A cantiga da chuva começa a ficar monótona.
Saudades dos meus óculos de sol.
O retiro que se indefine, encharca-se de uma preguiça nostálgica. As distâncias vão instalando valas ... Os abismos aprofundam-se. Nossas próprias águas avoluma-se , e nos asfixiam.
Olho para o céu ... Esse tempo nublado me deixa careta, e desapaixonada.
Meu amor platônico auto-deletou-se !
Meu amor virtual dorme antes e depois de mim.
Meus afetos reais ocupam-se dos seus dramas pessoais ...Não tocam... Se entocam !
A casa de janelas abertas ferrolha a sua porta. A vida consome-se lenta e corrosivamente. O tempo arranca meu velho papel de parede, num vendaval insubmisso. Pesam-me os pensamentos, e essa virada do tempo.
Caras desmotivadas e assaltadas por todas as angústias do mundo, impostam-me máscaras. Alegria sem eco...Tristeza sonora, como um disco arranhado ...Pinga em gotas...Conta-gotas ...Lágrimas da Terra.
Sinto que o os mensageiros de todas as novas estão a caminho. As mudanças aleatórias virão ! Esse aperto no peito explodirá um jeito verde de enxergar a vida ...
São poucas horas de um novo 13 de Abril .
Casa silenciosa , abandonada pelas baratas, pessoas e paixão. Meus tamancos zuadam pela escada interna .Passeiam nos recantos selados e desmemoriados. Lá fora a cidade corre. Meus templos são as calçadas ... Empoçadas , espelham um céu e um momento gris.
Vou e volto para os algodões verde - água dos meus lençóis desarrumados pelo tormento dos sonhos. Pernas cruzadas, olhar embaçado ...
Quando a minha energia voltar vou inverter a posição das telas do meu quarto, polir as lembranças...Inocentá-las de todas as dores... Retirar essa energia senil .
É confortável o silêncio do corpo. O meu silêncio só abre a boca, quando encara a vida , e sente-se feliz !
5 comentários:
Socorro,
Procure reler mil vezes esse teu texto. Lindo, lindíssimo! Linguagem literária, perfeita. Imagens sugeridas idem....
Mas deves reler o que vai além das linhas. O teu interior tumultuado. A inércia que deve ser um grito de alerta. Um caminho pautado de silêncios que mais falam do que tua própria alma.
Fica atenta. Pedes socorro, Socorro !
Eis minha mão, amiga!
E meu abraço!
Claude
E a chuva continua mais forte ainda..."
Existem invernos tenebrosos... Passam , e cedem lugar à Primavera !
Beijo minha amiga !
Pulando de uma porta a outra.
Seria a inércia inerte em si,
ou o prestes a movimentar-se?
A inércia nunca se bastou,
sempre par do movimento,
não era sua negação,
era o exato condicionante,
para que se rompesse com tal.
E todos dizem: a lei da inércia,
aquilo que existe para ser empurrado.
Mas é isso a que recorre,
a Socorro?
Um olhar de recolha,
dizendo que a chuva se encontra,
predomina, ocupa,
mas ocupa como a inércia,
um empurrão para a primavera.
Socorro: não me oferte tantos cliques no computador,
tenha dó deste sessentão,
um blog por vez.
Vai um por vez.
Que seja duplo,
ade um por vez.
Do Vale ,
Não existe fila para o sessentão ...
A passagem é livre
A paisagem clara
Quer chova, quer faça sol
Essa idade é estiada !
Quase morri de susto ...
Acharam-me aqui, enclausurada ...
Senti o empurrão...
Uma tormenta , um furacão ...
Mas sobrevivi à tempestade !
Abraços , e obrigada pela visita.
Se esperar um pouquinho, armo uma rede pra ti , e te preparo um baião de dois com pequi.
Respiro fundo ...
Suspiro feliz...
Palavras entrecortadas...
Por um triz, quase morri !
Agora o riso é rasgado
Depois da chuva ...
Uma cafézinho , um cigarro...
E essa visita ilustre ...
Prendo no espaço...
Prendo, e enlaço !
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