segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Retrato Falado - Homenagem ao grande escritor e amigo José do Vale Pinheiro Feitosa

Estou no quarto elemento

Já me senti rocha

Já fui mar...

Já fui derrubada pelo vento ...

e agora me queimo, nos meus

vinte e cinco por cento ...

(Porque todo sentimento

é vitalizado pelo sol!)

Agora sei porque não escrevo

porque as palavras

nem escorregam , nem chegam...

Sei também porque não fotografo ...

Quem escreve

encontra a luz no diálogo ...

Agora já sei

que não preciso chegar ...

Depois de um retrato falado ,

Toda luz do mundo ,

chegou aqui , vai parar !

Sei também

que não preciso voltar ...

Nada deixei por lá...

Fui abduzida...

Simplesmente , seduzida !

Percorro meu sonho de entendimento

numa " bicicleta" da cor do vento ...

e nas miragens do tempo ,

entro e saio ,

sem que me achem !

Meu inconsciente tomou a frente

Minha vida é cristal

dissolvido pelas águas ...

Os ventos me penetram

com toda suavidade ...

Já não temo a tempestade ...

nem o mar da ansiedade.

Tudo já foi sem ter sido

Tudo

nunca deixou de ser

porque é !

" O sono do silêncio.

Sem sonho , deixou de ser ".

Agora é quase fim de tarde ...

ainda tenho duas madrugadas

pra ler você .

Nem sei

se és da terra ou das águas

Se dos ares ... ,

ou o fogo te faz criar

Acho que és a grande síntese

de tudo que no mundo há !

Uns são espelhos ...

Outros

fragmentos de nós mesmos ...

E o amor ,

precisa ser inteiro ,

no banquete elemental

de toda natureza !

É "bonzim" ...

um baião com feijão verde ...

temperado com queijo ...

manteiga da terra ,

manteiga do reino !?

Um pargo ao termidor

com camadas de bananas...

desperta instintos e fome...

cria o vazio no estômago ...

Sabores do mar...

sabores da vida...

Quero aquela janela

e o teu " olhar panorâmico " ...

Não quero a posse ...

sequer do nada

não quero a posse...

Salve , a liberdade !


Muito Estranho (Cuida Bem de Mim)
Dalto
Composição: Cláudio Rabello / Dalto


Hum!

Mas se um dia eu chegar

Muito estranho

Deixa essa água no corpo

Lembrar nosso banho...
Hum!
Mas se um dia eu chegar
Muito louco
Deixa essa noite saber
Que um dia foi pouco...
Cuida bem de mim
Então misture tudo
Dentro de nós
Porque ninguém vai dormir
Nosso sonho...
Hum!
Minha cara prá que
Tantos planos
Se quero te amar e te amar
E te amar muitos anos...
Hum!
Tantas vezes eu quis
Ficar solto
Como se fosse uma lua
A brincar no teu rosto
Cuida bem de mim
Então misture tudo
Dentro de nós
Porque ninguém vai dormir
Nosso sonho ...

Abençoado amor : José do vale e Teresa Maria .

2 comentários:

socorro moreira disse...

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...
Socorro: o melhor que poderia me ocorrer é sentir a força matriz de uma poeta lendo Paracuru. Uma poeta do tamanho de Paracuru ou seja do tamanho do mundo, na história e no território.

08 Setembro, 2008 22:26

socorro moreira disse...

Socorro Moreira disse...
O que é bom dura pouco. O que é bom a gente fica a processar , a esticar , fazer durar...perpetuar !

Fiz um álbum de todas as fotografias ;
gravei a trilha sonora : Piano ( New York New York , Stardust , Misty), Dalto ( Muito Estranho), Betânia ( sem fantasia ) , Bievenido Granda( Sõnar , Angustia , Perfume de Gardênia), e uns forrós de Gonzagão , Dominguinhos e Sivuca...;
marquei os pontos de locação : piano bar , aeroporto , casa de praia , bodega , restaurante , ponto de jangadas , cemitério , barraca Marajoara ,Copacabana Palace , Lamas , Cinelândia ,Estátua da Liberdade ,Paracuru ;
Figurino : bermudas , tênis , camisetas , camisas e blusas de seda , vestidos hippies , dos anos 70 ;
Batalhei na produção , pra alugar : uma "Furgline" , bicicleta amarela, e um Bugre ...
personagens e figurantes : Sofia , Catarina, Dona Antônia , Ciana , Heliene , Das Almas , Lucinha ,Andreia , Ângela Iracema , Domitília ,Leopoldina ...Viriato ,Zeca Domingos , Lucas Meirelles, Zé Carvalho , Eliezer , Valdemar , João de Jacaúna , Muniz , Dr Gianni , Compadre Pixuna , Aurenir , Pacoti , Sérgio , De Assis , Michel, Dominique , o Louro , Bigode , Napoleão ,João do Acordeon , e o personagem principal : o narrador ( que eu não sei o nome).

"Escrever é construir passo a passo , a própria idéia" .
Achei tocante todas as descrições e diálogos ;
"Vim mesmo quando não sabia que vinha.Vim mesmo quando pensei que ia . Agora sei, sempre soube , que vinha, mesmo quando teus movimentos se afastavam de mim . Não vim por acaso , vim por necessidade. Não vim me impor, vim porque este é o meu destino ".

Um romance belíssimo. Pura poesia !
Parabéns , José do Vale . Obrigada pelo legado. Algo em mim , se transformou ...

"Se um dia disser do momento fugaz: Continua aqui ! És belo ! Poderás algemar-me a bel-prazer ...
Estarei disposto a morrer !"

09 Setembro, 2008 17:29