quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Santos Dumont- A Rua Formosa - Por : Socorro Moreira





Um voo pelo Crato antigo. Aterrizagem na rua mais " formosa " da cidade. Pelas mangueiras dos Silvestres, pisando nas folhas secas, eu chego.

Casa de Seu Jefferson Albuquerque e Dona Letícia Figueirêdo... Sons de piano... - É Diana , a filha mais velha. Eleonora, Ângela, Júnior, Cristina, Ronald...Cada um com sua sina.Simpaticamente lembrados !

Indústria de massas do Seu Gessi.Pedaço do Crato , bem alimentado.

Bodega de Raimundo Silvestre. Cheiro de fumo, aguardente ,e rapadura.

Família amiga , aparentada... Nazaré e seu doce de manga... um manjar !

Mercado das frutas , carnes e verduras. Valdemir Correia e Sônia ( quando começaram) ,Cantina do Oliveira, Mercearia de Zé Honor e a de Chico Beija-Flor; nosso querido Seu Pierre, Casa dos Parafusos, Farmácia Teodorico, Padaria de Seu Acássio, casa de Joaquim Patrício, Bar Ideal...Com e sem Isabel Virgínia. Zé Cangalha, Seu Pedro Felício e Dona Ailsa, Dona Marilê e Nailê Felício, Dona Zélia e Seu Almir.Dona Madalena ou tia Madalena , como a conhecia: Tia Ivone e tio Joãozinho. Seu Cisino Brito, Dona Evangelina, Dão João . e a cara do MODERNO, no meio do quarteirão , que é o seu limite.

As esperas, nas calçadas.Os cheiros de café e outras especiarias. Naquele pedaço tudo se fazia :política, feira ( gergelim , amendoim , goma, e miúdezas), culinária, educação e pão.

Panos e retalhos finos , nas mãos de duas grandes damas : Ivone Moreira e Evangelina.

Tia Ivone tinha um excelente corte.Fazia dinheiro na máquina de costura para tornar mais confortável e elegante, a vida da família. Tinha sete filhos. : Maryane , Aderbal(levava-nos aos domingos para assistir os programas de auditório , na Rádio Educadora .Com ele ouvíamos o melhor da música estrangeira : Doris Day, Connie France, Yves Montand, Pat Boone... e as brasileiras também , principalmente , Luiz Gonzaga. Estava sempre consertando um rádio ou uma radiola... e haja discos de cera ou vinil). Teresa ( a rainha do Madre Ana Couto); Gracinha- "Aqueles olhos verdes "; Antonio Aragão ( gênio no humor, inteligência e saudável esperteza ) . Ivone Maria , a menina do vestido azul ou branco; Fátima , uma boneca - a caçulinha !

Tia Ivone gostava dos linhos bordados, dos cristais, das porcelanas , dos perfumes da Myrurgia, sabão da Costa, Água Inglesa, cerveja preta, e de tocar violão.

Personalidade forte, altiva, guerreira.Educou bem sua prole. Comemorava todas as datas festivas com muito apuro e brilho.Morreu lúcida e sábia aos 93 anos.

Dona Evangelina era da Alta Costura. Gente da minhas posses com ela não costurava. Mas podíamos nos dar ao luxo de sentir sua tesoura, nos nossos cachos.Mãos leves.Fazia um trabalho delicado e demorado.Conversava, conversava... E seu cachorro do lado- uma criança mimada e bem zelada ! Tempos depois deixou a vida de solteira e casou-se com o primeiro amor que voltara...Amor de contos de fadas ...Não sei quanto tempo durou , nem quero saber. Gosto de acreditar , na eternidade !

Mas, a Rua Santos Dumont era mesmo bem festiva. Animada nas épocas de política, S.João, festa de S.Vicente, Natal , procissões, mês de maio... Vivia da alegria . Todos se envolviam nos seus eventos, inclusive , os imigrantes .Uma única e grande família !

Rua formosa.

Quarteirões curtos.

- A Rua de Seu Pedro Felício - avô de Irma Callou!


E é justamente com a Irma , que enriqueceremos esse texto. Espero detalhes para serem acrescentados.

Profânica










Fui fácil , mulher fácil
Não joguei , perdi
Cai de boca , nas emoções
quando fluiam, bebia !


Sou cara, sou alma
brilho incomum, joia antiga
pedra incrustada
num corpo , que ainda fala !

foram-se todos , outros chegaram
E assim , a vida passa ...
Cumpro o darma
Amor em cada passo !

Um de cada vez
Um de vez em quando
Sempre um ...
Dois é conta rara ,
sempre cara
pérola, rubi ...

Tarde passa
noite chega
Toda dia , uma surpresa ...
Alegria não tem fim


tristeza se desfolha
Não planta, não colhe
deixa voar
nas asas do pranto.

Futuro?
presente passa adiante
Dinâmico ...
Com ele conto , meu canto !


Amor atual é sempre um sonho
Fica no mental
transpira no astral
transmutação profânica





terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Hoje- Por Socorro Moreira


Tenho mil razões para te escutar

desenhei cupidos, flores no altar

silenciei o mar, na concha do amar


Pensando em ti

corpo se inquieta

doce impressão

de que estás por perto ...


Colei tua imagem

num porta-retrato

por um louco tempo

ele fica lá...


Reguei folhas mortas

já amareladas

enxuguei meu pranto

para te sonhar


Miro a noite, miro a vida

Vivo a sorte, conto os dias

No meu hoje

Você vai voltar.

Amor Invisível


Um vento forte te arrastou de mim
Um vento forte te fez voltar pra mim...
Não ficastes , desististes...
Um vento forte me afasta de ti.
vermelho invisível
vestido comprido
"rosas vermelhas
para uma dama triste"
cantiga de roda
ciranda menina
a canoa virou
o amor fugiu
Se eu fosse um peixinho
e morasse num aquário
protegia esse sonho
de amor virtual.
Ainda sinto o coração tremer
saltitar e balançar
quando te acho no mundo
fico zonza, sei lembrar
Mas o tempo cura tudo...
Sem dor, a ferida muda
a tatuagem do amor
é invisível , no escuro.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Rua Dr, João Pessoa - Anos 60- Por Socorro Moreira




De volta ao passado ...
Rua acima, rua abaixo ...
Estou pisando nos ladrilhos da Dr. João Pessoa. Da Casa de Dona Benigna até a Praça Siqueira Campos... justo de onde , a troca de olhares entre os brotos, nasciam grandes amores.
A casa permanece do mesmo jeito.: jardim encantando um santuário. A casa das cinco mulheres : Dona benigna, Dona Anilda, Dona Alda e Dona Almina. ...e uma ruma de meninos ( os filhos de Dona Almina), isso sem contar com toda a turma dos primos. Boas energias, boas prosas , bons cuidados. Muro com muro , morava Dona laís. Mais uma das Arraes... Era bela. Cabelos negros, pele clara, olhos cor de esmeralda. Mãe de Everardo Norões ( notável escritor), "Donaciano" e Fernando .
Depois , a casa da Dra. Josefina. Um casarão sombrio...Meus olhos lá nunca penetravam ...Parecia-me que as luzes estavam sempre apagadas .Mas era uma personalidade que me intrigava. Uma médica, nos anos 60 era coisa rara.
Lado oposto , moravam , numa casa minúscula, eu e a minha família. Dormíamos uns em cima dos outros... aperto em todos os sentidos. Dias de chuva , a casa ficava inundada. Boiavam , os nossos utensílios... Eles sabiam nadar , gozar o prazer de um banho de chuva. Meu pai adormecido , nos seus sonhos de boemio , conseguia nos lembrar: Cuidado com o meu sapato de cromo alemão... Enquanto isso as mulheres adultas ficavam puxando e enxugando as águas.
Parede com parede , Dona Irismar e Seu Antonio; Seu Luiz (enfermeiro) e Dona Albertina ; Dona Zeneuda ( prima de Dr Aníbal e Letícia Figueiredo).Tinha quatro filhas : Antonieta ( a mais bela), Elisabete, Ermira e Elisa... Vida de viúva...Modesta, parcimoniosa, mas feliz !Na esquina , a pensão Hermes. Janelas e portas abertas. Mesas bem forradas, ervas azeitadas ...Viajantes, forasteiros... e o cheirinho dos temperos.
Praça Juarez Távora , Escola Técnica de Comércio , sob a direção do professor Pedro Felício Cavalcanti. Movimento constante. Quem não podia estudar no Colégio Diocesano ou no Santa Teresa, formava-se lá... E naquela Instituição , muita gente se instruiu , e conquistou seu lugar. Berço natural da Faculdade de Economia do Crato.
Até chegar na Praça Siqueira Campos, a gente tinha que pisar na calçada de Dr. Meudo, casa de Dr. Aníbal, Seu Eunício Dantas , Armazém Recife , Alfaiataria de " Rivadave ", consultório de Dr. Derval Peixoto, sobrado de Joaquim Patrício ou seria de Antonio Luiz ? Armarinho dos Vilar, Casas São José ( ainda permanente...ainda vende chapéus); Livraria de Seu Ramiro Maia. Ronald no atendimento. Meu olhar a cobiçar livros, notadamente ,os Romances; Tipografia Cariri de Seu Raimundo Maia e Dona Conceição: Casa Vênus, Casa Abraão, Casa Alencar, Livraria Católica de José do Vale e Vieirinha... ( aposto que viviam por lá , Do Vale e Zé Flávio , que ainda eram meninos) ; Ernani Silva , "Sal Míneo ", Anísio Calçados...e O Grande Hotel.
Lado oposto , a partir da Pça S.Vicente, lembro da relojoaria Nonato, Casa do Pintor, Ótica aonde Sofia ( irmã de Maildes Siqueira ) trabalhava; Tércio Vidraçaria ( ainda no mesmo lugar, e do mesmo jeito... ! A Babilônia de Wilson , sobrinho de Cícero Coló, Casas Pernambucanas, Banco Caixeiral... Seu Pedro , Augusto Gonçalves( meu padrinho de batismo), Ésio Braga...Na memória, ainda trabalham por lá; A Cratense de Seu Euclides Lima Barros e Dona Neném ; Juvêncio Mariano, Loja Azteca, que calçava a nossa elegância ; Thomaz Osterne de Alencar... e a praça !
A praça, a Frigidaire, Bantim e o Cassino... Essa rua era o nosso Shopping, nosso passeio público, nossa vitrine, nossas luzes de néon, nosso caminho !



* Não confiem plenamente , na memória de uma menina. A intenção é atiçar lembranças , e torná-las mais completas. Acrescentem. Cada nome citado , merece um conto !


domingo, 25 de janeiro de 2009

"Dançando na Chuva" - Por Socorro Moreira




Visitas diárias

É a chuva

Ela gosta dos últimos dias de Janeiro

De molhar nossos livros,

quando as aulas recomeçam

Já fazia parte do nosso enxoval :

Capa, sombrinha e galocha...

Chuva aumenta
a vontade de dormir
a vontade de comer ,pegando fogo ...

de tomar chocolate quente ,

na beira do fogo...


Tempos úmidos

Quietude interior ,

mesmo quando os problemas efervescem,


Terapêutico é escrever uns dedos de prosa,

na falta do modelo próprio.

Queixo-me do cabelo molhado de suor...

queixo-me do cabelo molhado de chuva...

Tudo me resfria ,

mas que fazer com a natureza,

se ela faz parte do meu dia ?

Imploro um raio de sol,

quando a roupa não seca ...

Imploro um pouco de chuva ,

quando a mata se "amorena ",

e precisa de roupa nova...

Pipocas !

Um filme de amor...

Com trilha sonora,

que me faça fechar os olhos...

Uma visita surpresa,

bolinhos de chuva,

e uma caneca de chá...

É pra já !

Espero assim ,

o calor, e o inverno chegar...

Nos braços dos sonhos,

sempre acho o meu lugar !

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Ilhada - Por Socorro Moreira - Foto Claude Bloc


Chuva ilhando o convívio
fertilizando a saudade
nos corredores vazios
Mal-não-quero
bem-me-faz
E o azul que se perde na chuva
volta no amarelo solar.
Verde tinta , natureza
Espero você voltar
Lá adiante...
O tempo não sabe contar.
Roupa velha
pano novo
tesoura para cortar
Arrasto a sandália ...
pernas, pra que te quero ?
Ajuda-me a chegar lá .
Meu pensamento dorme,
se aquieta , silencia
Tua voz, como escutar ?
Quando foi ?
Nunca mais ...

Chuva ilhando o convívio
fertilizando a saudade
nos corredores vazios
Mal-não-quero
bem-me-faz
E o azul que se perde na chuva
volta no amarelo solar.
Verde tinta , natureza
Espero você voltar
Lá adiante...
O tempo não sabe contar.
Roupa velha
pano novo
tesoura para cortar
Arrasto a sandália ...
pernas, pra que te quero ?
Ajuda-me a chegar lá .
Meu pensamento dorme,
se aquieta , silencia
Tua voz, como escutar ?
Quando foi ?
Nunca mais ...

Claude Bloc disse...

Muita inquietação...
Muita ausência...
Muito silêncio...
O tempo urdindo sua teia
A teia urdindo a hora
Nos corredores
Nas entrelinas
No compasso
No descompasso
de uma saudade tresloucada.

domingo, 18 de janeiro de 2009

"DUPLIX"- Tiago Viana X Socorro Moreira


Tiago Viana X Socorro Moreira


Na distância dos quilômetros/ nos quilômetros de emoção

Todos os pingos que caem do céu / molham um pouco o coração

Lembro do Crato/ das pessoas que lá se enraizaram

Do canal, do Rio Granjeiro/ da pedra da Batateira

Da Serra a desaparecer entre as nuvens /Da carnaúba , seus cachos perto das nuvens

Da correnteza a arrastar as lamas/ dos barquinhos de papel soltos pelas crianças

Do mercado cheio de frutos aos domingos /dos balaios , nas cabeças com rodilhas

Das sementes brotarem no Lameiro/ da seriguelas adoçando a nossa boca

Do sorriso dos agricultores a molhar o rosto/( toda chuva tem seu gosto)

Nos mesmos pingos que me lembra o Crato/ eu sinto o cheiro do mato.


Belo espaço na Internet, a reduzir as saudades do Crato e do nosso povo/ o povo que nunca parte , o caroço do abacate.


Adicionei seu Blog ao Blog dos RastreadoreS de ImpurezaS,
Rastreando as impurezas , minha alma levita , na surpresa !


Abraços, Poetiza educadora da terra dos pequizeiros.

Abraços musicais, cientista das artes da terra dos pequizeiros.


Pra não esquecer... Por Socorro Moreira


Noite de boas-vindas a Claude. (Choparia do S. Luiz – 09/01/09)Música, noite livre, chope, Aquafresh, Dihelson, Nina, Maria, Jaime, eu (Socorro) Claude, Victor...A expectativa de convívio, (reunião dos dias 12 a 17). Operários da Escrita.O entusiasmo contido pronto pra explodir a palavra com o peso e a leveza a essência que ela encerra para expressar sentimentos.

Victor & Socorro Moreira.

Manuel de Jardim & João do Crato
.
12.01.09 – Voz, violão, magia no “Olhar” flashback de músicas que a gente sente na sonoridade e gosta de cantarolar. Repertório impecável. Na platéia a presença de eternos boêmios e amantes da música e da poesia: Claude, Socorro, Dihelsosn, Sávio, Nina, Victor, no compasso do violão de Manuel de Jardim e na voz de João do Crato. Gaby, hospedeira da Arte – Grande abraço.
Roberto Jamacaru, Edivânia e Darci
.
14.01.09 – Casa de Darci Libório – Sarau Poético – Um cantão e um acordeom com Hugo Linard. A noite começou com Strangers in Paradise , passando por Jalousie, Stella by Starlight, Luar do Sertão, e pairando na linha do gosto melódico de cada um. Voz revelação: Professor Harmógenes T. de Holanda e a versão feminina: Claude cantando “La vie en rose”, lindamente acompanhados por Hugo Linard. Abrilhantaram o encontro: Bernardo Melgaço, Socorro, Victor, Dihelson, Nina. Salete Libório, Edivânia, Maria, Wilson Bernardes, Fátima, Roberto Jamacaru e Fanca.

Maria e Hugo Linard ao Acordeon
.
Wilson em recital
.
Darci (chez Roberto)
.
Sarau - na casa de Darci
.
15.01.09 – Dihelson in Concert – Abidoral, Claude, Socorro, Edilma Rocha, Maria, Nina – Clássicos, Jazz, Bossa Nova... Suspiros, levitação. Reverância inconteste ao grande musicista Dihelson – e ponto!
*
16.01.09 – Casa de Roberto Jamacaru – Renderam-se à magia poética: Roberto e Fanca, Olival e Márcia, Abidoral e o violão... recordando canções de Noel, Bororó, e outros tantos sem esquecer obviamente, canções de autoria de Abidoral, tão bem conhecidas e apreciadas.

Prof. Hermógenes
.
Abidoral & Socorro Moreira
Hermógenes, Nicodemos e Abidoral
.
A cigana Salete lendo a mão de Hermógenes
.
Olival e o casal Roberto Jamacaru e Fanca
.
Visitas “en passant”:
Nicodemos e Isabelisa, Lupeu e namorada, Pachelly e Socorro. Sem contar com o contumazes: Socorro Moreira e Victor, Maria, Edivânia, Darci e Salete Libório, Hermógenes e a presença espiritual dos afetos ausentes.

Casa linda dos anfitriões de coração aberto e felizes. Claude a conquista conquistada.
Um happy end à mulher-qualidade.
.
Texto de Socorro Moreira & fotos de Claude Bloc

"Moonlight Serenade"- (Inspirado num texto de A.Morais)- Por: Socorro Moreira


Éramos adolescentes.
O CREVA (Clube Recreativo de Várzea Alegre), nosso imã. Ponto de encontro.
Cheguei como visitante. Meu olhar correu na estrada, chegou à cidade, passeou na Matriz de S.Raimundo, na Praça, nos cafés (tigelas de doce de leite), vultos masculinos, possibilidades de construir amizades, e novos sonhos.
Dias de férias, ajuntamento de estudantes. Ócio romântico.
Amplificadora ativa, através das músicas, passava os seus recados noite e dia. Nas calçadas, em cadeiras de balanço, gente de todas as gerações, pastoravam o tempo , proseavam , achavam graça, se entendiam.
Cheiro de “White magnólia”, vestidos de seda e chiffon vermelho, brinquinhos de pérolas, pulseiras escravas, saltos finos, meias de seda, batom cor-de-rosa, cabelos curtos ou longos com franjinhas...., Boleros, xadrez, canastra, dominó, danças face a face, conversas engraçadas e tímidas ....Flertes , paixões nascentes e serenatas ...
Depois de balançar pernas e coração, e quase adormecendo, éramos acordadas pelo som das serenatas...
Os meninos que invadiam a pureza do nosso coração, tentavam com gestos delicados , nos deixar o carinho musical...Um beijo , um olhar , na canção.
Não sei por que adotamos “Renúncia”, como trilha sonora... Além de “Relógio” (música da última serenata – despedida das férias... sempre lagrimosa, saudosa, inesquecível!)... É claro!
Renúncia era uma palavra suave. Pedia ao tempo que esperasse o futuro. , e ao mesmo tempo, pedíamos ao “Relógio”, que pelo amor de Deus, parasse... Que nunca amanhecesse... Que deixasse longe, a despedida... Nunca desejada!
Passaram-se quatro décadas. Passou a emoção do coração desarrumado, apaixonado... Pulando, e ficando na palma de outra mão.
Cartinhas amorosas, descomprometidas para a Duque de Caxias – Edifício Jalcy Avenida ...
Passou o silêncio, o desencontro, a notícia, o desejo e o sonho...
Ficou o sentimento inviolável, perfeitamente intacto... Em todas e tantas lembranças.
A mesma voz, o mesmo riso, a mesma vontade de conversar, de ser incendiada pelo brilho do olhar.
Mais uma vez, a vida nos devolve o passado, numa caixinha de música. E lá está, a bailarina que anuncia e espera, incansavelmente, um novo encontro.
Oi, meu X... Sou teu Z, apesar de tantas incógnitas, equacionadas ou não, em nossas vidas.
Éramos jovens, puros e lindos... Só a paz do futuro, num tempo delicado e maduro, poderia nos presentear, e celebrar um novo encontro.
De tudo que vivi, você é o frescor, a hortelã que alivia meu coração de outras dores.
- A sempre-viva... A Renúncia revertida!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Devaneio



A chuva voltou. Trouxe as sementes do frescor. Umedeceu minha samabaia , deixou molhada a roupa do varal. A natureza se encolhe quando ela chega...Depois tudo muda de cor, averdeja-se !


Minha poesia é fungada ...Preciso tratá-la. Internamente , ternamente ...


As lembranças deixaram de me inquietar. O presente me chacoalha , me faz tirar leite da pedra ... e com os pingos desse leite, sobrevivo. Minha tosse prenuncia o futuro.Expiro fumo...Aspiro vida - sem conflitos. Tudo claro , e nele me abstraio.


"Hoje eu não te quero mais ..."


Apago o cigarro .Com fósforo ativo a minha história.


Manhã nublada de janeiro. Coração acordado. Corpo querendo viço...Sem petisco !


Que a paz seja rainha ... Sempre !

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Cântico -




Cântico

Sopro, brisa

vida, leva...

É muda a verdade que a gente sente

É zuadenta a verdade que se conhece

A paz é cega!

Tateia, nos inquieta...

Apenas nos sonhos,

as cores são notas
de uma canção feliz!

o instinto do sobreviver

ativa a célula amorosa

Eu morro, quando tu somes,

quando te escondes...

no passado e no futuro!

Eu vivo, quando tu voltas

em versos ou prosas...

numa pose vaidosa da lua

num intrometido raio de sol

Num piscar reconhecido

recolho, bestialmente

o riso que o tempo guarda,

e que hoje me devolve!

Nem off, nem line...

Apenas quântico

na memória da alma- AMOR!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Cicatriz




Os olhos do meu amor
é cor-de-chuva
por isso pingam
e emocionam



A boca do meu amor
é cor-de-uva
por isso é vinho
desejo e cica


O toque do meu amor
é seda mística
por isso toca
e eu canto um riso


O cheiro do meu amor
é cor-de-ópio
por isso aspiro
papoula purpúrea
me afrodisíaco.


O amor é assim,
bichinho...
É bicho !
Exagerado pelos sentidos
Enaltecido pela alma
Nunca passa ...
É cicatriz !

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A Luz - Socorro Moreira X Claude Bloc - "Duplix "



Por : Socorro Moreira

A luz
seja do olhar
seiva do luar
seja difusa
nesta vida confusa
seja fria
lâmina que arbitra
seja forte
mesmo na hora da morte
seja opaca
quando o amor se apaga ...
- Conseguir descobri-la
na escuridão do nada.
Por : Claude Bloc
A luz
Seja o fulgor nas estrelas
Seja a mina no olhar
Seja ela vespertina
Nas noturnas fantasias...
Seja o rumo, seja o prumo
Seja o sul ou seja o norte
Mesmo na hora da dor
Seja ela obtusa
Mas pura e passageira
Pois que quando o amor se apaga
É preciso sempre tê-la
E nela encontrar o lume
Na escuridão do nada.

domingo, 4 de janeiro de 2009

"ÂNFORA" - Triplix -Claude Bloc X Socorro Moreira X Domingos Barroso



Ânfora - Por Domingos Barroso

Não vasculhe a bolsa de uma mulher.
Não há segredos sensatos.
Um batom ressequido que for.
Um espelho quebrado que seja.
Relíquias.
Não ultraje a alma de uma mulher
vasculhando-lhe a bolsa.
Cada insignificante objeto
uma vida.
*Não vasculhes o coração de uma mulher
Sentimentos perdidos podem ressurgir ...
Laços que apertam papéis amarelados
podem asfixiar o coração de uma mulher
Não vasculhes o momento passado
Fique com o olhar de encanto que ela te dedica ...
Ela é poesia e musa inspirativa
O agri-doce da lágrima
Água doce estrelada
A bolsa e a mulher ...
É também a mulher e a vida !
Por : Claude Bloc
*Não vasculhes o sentimento de uma mulher...
Não lhe insufles a alma
Pois sob as cinzas hão de ressurgir
As chamas do passado, o sortilégio do presente...
Não vasculhes a alma da mulher
A sua íntima sede de viver
Suas agruras e sua dor
Permita que ela solfeje
Os acordes mais plangentes...
Permita que ela se deite
Vazia e resignada...
Bolsas e colares ao léu...
Apenas mulher!

A bailarina - Texto inspirado num poema de Barroso - "A lâmpada" , e na carta do tarot : " O mundo"



A vida é mágica. Somos magos.Viajantes , carregamos conosco a bagagem de experiências somadas.
Nas paradas , conferimos a nossa mala - O BAÚ DE PANDORA.
AO ABRI-LO , COM OUTROS ARQUÉTIPOS, A GENTE LIBERA A BAILARINA, QUE REPRESENTA TAMBÉM A NOSSA ALMA.
"O CAMINHO DO INFINITO COMEÇA EMBAIXO DOS NOSSOS PÉS".
Com ela dançamos o baile da nossa existência.
Fechamos um ciclo...Porisso as lembranças somem...E tudo recomeça...Flui e reflui, avança e retroscede...ascende e descende...(movimento de um pêndulo).
Esse par representa o consciente e o inconsciente integrados. A resultante é o conhecimento, alegria e celebração.
Tua bailarina representa a síntese final de cada um dos teus processos, sugerindo a abertura de um novo começo. Celebração da obra consumada.
Já não és escravo.Conseguistes transceder, abrindo espaços para novas possibilidades.
Hora de ser mais fumaça e menos pedra. Hora do Gestalt.
Momento de iluminação. Manifestação da criatividade, em aspectos cada vez mais sutis...
Colha os frutos do prazer !

sábado, 3 de janeiro de 2009

"Desenredo" - Foto by João Nicodemos


"Desenredo" na viola
Entender nossos segredos
construir um novo enredo
cantando com todo acerto
o que pode ser perfeito!
No sax , desejo tudo
Misty, stardust, moon river ...
No cavaquinho ,
um chorinho...
Aliviar
nossa dor de cotovelo.
No violão ,
uma canção vadia ...
que fale de lua, orgia ...
Afinal ...
Toda rua tem vigia ...
Tem donzela apaixonada
Tem uma gata no telhado
Tem saudade ...
e tem também nostalgia .
Na guitarra ...
um rock e um blues...
pra entortar de vez o coração
de quem busca na música,
uma doce inspiração !

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

O primeiro de janeiro


As despedidas
explodem fogos
dentro e fora de mim...
Ficam resíduos
Adubos que se absorvem
Rremovem a terra por si ,
e algo volta a florir
O novo é sempre verde
sem desprezo à folha seca
que o vento deixou cair

Esta é a zoada do tempo...
Lembranças no pensamento ...
No secar das minhas águas
abro as valas do sorriso
Pra que debochar da vida ?
Ela sente , e escarra em mim

Cheiros de tinta fresca
para esta noite de festa
Banhos de alecrim, canela ...
No ralo , culpas têm fim
365 dias
apostando na alegria ...
Disparo de novas bombas :
chocolate e sapoti !

A cidade me convida ...
Abraços já amarrados
nos afetos dos meus dias
Acendo uma lua em mim
Apago a lua do meu quarto
No toucador do banheiro
tem um perfume de mato
Aspiro desejos fartos
suspiro um ai do passado
e vejo que o futuro
já está encadernado.

Amor disperso , condenso
pudim de leite , que adoro
Reparto com todos vós
Irmãos por parte de avós.

Blogs de tantas palavras
em minhas horas de buscas ...
fizeram a sua parte !
E os versos que nunca digo
gravados em fita virgem
recolhem os meus desabafos.

Quem é o Santo do Ano ?
Ainda nem descobri ...
Se for Oxossi ,
eu garanto ...
de verde vou me vestir !