , em dias de prova
Disparos no coração , quando recebiam nota
A chatice
de provar o vestido novo
que ficara torto
A vergonha de vestir
o traje antigo
com mancha de caju
na altura do colo
A barra da saia desmanchada
O sapato de sola desgastada
as meias de algodão afolozadas
E o coração na boca
todo atrapalhado
As cartas de amor nunca postadas
promessas tímidas
desejos contidos
orelhas pegando fogo
retrato em 3 x 4
na bolsa ou no livro
um trevo de 4 folhas
pra garantir o destino
Queríamos correr no tempo
e o tempo nos pegou
Deixou-nos
aonde estou !
Senhora - vó
Querendo comer maça
Pecar contra o que não fez
Ser feliz sendo o que quis !

domingo, 7 de dezembro de 2008

Diálogo poético - "Duplix" - Socorro e Nicodemos




Tão difícil responder (cor-responder) seus versos... (João)
...Difícil é te achar em (di)versos ... (Socorro)


passarinho piou distante no cafezal...
a menina buscou, procurou,não achou...
quem te viu?
bem te vi!
...Bem-te-vejo !

Ai ai ai, de tanto ai acho que vou ao Paraguai...
...Aprender Guarani , comprar Ballantines
quem canta bem seus ais
não só os seus, canta...
canta de muitos mais
....E ainda toca:
... Sax no assobio
...Rabeca nos sentidos...
...Viola na inspiração...
...Violão no coração

Depois de Cecília, com sua licença,...
você é minha Poeta preferida!!!
...Depois do Mário...
...( um certo ariano )
...Sussuana e Quintana...
...Nicodemos me encanta !

Samba


Encontros desperdiçados

Cartas , promessas ...

Recusas sem razão

Enfim , a compreensão !

Quando você desistiu ,

eu corri na frente

Eu lhe encontrei

antes do destino

Surpresa , obstinação

Cortei caminhos , e o meu coração

Pássaros em diversos ninhos

salgueiro , mangueira...

E na quarta-feira

Tudo ficou cinza.

Adormecido


Parei de transformar

números em flores

Números são adubos

letras são flores.

Parei de te chamar

reclamar , vigiar ...

Parei de te esquecer

Adormeci teu amor

no leito mais secreto

Faço silêncio

Deixo ele sonhar !

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Exaustão




Aperte os cílios
Sopre o desejo
Alcance o pedido :
um amor verdadeiro !
Uns prometem
Outros acontecem ...
Todos passam,
num ciclo irreciclável.
A paciência de esperar ...
que o tédio amanheça , e anoiteça
até o amor ficar !
Eu já passei da idade ...
Antes , eu não tinha idade...
Quando a idade eu tive
brinquei de amar
E amei tão seriamente ,
que o amor
morreu sufocado
da minha própria exaustão!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Vigília - Claude Bloc - Ousei exercitar um "Duplix"- Marinheira de primeira viagem , encurto um longo caminho!







Faço vigília, (Claude)

... Vigília é viajar no silêncio (Socorro)

Fico acordada o quanto eu puder

... até extrair sentimentos

Já me livrei das saudades

Já me desfiz das lembranças

...Mas ficou um pedacinho

....que eu entrego pras estrelas

...que sabem guardar segredos

Mas te peço outra vez:

Não invadas mais meus sonhos

Com essa contumácia..

Contei estrelas no céu

Catei-as em meus pensamentos

Cantei para a lua,inspirei-me...

Senti os perfumes noturnos..

...Embriagada dos cheiros

Eu escrevi confissões

Já me recompus do medo

Segui passos em silêncio

E tratei todas feridas

Que me doíam por dentro

Fiquei sozinha, sem voz

Sufocando meus soluços ....

...Descobri que o meu riso

...adormecia chorando

E me voltas nestes sonhos....

Como se eu te chamasse!

Não afoguei minhas mágoas

Não tenho aqui tua mão

Mudei meu secreto rumo

...num labirinto encantado

...esbarro em teu coração

Macio, atemporal ....

Não invadas mais meus sonhos

Mais uma vez eu te peço:

Não me venhas mais, tristeza!

Que eu já desisti de tudo

...Soluço , recém- nascida

Sou feliz, sobrevivi

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Dezembro - Diálogo poético -(Duplix) - Claude Bloc





Diálogar poeticamente é possível quando por um momento as palavras calam e a alma alça vôo... É isso que vem acontecendo aqui e que torna possível esta sintonia literária.
Socorro Moreira compôs seu poema (em azul) e Claude Bloc entremeou seus versos (em vermelho) aos dela proporcionando um arranjo.

Mais um DUPLIX para vocês... Faça-os também.

Tenho muito gosto (Socorro)
de viver mais um dezembro.
Os mesmos sinos
As mesmas bolas
O mesmo ar de festa
em toda porta.
-----Tenho muito gosto (Claude)
-----De tocar os sonhos
-----Os mesmo sonhos
-----Que sempre dedilhei
-----E que hoje voltam
As ruas escancaram seus mistérios
Os perus morrem antes da véspera
Congela-se o gosto de ceia.
-----A vida conserva seus desígnios
-----Os seus conceitos
-----E cristaliza-se num só momento.
As árvores se enfeitam
-----Eu me enfeito
A cidade se aclara
de luzes que piscam ...
-----Eu me ilumino
Em tons de prata e dourado
morre o dia.
-----Eu renasço !
Noites quentes
buscam o retrato da neve
-----Dias mornos
-----Tangem meus pensamentos
Adultos brincam de rasgar papel ...
-----Minha alma brinca de soltar balão
na alegria de uma prenda.
Amigos se ocultam
----- Eu me mostro
numa brincadeira gostosa ...
e trocam mensagens , presentes
-----e trocam afetos, sorrisos
Vestidos , sapatos novos ,
-----abraços
esperam o niver
do mais famoso dos homens :
Cristo.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

No calor de dezembro


Os textos dos meus amigos novos e antigos , alimentam o meu dia a dia de novos sonhos.

Hoje acordei com vontade de reformar o mundo , antes do apocalípse. Deus não gosta de sucatas e velharias , disse-me um dia , um amigo. Inocente e distraidamente , pensei : Ai , Meu Deus , deixa-me viver as madrugadas , as minhas paixões, o encanto do mergulho nos olhos que me enxergam , e me desnudam. E o tempo passou ... Mesmo não traçando parãmetros , nem estabelecendo correspondências bi-unívocas , eu presencio e sofro as catástrofes do mundo. É uma dor , no meu coração que gosta do conforto do amor , e da poesia. Dr Valdetário , vamos descobrir uma fórmula matemática , que equacione os problemas da humanidade ? Como pagar os momentos de alegria e entusiasmo , nesses repetidos encontros , por aqui ?

Acho que os ventos da alegria também passam pelo presente , e rumam para um futuro, em conflito constante com os redemoinhos , que arrastam nossos sonhos , e os nossos anos.

A solidariedade nos faz feliz pela metade. A paz é um dom geral. Rezo por ela , e silencio o meu coração quando o fogo nos devora , e as águas nos arrasta.

O lirismo refresca as nossas feridas. São como línguas de gato , na nossa pele.E o amor , nele contido, pode ser transformador ?

Minha mãe sempre repete :" cá e lá , más fadas há". ..O jeito é misturar as emoções e buscar dentro da gente , um jeito de aguentar , o calor de dezembro !