segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dissolvere - Por : Domingos Barroso




Para Laura


Até agora não derramei uma lágrima.

Mas sinto aberta uma vala no meu peito.


Sei das minhas loucuras.

Do compromisso com o desconhecido.

Deixei ao relento minha alma sedenta

enquanto o corpo desfalecido pedia trégua.


Agora se refaz uma mente pacífica

em meio a destroços que adubam a coragem.

Não há necessidade do perdão

tampouco do conflito.


Aonde for levarei comigo

minhas paredes e minhas formigas.

Confesso sem medo do escuro

que a minha vida nunca foi tua

e que os meus olhos vivem cegos

desde os primeiros tombos no útero.


Fui um mau menino.

Um Lunático esposo.

A Poesia minha sombra.
Assusta, decerto.

Mas no dia seguinte

é a Ela que peço colo.


Até agora não derramei uma lágrima.

Mas sinto florido um jardim suspenso.



Postado por Domingos Barroso no Cariricult.


Um comentário:

socorro moreira disse...

Compromisso com o desconhecido

Essa liberdade
da qual não abro mão
Me depara contigo
sempre que me afasto.

Essa alma que nunca foi tua
É vadia, mas vive cega
tateando a tua ...

Lágrimas não vertidas
Ficam invertidas
no fundo do nada
Fertilizam canteiros
em qualquer das praças
Flores que alimentam
formigas ...
No canto dos meus olhos.

O perdão ,
se foi feito pra gente pedir ,
nunca aprendi ...
Leio em todas as placas do invisível...
Que o amor resiste !