sábado, 14 de fevereiro de 2009

Pseudo Poeta - Por Socorro Moreira


Tenho vontade de ser poeta , mas tenho dificuldade em sê-lo. Desisto de postá-lo ?
"O carteiro e o poeta" que se entendam ...!
Tentei aprender a fazer corretamente uma poesia. A técnica corta a minha emoção, desestabiliza o meu barato. É caro e claro ficar com a ignorância dos versos livres. Liberdade tem o preço que eu pago ! Por toda consciência, arvoro-me em escrever prosas simples, poemas tortos...
Que eles cheguem configurados, conforme o meu desejo, pipocando emoção por todos os lados.
Atavicamente , imprimos às palavras ritmo e sonoridade.Quando consigo dançar um escrito, mesmo prosaico, descubro que ele existe , e consegue afinar cordas e tamborins do meu eu acanhado. Penso tanto no que vejo e experimento, que ele sai correndo pra casa do vizinho, pras praças, prados e bares. Minha emoção é fofoqueira... Não fica dentro do meu próprio peito.
Pensamento livre e anárquico. Sou assim ! Não gosto de maquiar os meus "monstrengos" literários.Eles encaram o mundo sempre que nascem. Assustam, horrorizam, e são também encantados como tudo e como todos - os versos que nos habitam ! Soltam-se, perdem-se, retornam, conquistam !
Cada pensamento que brota e escapole , permite o vazio para um instante seguinte... Seja madrugada, ou o cair da tarde.
Essa semana li Martha Medeiros :"Doidas e santas". Saboreei suas crônicas como se fossem o resgate de festas perdidas . Descobri que eu não perdi uma valsa , um amor, um riso , um pranto ... e aprendi a consertar a vida.
Sou doida. Se eu fosse santa ( como diria M.Medeiros) , seria louca varrida !

3 comentários:

socorro moreira disse...

jair rolim disse...
Socorro Parabens

A autenticidade é uma coisa peculiar a cada personalidade e voce tem demais. Continue, embora procure sempre aperfeiçoar-se, da forma liberal que voce sempre foi.
abraços
Jair Rolim

7:35 PM
Claude Bloc disse...
Socorro,

Ora viva... Ela que retorna toda acesa!

Deixa pra lá as convenções e te liberta.
Deixa pra lá os subterfúgios e te solta.
Liberta a alma, cativa a gente que te lê...
Afasta a redoma e os grilhões da formalidade e te entrega inteira à palavra. Ela é teu meio. O teu esteio. A tua (pa)lavra.

Deixa-te voar pelas serras e vales, descortinando horizontes...
Deixa-te ficar conosco...

8:14 PM
Magali de Figueiredo Esmeraldo disse...
Socorro,
Você é uma excelente poetisa.
Escrevendo em prosa ou em verso, transmite muito sentimento.

Abraços

Magali

socorro moreira disse...

Marta Feitosa disse ...


Olá, Socorro
>
> Adorei o seu texto no blog do Crato, achei um dos seus melhores,
> surpreendeu-me. Parabéns. Precisei dizer. Tudo muito bem colocado.
> Agradeço as vezes em que corrigiste adequando os meus textos, me auxiliando,
> podando, moldando, enriquecendo as visões, hoje senti falta...muita falta.
>
> Um beijo, com todo o meu afeto. E uma poesia casual. Foi o melhor que pude
> fazer.
>
>
>
> Ao redor da pracinha
> janelas e portas se abrem e fecham suas vidinhas
> e portas de enrolar desenrolam a vida com hora marcada
> flores nunca abertas...ou fechadas
> estariam atentas à conversa nos bancos
> ao riso dado a uma borboleta, uma lagarta...
>
> nenhum jardineiro molha
> e a tabuleta às avessas:
> "favor pisar, grama invisível aos olhos"
>
> a área acompanha o evoluir do imobiliário ao redor
> e olhos deitam os cotovelos a ver os passantes
> janelas de vidas também resignadas
> e essa resignação é a velha opção
> anti-criatividade
>
> passando por ali uma poesia de aves
> procurando galhos
> viu que a paisagem incomoda menos
> no lugar onde se mora há tempos
>
> os jardins e o asfalto
> folhas balançando, mãos aguando...combinam
> e a letra chega antes de ver plantadas as flores mais lindas
>
>
> Marta Feitosa (de um banco de praça ou parque qualquer)

socorro moreira disse...

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...
A técnica é como uma luz dirigida para a escuridão. Quando esta se foca nas possas pupilas nos cegam. Por isso o verbo é a vida humana tanto em meio quanto em finalidade. Socorro fazia poesia com técnica precisa ao conteúdo que nela se canta. Tão precisa que contéudo e técnica é a mesma coisa: o foco que ilumina.