quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Toques e Magia


Não tire seu sorriso...não desconverse!
Contigo sou sozinha...caminho que não finda!
Não fuja de propósito
Não fuja pra valer
Brincar é coisa séria
Difícil é esquecer!
Toque aonde meu corpo deseja,
aonde a alma precisa...
Esse ritual é quase erótico...
Toque e magia!
Cada toque jorra verso...
leite do nosso mistério!
Que volte a luz...
o cheiro das canelas
como antes, como nunca
como num futuro incerto...
Que volte a zoada do vento,
no trinco da nossa janela...
O calor nas madrugadas,
o roxo da paixão,
o azul da alegria!
Quem provoca,
nem sempre tem coringa na manga
Mas tem manga no pé,
do pomar de outubro!
E tem pano pras mangas?
Com vestido decotado,
o sol castiga...
e ninguém é santo!
O mal é viver de mãos dadas
com o passado esgotado
Se ele persiste,renove-o!
Quero te acenar
em cada parada de estrada
seria bom,
se você me enxergasse... sem lenço!
O queijo acabou
O amor faltou
A birra nem começou...
Sem atiços, nem pedidos,
tudo num canto ficou!
Pelos vales secos,
a terra em cio,
aguarda um rio...que nunca veio!
Fogo queimado
Mata dourada
Espelha desejo!

No mundo da lua




Agora só lembro das luas...
Quando aquela loucura de mim se apossou!
E nem foi amor...
Amor unilateral nunca é universal
É fanático
Não é católico...



Dizem que é búdico,
Quando a gente cala o amor,
E só pensa na flor!

Sem começo, nem fim...


Amor até quando?
Amor desde quando?
Amor que devolve não guarda
não sabe o lugar do canto
fica encantado num pássaro
mas não voa do seu pranto!
Distâncias que não transponho
pontes quebradas pelas tempestades
pássaros feridos
vôos cancelados...
Estou na lista de espera
estou sempre na janela
de asas cortadas!
Relógio gira lento
nada pra esquecer ou fazer
tudo varrido, sem teias...
Baratas se escondem em buracos...
Eu me escondo no quarto
daquele sol que me queima!
Céu rosado, vento trancado...
Lágrimas soltas,
escorrem caudalosas,
no leito solitário!
Fico onde estás
letra do teu livro
pétala seca
som de um mosquito
livre em mim
Solta em ti!
Tem um poste de luz que incomoda
tem silêncio que não ilumina
tem ausência que geme na distância
tem vôos sem destino
Ponto de saudade que não sai do canto!
Tarde
envelheço de saudade...
Quando finda, esperança nasce
Noite... Traga-me versos!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Brincando no Sol



Brincando no Sol

Devolve a nuvem rosada
que enchia o meu olhar
quando eu te avistava!
Vem
toco em você com carinho
Corto as unhas do carinho
para nunca te ferir
Vem
traz o perfume do mato
o frescor da madrugada
o luar lá do quintal...
Traz o amor que se expande
que corre livre no tempo
ao encontro do destino!
Mar que avisteie nele me banhei
barulho na concha do ouvido
canção nunca esquecida
solfejo, e grito!
Olhos no teto
papo pro ar
alma soltinha
querendo te achar
coração batuca um verso
boca reza mistério
nariz fareja jasmins... Volta pra mim?
Você saiu... Sem senha para voltar!

Coração nublado

Vejo o mundo cortado em telas
Fascinam-me os caminhos
Entre buracos e flores vejo cores
borro a vida com tintas
faço marinhas
casas de taipa, em pé de serra
Abriram janelas e portas
nem me importa
Estás onde queres
não me feres
fico imóvel, no teu caminhar em mim
Há de ser assim
Uma eternidade basta!
Sinto falta da minha companhia
Aquela que insiste em ficar contigo!

Se o paraíso é colorido
por que insistir no preto ou no branco?
O preto no branco...Parece cinema antigo!

Um sonho termina, outro recomeça
Quem diria que esta tarde escurecida
Fosse a minha paz?

Um triângulo deixa de incomodar
quando se parte em pedaços
ou vira pirâmide de paz!

Dia nublado
sopa na panela
pingos de saudade
escorrem numa tela
tempo abre espaço
afrouxa laço
olha verde, no firmar azul
terra roxa...saída do túnel
Enfim vejo a luz!

Sumidouro

Fim do amor...
Parece música de bar, no final de tarde...
Sentimentos dissolvidos como algodão doce...
Sempre será como sempre...
Dor de amor à gente cura,
Quando o tempo cura a gente!

II
O amor empresta inocência ao coração,
E torna a busca contínua!

III
Ao entardecer, vislumbrando o céu, misturo tintas... Tudo violáceo!

IV
Peço licença ao teu sonho
E entro em tuas ondas
Como flor, no bico do beija-flor!

V
Onde estás, menino do anel de prata?
Teu silenciar me maltrata
Como fruta esbagaçada,
Da mangueira, na calçada!

VI
Estrelas migram
Céu escurece
Luz eremita
Acende caminho
Amores impossíveis
Encontros no infinito!

Esperas


Madrugada escura
sem cheiro de flor...
De novo, o amor faltou
Aflição no ar...
Comum, alastraste...
Promessa sem esperança,
e o coração preso em algum vagar
Medo da soltura,
e de no vazio nunca mais amar!
Pesada dos anos, ainda caminho
Me arrasto no tempo sem saber sonhar!
E o amor perdido onde dormirá?
Mudo a cor da parede que me enclausura?
Pinto de amarelo ou da cor da lua...
Infiltro meu olhar em um novo achar!
Espera vazia, surta...
Espera serena, cura...
Uma velha dor que não quer passar!
À mercê do sentimento, sempre volto,
quando me procuram...
Linha, casa, botão, gaveta de armário...
Sempre espaçam pra você ficar!
Nunca prendo no abraço
Nunca acordo pra sonhar
Fico à toa numa espera tonta
de janela aberta pro amor chegar!
Ele passa... Não chega!
Ele voa... Não pousa!
É uma borboleta de asa prateada
flor em flor... Não pára de brincar!
E neste sumidouro aonde te encontro
Afundamos todos dentro de algum plano
que Deus permitiu para nos juntar!



Falando Sozinha



Eu te quero sem pé, nem cabeça...
Um querer libertário
Você em você... Nunca em mim!
Procurei-te nos pontos... Só te achei nas canções
Os teus hachurados me incompreendem
Área de intersecção?

Lúdico latido
tem cachorro
brincando de ser menino!

Por indisciplina
mexi com a tua calma
e perdi de vez a parte que faltava!

Estamos em sintonia com o destino
Podemos afrouxar as rédeas do carro!

O vento do teu assobio... É escocês?

Chuva insistente atola meu chamado!

Desenhar é riscar claros e deixar o escuro acontecer!

Juntar pedras no caminho... E apedrejar o Ego!

Quando a gente não pode ser a letra "z"
Conformamos-nos em ser um pingo?

Meus nervos entendem a verdade... Porisso explodem!

Uma gota de vinho na taça... Acho sacrílego lavar tua presença!

O pipoqueiro vai passando... É assim todas as tardes... E todas as tardes,
Amoleço de tédio!

Eremita


Passou 2007
Os últimos dias resolveram mudar o ritmo
Fizeram coreografia com um bando de tartarugas...
Céu nublado, tardes quentes, tudo mudo
Comida com cheiro de festa
doce, acastanhada...
Em algumas janelas do tempo o dia esqueceu a neve, o saco de Papai Noel,
e a renas não foram importadas...
Em algumas janelas, existe apenas uma vela!
Ninguém chegou, nem partiu
As bolsas ficaram vazias,
e as sacolas... repletas de plástico, de fios, de futuros descartáveis.
Um pote de balas vazio, um vestido surrado no armário, um sapato apertado...
Um perfume de amêndoas, quase enjoativo...
Um coração em saltos... Aflição dentro do carro
Falta de um riso largo, e de um choro comovido.
Próxima semana é 2008
sem prata e sem ouro no bolso
Contas na farmácia,carrinho vazio, no supermercado...
Arroz, feijão e pão!
E o vinho espera abril
o milho espera S.João...
Até dezembro voltar com cestas de intenções.
Há uma possibilidade de felicidade no ar...
Resgatar o coração, perdido na contramão
Há uma possibilidade de alegria no final do dia,
quando o sol esfria...
Uma bola prateada, que se chama lua,
enche de volúpia toda nossa vida!
Há uma possibilidade de viver bem...
E que Deus permita!

Última Madrugada


Repente... Ultima Madrugada!

Madrugada que chora

nuvens aliviadas

lua ausente

Viajo no sonho...

Rio dos meus endereços!

Ressonam teus sinais...

stand by!

Namoro da alma

numa carne viva

pra que transcendência?

Um encontro é lenda

mas se faz carente quando a noite é paz!

O céu ligou todos os sons

música estronda...

efeitos faiscantes marcam esse momento!

Beijo teu mistério,e furtivamente...Aquieto o meu desejo!

Voltou a inquietação...

Meu amor se declara...

É paz ou guerra!

E o passado some

misturado em tantos

que eu já não espero

Agora és tu...

presente no futuro

apronto esse tormento,em ventos mensageiros

Chegas em perfume

pele imaginada

esboço enluarado de obscuro êxtase!

Ópio que penetra...

Sem perda de tempo

te concedo a chave

dessa nova casa!

Ele é louco

Lobo e claro

como as manhãs de Dezembro

Caminha para mim num passinho lento

chega descansado, mas com fome intensa...

E nesse entrelaçado de tantos segredos

Eu procuro em versos matar seu desejo!

Tudo ameaça nascer

Tudo chegou outra vez

Explode como bomba,no contentamento!

Ainda pode ser

E pode também não ser...

O verbo desconjugado

Alínea eu e você!

Beijo a boca que fala pelos dedos

Beijo esse corpo com muito desvelo

E nesse engate

de sentido fálico

A poesia é sexo...

Verso...eu te desejo!




sábado, 26 de janeiro de 2008

Sob o Sol do Cariri - Foto Dihelson Mendonça




Tem mais amanhecer do que anoitecer
Nas esperas prolongadas
A sucessão das horas
Contam dias,
Contam anos,
E param na eternidade!

A espera é vazia ou apipocada...
Com clássicos do cinema,
Um samba de Chico,
Cigarros e líquidos...


Esperas nutrem o aprendiz!
A grande espera
É amorosa...
As pequenas esperas
São vaidosas!
Outras são ilusórias...
Inesperadas...
Impactam a alma!


Existem esperas
Piedosas, chorosas...
Dolentes, gementes...
O alívio é sempre a morte...
Ou a saudade eterna!


Amanhece, entardece
O sono e o sonho...
Enquanto a pele envelhece!


Espera do encomendado
Espera do que virá
Espera do que não chega
Espera por esperar!
Mortes e nascimentos
Festas e casamentos
Atraso no entendimento
Pressa no esquecimento!

Parar de esperar
É a paz infinita...
É morrer de esperar!
A janela da minha espera
É sempre especial...

Saudade... De vez em quando
A falta... De quando em quando
Alegres encontros?
De vez, em vez!



terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Quando eu era Imortal - Socorro Moreira



Imortal...antes e depois da vida
Imortal é Deus , criança
fantasma , louco...
Um pouco imortal,somos...
quase o tempo todo!
Mortal é o presente
sempre tão corrente
mortal é o passado
sempre acontecido!
Imortal é o futuro
eterno prometido!

Quando fui imortal
nem me percebi
quando amanheci,
morri todo dia...

E agora,
que faço com os amores,
que se imortalizam?
Mortais são os sonhos
que em mim, terminam!
.

A Dança das Formigas - Socorro Moreira



A festa acabou
o bolo sobrou
chuva de formigas
de um céu invisível
fertilizam o doce
que no sangue existe

dançam ,nipônicamente
incansáveis,nem a morte temem
mas estragam a folha...
que protege a flor,
bebem,compulsivas
todo seu olor!

maestradas
por um dom divino
adivinham o mel
que na pele fica
ou se clorofilam...
numa fila infinda!

piedosas,
ardentes,
ciganas...
num passinho curto
bailam pela vida!
.

Pirilampos - Socorro Moreira



Lua nova
noite escura
estrelas do solo
piscam pro destino
Beiram nas estradas
que nunca terminam
brincam no asfalto
sem pensar na sina
desconhecem o sol,
dele fragmentos...
desconhecem cores
mas respiram verde
e azul petróleo
mata e céu...
É por lá que morrem!

Caçando luzes
eu me perco sempre
sempre me dispersa
este vôo ausente...
Pouso breve,
como um beijo tímido
Pouso leve,
com a alma ,voa!
.

O Belo Rio da Vida - Socorro Moreira



Riacho lácteo
de seixos, de seios
colo lavanda
balança no leito

Pedras limadas
jogadas na beira
Iaras, ninfetas
no rio se ajeitam
no espelho das águas
arrumam os cabelos
Com fitas e rosas,
esperam Narciso...
Que tarda, e não chega!

Rio navegável
enluarado de loucos
nele se atiram
meus sonhos de moço
esperam o feitiço
de um canto...
de um bicho...
de uma flor do mato
que um peixe fisga!

Rio sereno
águas turmalinas
acolhe o pescado
oferta uma isca
salga com chôros
o veio que salta
nos mares bravios.

Rio cansado
das águas paradas
reduto esquecido
na orla florida
perfuma o gemido
dos ais afogados
de todos os sonhos
que encontram o destino!
.

Minha Alma invade a Madrugada - Socorro Moreira



Não escutei o choro do ano.Ainda estou em trabalho de parto...acho! Expurgando o resto das ceias do ano passado.Mas isso faz parte do processo de renovação.Vivendo as madrugadas com sonhos e pensamentos...
E, por falar em madrugada...


"A minha alma invade a madrugada"


Alma boêmia...
Busca nas ruas
respingos do dia.
Passos na calçada
de gente criada...
passos no astral
de gente imortal!

Vigia da madrugada
amante da noite
no cheiro de dama
jaz, embriagada!

Sons noturnos
libertam esta alma
Um solar difuso
prende a sua cara

Metade dos sonhos
adormecem sem asas...
A outra metade,
nos sonhos se acha!

alma invasora
dos anjos perdidos
alma azulada
sem halo, nem faro
carrega no bico
o som de uma flauta
Busca no espaço
sua lira amada!

Encontra na escala
um teclado mágico...
expressa em melodia,
esta madrugada...
Até que o dia,
lhe encha de graça!
.

"Sussuruídos" - Socorro Moreira


"Sussuruídos"

O Mestre fala no silêncio.
Quem vive no silêncio, se torna Mestre!

Pingos na calçada
Lama no caminho
E agora, destino?
Traça e transforma
a vida, em fados!

Antes da comunhão,
Voltamos à mesma estação...
Roda da fortuna
Giro cármico
No silêncio que grita
Faço as tuas malas

Nem a rosa, nem o cheiro...
Só o jardim das lembranças!
A praça é do mesmo jeito
Do meu tempo de criança
Cheirinho de filhoses,
Batata frita e pipocas
Bancos ocupados...
Uns namoram,
Outros passeiam a vista,
Enquanto a Igreja chama!
Chama de velas
Toques de sino
Almas benditas...

Dia árduo
Dia passado
Hoje é vindouro
Bem vindas todas as garças!

Dunas, dunas...
Ventos, Aracati...
Canoas partidas
Metades de luas
Sóis inteiros
Zoom viajante

Faz calor
Teu canto
perto de mim resfriou.
Tudo fora de área
Desfolho margaridas?
Caminho a esmo?

Estrada seca
Vagueia meu olhar
Fala meu coração
Engole canção
Como se fosse ostra

As luas se fazem novas e cheias
Rugas se fazem, na expressão do desgosto.
Aonde me acho, quando a preguiça me deita no leito?

Queria um poema que falasse do nada
Do amor curado, do beijo saciado.
Da noite festiva, num dia cansado.
Da rua vazia e triste
Dos carros que não passam
Das horas que se arrastam
Do teu cheiro de mato
Do teu olhar de gato
Do mel que engarrafaram
Do gênio...
Que não cumpriu seu mandato!

Queria um pouco de frio
No lençol que me acoberta
Um pouco de vento
Na cortina da janela
Unicidade e paz
Na pergunta sem resposta...

O sono é indutivo
O coração é dedutivo
Os sentimentos calam por timidez
Ou medo das contradições?
Um pingo de gente
Encharca meu coração .

Nosso amor capotou na curva da incompreensão
Nosso caminho ainda terá chão?

Preciso ficar no sol
Sem os raios femininos!

Aquietei-me, numa ausência sem recados!


Tudo é incerto
O novo com cara de velho
O ar com cheiro de rosas!
.

Neblina - Socorro Moreira


Neblina

Um sábado morto nos sonhos,
que não consigo lembrar
Céu gris...suavemente claro
A manhã deseja neblinar...

Seus líquidos,seus sonhos
Uma chuvarada de açúcar e sal!
Vontade de remexer em tudo
Mudar as coisas, que foram coladas
inquieta-me, a vida cristalizada
Parece montanha a espera de um lago!
Soltar meus passos...
Andar por aí, até cansar!
A pauta do dia foi rascunhada...
No fim do dia será rasurada!

Anoitece...

O sono vive no caminho
lua, na fase escondida
amanhã o escuro será claro
Bem vindo o dia!
As horas não apressam os sinos
quero entrar na caixa do presente
desfazer as fitas da ilusão
Mas só tenho nas mãos... papel de pão!
Não sou Hera, nem Vera...
Athenas e Afrodite,
se afastam de mim...
O amor está no mito,
ou no dito do destino?

.

Suspiros - Socorro Moreira

Suspiros


Socorro Moreira

Já não mergulho em águas turvas
prefiro a transparência da chuva,
que desfaz a tempestade
Prefiro a partida,
sem apelo ou despedidas.

No vai e vem do tempo
deixo escorrer as águas
deixo secar os sonhos
faço espuma nos mares da pia
esquento a bóia-fria...
Tudo é fria!
Nada volta...
Apenas um cheiro fica,
no lençol que me cobria!

Depois do leite derramado
Há sempre um gato
para lamber o prato
depois da chuva
há sempre um canto para secar
um cheiro novo no ar
uma surpresa no olhar...
depois de nós
fica o tudo no futuro
para o amor continuar!

Chuvarada
passeio na tarde
lembranças doces me espantam
prefiro a venda que tampa
o olhar que me esquecia!

Suspiros...

Senti-los como um beijo
que molha a boca
girando louco
no carrocel do corpo
domando a alma
que goza submissa!
.

Feito do Efeito - Socorro Moreira

Feito do Efeito



Socorro Moreira


O vento...

Mesmo suave ou parado,
influencia o ambiente
Assim tu me pareces...
E quem pode contra o vento?


Virei broto de feijão;
formiga carregando folhas;
abelha buscando a flor...
Sou um ponto em mutação
Sozinha num mar de gente
querendo o sol da canção!


Existem contrastes
nas roupas que visto,
na pele que abraço,
nos lugares onde moro...
quero sempre o preto no branco,
e tudo acaba em cinzas!


Você me encontra,
sempre antes de mim!

Caminhar contigo posso?
Amor sem visgo ou conflito
Quero vivo!

Começa na dúvida,
na pergunta sem resposta...

Só o feito do efeito,
inscrito na pedra...
Fica!

Flor em Sufoco - Socorro Moreira

Flor em Sufoco


Socorro Moreira

Inspiro verde
expiro amor
ando no branco com alma leve
dispo a rosa do mistério
pinto a vida de amarelo


Por que te espero?
Amor em pentagrama
cada nota uma cor
cada cor uma emoção...

Em lá te avistava
em dó te perdia
em ré tu voltavas
em fa(da) me encantavas!

Flor de lótus
lápis-lazúli
perfume de jasmim
pássaro do sol
água cristalina
ocupem o meu jardim!

Sobra um canto na mesa
um lugarzinho na rede
um sonho, e uma valsa

Falta livro aberto
voz contando casos
olhar atônito
enxergando o poema,
e criando a canção!

Pego o coração e arranco do peito?
Encontro meu eixo...
deleto o cheiro,
Escureço o sol que me iluminou?

Dono do coração
saiu devagar
como se fosse divina a despedida em silêncio

Coração puro, coração menino
Só quem se torna teu dono
Pode entender teu destino!
.

Poemas Molhados - Socorro Moreira

Socorro Moreira

Desencanto apaga o riso por encanto
Pôe a lágrima no seu canto
Embarga a voz na garganta...
Não canta!
Não discute, leva a mala
Deixa a chave da casa;
deixa perfume no ar
Irrita quem fica...
Faz lembrar!
As lembranças escapam
quando tiramos a poeira das mágoas...
A saudade carrega um samba no pé
A vida pode durar um só verso
que às vezes se imortaliza!
Se você chegasse...Nem me despedia!
Palavras são como flechas ou bombas
quando atiradas provocam estragos!
Mulher é bicho veneno
que não tem antídoto
Caras redondas parecem sóis...
corações serenos amam sem endereço
aceitam a flor e o espinho...o ausente e o presente!
Encaram ruas, dobram esquinas,
encontram espelhos nas águas,
entretêm-se caiando muros,
regando plantas, colhendo frutos...
Preciso encontrar meu olhar perdido na menina dos teus olhos!
Preciso do teu silêncio
que tudo entrega,
no escuro da tenda!
Quero molhar minha pele nas tuas águas vermelhas!
Busco um sinal,
um arco-íris!
Chuva molha, estraga ou viça
o que há fora de mim!
Ninguém trafega, impunemente, nas curvas de uma mulher!
.

Riscos Poéticos - Socorro Moreira

RISCOS POÉTICOS


Socorro Moreira
Meu sonho inacabado pede costura
meu coração pede sangue
correndo feito criança
nas veias do desejo...

Volta, gota da minha folha!

Impossível ser zen
numa noite profana
impossível expulsar
o anjo que me acompanha!

as vezes deixo todas as velas ao vento
perco controle e velocidade
e deixo o mundo pensar
que ganhou a guerra!

Um sonho termina,
outro começa
quem diria
que esta tarde escurecida
fosse a minha paz?

Meu amor é teu
eco de todos os narcisos
ensina-me a dizê-lo
ensina-me a tê-lo!

Se a noite está do lado de fora
ela que cuide das estrelas
não sei olhar o céu
enquanto você não chega...


Dobras no Papel - Socorro Moreira

Dobras no Papel

Socorro Moreira

Há um lugar ao longe
onde a Terra e o céu se dobram,
como folhas de papel...
Há um lugar ao longe,
onde fica a juventude...

Tarde e distante...
Queria-te no futuro!

Bemol ou sustenido
saudade e solidão
Nos fazemos nos silêncios,
nas ruas sem esquinas,
nos poemas e pensamentos!


NESTA MANHÃ DISTANTE DE NÓS
NÓS DESATÁVEIS
QUEREM FICAR CEGOS!

Solta no ar,
quero te caçar!
Depois te amassar...
folhinha por folhinha!


É normal esse desalento?
Esta incapacidade de salpicar estrelas
nos meus escuros?

Gotas nos olhos da cara
salpicam folhas...
(de papel e flores)

vento não apaga
a tinta borrada
Folha se gasta
e a lagarta pinta!

A vida é um tapete
feito por nossas mãos
pode ser de luz
estrelas, pedras, flores
de sonhos imaturos
como o rio que afoga enganos
como a estrada que não finda
como o sono que esconde o vinho...

Meu portal está aberto
Vou longe e alto
com todos elos e elas!


Lindo é Saber - Socorro Moreira



Lindo é saber...
Que estrelas estão sempre lá
quando nuvens escorrem nas retinas
Dividir o pão,
quando é só pedaço
Tirar suco da fruta,
já bagaço
Dormir com a barriga roncando
a fome de amor
sabendo que a cura está no beijo
Ouvir a melodia
e a letra florecer na garganta
Amar descaradamente
esperando de janela aberta
que o céu devolva
o que já foi santo!
Saber que o tempo passa
mas sempre fotografa e guarda
a doce alegria de ficar pra sempre!

Internética

Sua tela escureceu
Sua energia escapou de mim
A frustante sensação de desconexão
abriu windows da saudade


(*) A foto que ilustra a postagem me foi dada pela Socorro e tomei a liberdade de transformá-la em bico de pena (no photoshop). Ficou legal! ( Salatiel )
.

Vagares Vadios

Vagares Vadios

Farto o teu vazio...
Basto-me na rosa,
colhida no jardim.

Se não chegares,
a rosa vai namorar seu jasmim
devolvo as lágrimas ao marfico
com o olhar em botão
discretamente nascido,num pé de saudade!
Existem idas sem voltas
momentos saem da órbita
desistem do seu destino...

Existem voltas sem malas
um amor extraviado
que brinca do outro lado
Existe o ausente
que não cabe no presente...

O riso palhaço,
o olhar desconfiado,
a palavra maldita...
Que sufoca cruelmente,
o respirar de uma flor!
xxxx

Entre pela porta,
pela meia voz...
Entre na hora,
no antes ou no depois...
Entre você e o tempo
é sempre você quem ganha!

Dona da porta e da chave
dona também das janelas,
paredes, barraco de papel...
Noite fria, negra magia
Nela fiz minha pauta
Nela escondi a poesia
Dela fiz meu pentagrama com claves de lua,
preenchido de estrelas...breves e semifusas...pulsares de luz!

Noturna teimosia
Gosto do teu manto
Fujo do olhar do dia!
Socorro Moreira

(arte que ilustra o poema: MADONNA, Edvard Munch (Løten, 12 de Dezembro de 1863 — Ekely, 23 de Janeiro de 1944) pintor norueguês, um dos precursores do expressionismo alemão.)
.

poemas azul sonhados


Amor marginal
Se descoberto sob mantas
nas esquinas,nos muros pichados...
Deixe a declaração...
Não assine!
A máxima do amor é quando ele perde a cara
Mistura-se na luz,
e enche o coração do mundo!
Elos físicos
são frágeis laços de fita
Elos espirituais
são fios invisíveis...
conjugam no infinito!
No silêncio das manhãs
vou fiando, o terço do meio dia
e quando o céu se avermelha,
meu coração se inflama,
e acende uma poesia!
Tonta e branca,
a lua descobre a pauta,
e compôe a melodia!
Belo, alto,rico de encanto
Leve, baixo,preso de lamento
Voz de auroras que se repetem
luas lastimosas que reclamam canto
como gotas de orvalho,
aspergindo a terra...
fêmeas colcheias atiradas pelo ar
repousam, renascem...
Filhas da natureza!


Socorro Moreira
.

Bem-Vindos ao Blog de Socorro Moreira !

Olá,

Esta é uma singela homenagem que faço a uma das maiores poetisas que já conheci pessoalmente: Socorro Moreira. Possuidora de um talento inato para a arte de escrever, Socorro Moreira nos brinda diariamente no site "CaririCult" e "Blog do Crato" com seus lindos poemas.

Gostaria também de agradecer imensamente ao Luiz Carlos Salatiel por ter postado inúmeros poemas da Socorro Moreira no CaririCult e que pude, através de trabalho árduo e minucioso, trazer a maioria para reunir neste site da Socorro Moreira.

Amiga Socorro, aceite este singelo presente, este Blog como prova da minha mais alta estima e admiração pelo seu trabalho.

Um grande abraço,

Dihelson Mendonça
.