domingo, 18 de maio de 2008

Rosa de Maio





Omar chegou do mar
Voz embriagada de sal
Olhar de cobiça
Corpo ouriçado
pronto pra amar

Passou tanto tempo ...
Mas voltou amante ...
Disse que me amara
Todos esses anos !

Eu morri de susto ...
Que boa ventura ,
um amor voltando !
Repasse de músicas
de versos e falas
tudo rebuscado
no que já ficara ...

Nosso labirinto
hoje é nosso encontro
Promessas vencidas
são revalidadas
Sussurros contidos ,
em gritos de espanto ...
Um amor urgente
como um telegrama !


Amália não cantava fados ,
Nem lembrava fadas
Era apenas uma mulher astuta
Com unhas de bruxa ...
Esmalte escarlate !

Tinha pretume nas madeixas brancas

Um olhar de dama ,
um jeito cigano ...

Nos seus adereços,
que brilhavam tanto ,
sempre aconteciam ser desprateados !

Amália era como Dália ...
Uma donzela que não foi casada
Numa espera vã , bordou seus lençóis ...
Que amarelados enrolam seus sonhos
Há 50 anos !



Gilda
Vive o contar das horas ...
Ouvidos ligados ,
no tocar dos sinos ...
Enlouquecida ,
só espera a morte !
Já correu no tempo
com olhar bandido ...
Hoje já dispensa ,
um tal de destino ...
Se enrosca no leito ,
amassa o travesseiro,
e vive no futuro ,
sempre tão menino !



Madrugada com cheiro de maio
Rosa viva , quase abandonada ...
Rosa na janela , toda envidraçada !
Perfume no ar ,
que o vento traz ...
Rosa , no vestido antigo ...
Rosa na boca, rosa no sofá ,
nos livros já lidos , no jarro da mesa ...
Rosa perdida , nos seus devaneios ...
Rosa que fala por doce cheiro !


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