quinta-feira, 27 de novembro de 2008

"Soneto - para Socorro Moreira "





Soneto - para Socorro Moreira

Desde que me pus a escrever, aos 16 anos, encantada com a musicalidade e o ritmo do soneto, com a formalidade de seus versos de rimas rebuscadas, passei a preocupar-me com as palavras e comecei a sentir-lhes a força e, também, o fascínio que exerciam sobre mim. Lia simplesmente tudo o que me vinha às mãos e sob os olhos , esses já inquietos e ávidos.
Ainda sou capaz de reproduzir um pequeno trecho de um poema que fiz sob a influência desse aparatado estudo sobre a poesia... Fiz o primeiro, tentei um segundo ainda tateando a melhor maneira de aplicar a teoria que aprendera. O tema já demonstrava as inquietações de uma adolescente que se de defrontava com sentimentos platônicos e amores irrealizados. Creio que a solidão alegada e sentida por mim a essa época da vida, denotava essa incapacidade que o jovem tem muitas vezes de assimilar o mundo de modo diferente daquele idealizado.
Aventurei-me, então, a encaixar meus primeiros versos naquela forma rígida que um soneto impõe: dois quartetos, dois tercetos, rimas encadeadas ou nãoe a mesma quantidade de sílabas (métricas) ... tudo isso ou tudo aquilo. Na primeira tentativa quase tudo rimava com “ão”: coração, emoção etc. etc. Eu mesma me convenci que estava feio aquilo. Perecia um eco, um trem apitando na esquina da vida... E assim, fui burilando as idéias e as palavras, lapidando o pensamento. Claro, minha imaturidade poética ou mesmo emocional não permitiam ainda que eu tivesse a capacidade de criar algo (quase) perfeito no campo da idéias, mas eram apenas os meus primeiros passos.
Meu tema era “solidão” como disse anteriormente. Ouso aqui apresentar a cria tal qual foi concebida naquele tempo: “Solidão // É o que sinto no meu peito agora / É o que fala a alma de quem chora / É esperar sempre esperar alguém. “ Este era um dos tercetos e todo o resto do soneto sucedia-se com rimas –ora/ -ora / -em / -em, porém não me recordo como se processou o restante do poema, com versos decassilábicos.Segui com afinco as orientações do professor de Português: o cuidado para que as palavras que compunham a rima não tivessem a mesma classe gramatical. “Agora” (advérbio de tempo) rimando com “chora” (verbo). Enfim, o cuidado e o esmero para que meu poema fosse funcional como soneto, foram o impulso primordial para que eu me iniciasse no caminho da escrita.O soneto perdeu-se por aí numa das mudanças que fiz. Restou-me a lembrança desse momento criativo e de como persegui o sonho de escrever.
Hoje deixei de lado a métrica de meus sonetos e consigo voar mais alto. Livre e sem rimas. Simples e sem rebuscamento exagerado. E se me ponho a amar em verso e prosa, posso dizer que nunca mais estarei sozinha e enfrentar a solidão.

*
Postado por Claude Bloc , nos Blogs Cariricult e doCrato

3 comentários:

socorro moreira disse...

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...
Claude: o verso e a prosa, ritmo, rima, fonemas, são os recursos maravilhosos deste tecido musculoso com duas pregas apenas capazes de expressar o amor. O amor este cosmo sem limites que conquista o Deus Kronos. E claro como cosmo já é a prória pluralidade.

27 Novembro, 2008 08:43


Socorro Moreira disse...
Acabei de postar um comentário sobre o texto no blogdocrato.
Agora fiz a ponte . Aqui e lá , Zé do Vale há !
E Claude , e tantos , e outros ...
Esse alimento que sai das tetas poéticas é meu verve !
rs.
Claude,
Não páro de pensar sobre a possibilidade de uma oficina de criação literária , na segunda quinzena de janeiro/09.
Você e Zé do Vale seriam as nossas estrelas guias...
Você ,eu sei que topa !
E o Zé ? Que podemos fazer pra ele deixar Rio, Asas de Brasília , e baixar na Serra Verde ?

Preciso somar forças ...

Barroso , Lupeu , Rafael , Wilson Bernardes,Salatiel , Carlos Esmeraldo e Magali , A,Morais , João Marni , Pachelly , Dihelson , Valdetário , Sávio , Armando , Amanda , Urca, Uva , Prefeitura, Edilma Saraiva , Zé Flávio , Zé Nilton , Leonel , etc, etc, etc.
Desse jeito a casa lota , e as estrelas caem , no terreiro do nosso querer.


Abraços apertados e suspiros dobrados.

27 Novembro, 2008 09:52

socorro moreira disse...

A.Morais disse...
Claude e Socorro.

O Poeta canta com o coração e encanta com a alma. Segue uns versinhos do Cego Aderaldo criados num dia de solidão do poeta:

Meu bemsinho,diga, diga,
Por caridade confesse
Se voce já encontrou
Quem tanto bem lhe quizesse.

Eu juro que nunca quis
Ofender teu peito nobre
Fala, meu anjo, descobre
Diga, meu bem, que ti fiz?

Quem parte - gosto não tem,
Quem fica - como terá?
Quem parte - poe-se a chorar
Quem fica - chora tambem.

Mas como levo tudo na brincadeira, tenho conhecimento que em sendo aconselhado a se casar por ser só, cego e precisar de companhia o Aderaldo saiu con esta:

Já pensei em me casar
È bem verdade não nego
Mas com minha experiencia
Batata quente não pego
Quem enxerga leva chifre
Quanto mas eu que sou cego.

Um bom dia.

7:50 AM


Socorro Moreira disse...
Claude ,


As pessoas tímidas , acabam desenvolovendo a comunicação escrita.Eu comecei escrevendo bilhetes e cartas de amor. Escrevia as minhas , e me correspondia com alguns namorados das minhas amigas.
Por falta de persistência e indocibilidade não conseguia submeter-me àas regras da gramática.
Aí, aderi por muitos e muitos anos à velha matemática. Traduzia da linguagem literária para a linguagem simbólica , e a questão estava resolvida . Meu senso p´ratico adorava o desafio. Reconheço o quanto essa disciplina ajudou-me a ganhar o pão de cada dia.
Quando aposentei-me , os dias ficaram enormes , e as noites não amanheciam.Com lápis e papel ensaiei uns desenhos , e descobri que não herdara o talento do meu pai.
Sem outras opções , e por conta de uma vida intensa , comecei a historiar o que sentia. Fui perdendo o pudor , e encarando o medo de errar...
Na época escolar tive a sorte de ser aluna de Dr. José Newton Alves de Sousa. Aquele grande mestre , incentivou-nos a ler e a escrever ...
A exemplo de Cora Coralina , um dia eu chego em algum lugar... Nem que seja no meu próprio lar . Mas até lá , preciso me orientar .Enriquecer meu vocabulário ( tão prático!) , fazer oficinas de criação literária com a Claude Bloc ...e continuar vivendo insaciavelmente , cada momento do meu dia a dia. "Sem tesão não há solução". E por fim , cultivando a sensibilidade , as memórias , e o afeto que tenho pelas pessoas do meu convívio.
Você terá sua parcela de importância , nos meus futuros projetos.

Obrigada pelo carinho , minha amiga.
Tenho profunda admiração pelo seu trabalho. Você é a Escritora !

7:53 AM


Socorro Moreira disse...
A.Morais ,
obrigada pelo carinho. Num poema , você desbancou meus impedimentos. Não precisa ter o domínio acadêmico tão somente... É preciso ter veia poética !
Grande Cego !


Adorei !


Abraços

socorro moreira disse...

magali disse...
Parabéns as duas grandes poetisas do Crato: Claude e Socorro Moreira. Claude, não fui sua colega de classe, mas imagino que voce deve ter sido a melhor aluna da sua turma. Já Socorro que foi minha colega durante muitos anos, afirmo que foi sempre a melhor aluna da classe. Abraços.

11:21 AM


A.Morais disse...
Em 1968, o Caetano Veloso foi vaiado num festival em São Paulo. O publico era muito exigente. Em seu poema Violão eis alguns dos versos:

Violão até um dia
Quando houver nova alegria
Eu procuro por voce

Cansei de derramar inutilmente
Em suas cordas
As disilusões desse meu viver

Ela declarou recentimente
Que ao meu lado
Não tem mais prazer...

11:57 AM


Claude Bloc disse...
Socorro,

Estou em Teresina para o 3º módulo de meu Mestrado em Educação. Imagine chegar às 7 da manhã e já estar a 31º !!! Bom, tem uma coisa boa nisto tudo: faço sauna de graça.
Quanto ao restante, sabe que por mim já está aceito seu convite quanto à Oficina. Inclusive já estou organizando material para tal. A Serra Verde estará de braços abertos para todos.

Abração.

Claude

12:08 PM


Carlos Eduardo Esmeraldo disse...
Amigas Claude e Socorro
Se for num final de semana, topamos, pois por causa da greve na UECE nosso segundo semestre de 2009 irá se iniciar no próximo dia 1° de dezembro e teremos aulas até o dia 20 de abril. Agora se for a partir do dia 24 de abril, fico um mês. Mas fora de brincadeira, quando for em Janeiro iremos nos matricular num curso de Português do meu ex-colega do Seminário do Crato, Itamar Filgueiras, o professor de português mais famoso de Fortaleza. Abraços.

7:39 PM


Socorro Moreira disse...
A.Morais ,

"Tudo se transformou" .Acho que tem tbm o dedo de Paulinho da Viola.
"E a razão dessa tristeza é saber que o nosso amor...passou."
Gosto muitíssimo dessa música . Se eu cantasse , ela eu cantaria !
Aqui as coisas se transformas numa saudade ora alegre, ora triste ... mas sempre emocionantes , e centradas no futuro do presente.
Vamos parar de contar o tempo ... Ele é feiticeiro , nos deixa no ventre das nossas mães. E a gente escolhe nascer outra vez , no Crato de agora ... que seja !

Magali ,


A nossa turma era tão aplicada , que não existia "a mais". Todo mundo aprendia do mesmo jeito : decorando os pontos , e nos intervalos , jogando do "mata". Boladas poderosas , nos corpos adolescentes ... Eu tinha sorte... Você também ! Sabia que lembro da grafia de todas as nossas colegas( principalmente da sua , da Walda e da Francíria) , das datas de aniversário ...
Todos os dias 12.12... Tenho um pensamento de carinho pra você.
Outra curiosidade : ganhei meu primeiro angel face , no meu aniversário de 10 anos. Adorei! Foi presente seu. rs

Amizades , ricas em "Detalhes" , a gente não esquece, nem deve !
Regina é do dia 17.05; Vera do dia 1.05; Walda do dia 19.06; Ione do dia das crianças ; Márcia do dia 11.10... e assim por diante.

Carlos ,
Zé Lorota foi meu colega no primeiro ano científico. Escrevia , naquela época , muitíssimo bem. Tinha que ser o que é...vocação predestinada !

Pois é... Se deixar , a gente escreve até morrer de tendinite !


Abraços , minha gente !

10:13 PM