segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Nos tempos do verbo


Sensível
a qualquer tipo de carinho
sorriso , mimo ...
Rostos distantes
parecem contas
de colares partidos
olhares , bocas ...
pérolas escapadas de mim
Sem adereços
esqueço endereços
acendo velas
ilumino lembranças
fragmentos visíveis
O vento traz
o vento leva
a onda traga
espuma de amor
...saturada !
Entreguei os pontos
sem checar os trunfos
meus ases, meus ais ...
num jogo comum
E se todos chegassem ,
num apelo coletivo ?
- Eu ficaria contigo !
Se o tempo voltasse
eu dançaria a valsa dos meus 15 anos
Pediria uma bicicleta no Natal
Nadaria nos rios poluídos
Do Crato até Ingazeiras ...
E naquele trem , naquele dia
Teria te visto primeiro
E naquela festa , naquela dança
Me apertaria em teu peito
E naquela noite , naquela praça
te entregaria os meus olhos.
Donzelas de saltos finos e meias desfiadas
se avermelhavam
quando a brisa do amor passava
Guardavam cadeiras no cinema
pro moço que não chegava
Choravam em convulsão
por Francisco e Santa Clara.
Tremores nas mãos , em dias de prova
Disparos no coração , quando recebiam nota
A chatice
de provar o vestido novo
que ficara torto
A vergonha de vestir
o traje antigo
com mancha de caju
na altura do colo
A barra da saia desmanchada
O sapato de sola desgastada
as meias de algodão afolozadas
E o coração na boca
todo atrapalhado
As cartas de amor nunca postadas
promessas tímidas
desejos contidos
orelhas pegando fogo
retrato em 3 x 4
na bolsa ou no livro
um trevo de 4 folhas
pra garantir o destino
Queríamos correr no tempo
e o tempo nos pegou
Deixou-nos
aonde estou !
Senhora - vó
Querendo comer maça
Pecar contra o que não fez
Ser feliz sendo o que quis !

2 comentários:

Domingos Barroso disse...

Socorro, vejo teu olhar derramando-se em cada palavra.
Um poema de quem tem como destino - por toda a eternidade, amar.
Abraços.

socorro moreira disse...

Dihelson Mendonça disse...
É por essas e outras que eu te presenteei com um Blog! Mereces cada esforço...

Bjus!

DM

08 Dezembro, 2008 21:58


Dihelson Mendonça disse...
"Eu já te falei hoje o quanto te admiro" ?

Bjus!



lupeu lacerda disse...
lindo
doçe
fotográfico.

09 Dezembro, 2008 07:45


Marcos Vinícius Leonel disse...
Socorro, você faz com que a gente pense que suas memórias são nossas. Isso é magia.

09 Dezembro, 2008 21:51


Claude disse ...

Vou fazer um comentário meio aos pedaços...



Sensível
a qualquer tipo de carinho
sorriso , mimo ...
Rostos distantes
parecem contas
de colares partidos
olhares , bocas ...
pérolas escapadas de mim
Sem adereços
esqueço endereços
acendo velas
ilumino lembranças
fragmentos visíveis

(parte descritiva, intimista, apelando para os sentidos: visual, tátil... dá pra tocar o cenário e a cena escondida, intensa em sentimentos))

O vento traz
o vento leva
a onda traga
espuma de amor
...saturada !

(sensação de ondas, provocadas pelo vento, imagem nítida das inquietações da alma)
Entreguei os pontos
sem checar os trunfos
meus ases, meus ais ...
buraco comum
E se todos chegassem ,
num apelo coletivo ?
- Eu ficaria contigo !

(aqui mora a ansiedade e uma esperança que não permite que o desencanto seja mais forte.Eu apenas substituiria a palavra “buraco” que fere o sentimento forte que prevalece... “buraco” não é poético)

Se o tempo voltasse
eu dançaria a valsa dos meus 15 anos
Pediria uma bicicleta no Natal
Nadaria nos rios poluídos
Do Crato até Ingazeiras ...
E naquele trem , naquele dia
Teria te visto primeiro
E naquela festa , naquela dança
Me apertaria em teu peito
E naquela noite , naquela praça
te entregaria os meus olhos.
(Esta parte está muito boa. Perceba o ritmo, parece que neste trecho você dança realmente.)

Donzelas de saltos finos e meias desfiadas
se avermelhavam
quando a brisa do amor passava
Guardavam cadeiras no cinema
pro moço que não chegava
Choravam em convulsão
por Francisco e Santa Clara.
Tremores nas mãos , em dias de prova
Disparos no coração , quando recebiam nota
A chatice de provar o vestido novo
que ficara torto
A vergonha de vestir o traje antigo
com mancha de caju , na altura do colo
A barra da saia desmanchada
O sapato de sola desgastada
as meias de algodão afolozadas
E o coração na boca
todo atrapalhado
As cartas de amor nunca postadas


(aqui as lembranças de todos/as
nós. Nossos gostares e não gostares.Um retrato fiel do nosso dia a dia infantil, coisinhas que vivenciamos)
promessas tímidas
desejos contidos
orelhas pegando fogo
retrato em 3 x 4
na bolsa ou no livro
um trevo de 4 folhas
pra garantir o destino

(A descoberta do amor, as primeiras paixões platônicas)
Queríamos correr no tempo
e o tempo nos pegou
Deixou-nos
aonde estou !
Senhora - vó
Querendo comer maça
Pecar contra o que não fez
Ser feliz sendo o que quis !

(o presente, a realidade)


Separei o texto em partes para lhe mostrar seu caminhar nos versos... Como tudo o que você faz, parece que tocamos nossos sentimentos e a alma se liberta...





Abraços,

Claude



Socorro moreira disse ...

Claude ,

Tudo muite pertinente , minha merstra !
Acatei sua sugestão , e suprimi a palavra "buraco". Na realidade tinha feito uma alusão ao jogo de cartas ...


Obrigada pelo cometário. beijo , beijo , beijo !!!

09 Dezembro, 2008 23:15