sexta-feira, 17 de julho de 2009

Carta a mim mesmo - Por José do Vale Pinheiro Feitosa



Como respirar feito um continente. Lá no palco do teatro municipal do Crato e aqui ao pé do Corcovado. Quantas apnéias nesta tamanha rede de canais de ar e seiva do mundo não acontecem? Tantas que me fazem fraco de presença. Ausente como espectro, feito uma descida na mesa espírita. Mas não existem desculpas se as asas velozes da aeronave voam. E cá não estivestes.
Mas se estivestes apenas em subjetividade foi de corpos que o Madrigal cantou.
O Crato nem lembra, mas Divani Cabral não foi uma diletante, mas dedicada maestrina; seus tempos de Pró-Arte nas temporadas de Teresópolis. Divani foi tudo isso , pois tinha técnica, emoção e a cidade para amar no geral e na juventude.
E Bernardete Cabral, pequenina, miudinha, quase nada. Eu que o diga quando pegou pela mão aquele moleque selvagem da batateira e lhe deu a oportunidade de suportar o presídio da carteira escolar junto à repetição do alfabeto.

E este povo que ali madrigou, como só pode ser o mundo, um todo sem partilhas de minutos. Um todo em que nós não estamos, sobretudo existimos.
A todos vocês um grande aceno entre aí e aqui.
José do Vale Feitosa

2 comentários:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Carta a mim mesmo:

Como respirar feito um continente. Lá no palco do teatro municipal do Crato e aqui ao pé do Corcovado. Quantas apnéias nesta tamanha rede de canais de ar e seiva do mundo não acontecem? Tantas que me fazem fraco de presença. Ausente como espectro, feito uma descida na mesa espírita. Mas não existem desculpas se as asas velozes da aeronave voam. E cá não estivestes.

Mas se estivestes apenas em subjetividade foi de corpos que o madrigal cantou. O Crato nem lembra mas Divani Cabral não foi uma diletante, mas dedicada maestrina, seus tempos de Pró-Arte nas temporadas de Teresópolis. Divani foi tudo isso pois tinha técnica, emoção e a cidade para amar no geral e na juventude. E Bernardete Cabral, pequenina, miudinha, quase nada. Eu que o diga quando pegou pela mão aquele moleque selvagem da batateira e lhe deu a oportunidade de suportar o presídio da carteira escolar junto à repetição do alfabeto. E este povo que ali madrigou, como só pode ser o mundo, um todo sem partilhas de minutos. Um todo em que nós não estamos, sobretudo existimos. A todos vocês um grande aceno entre aí e aqui.

socorro moreira disse...

Bernadete Cabral ...(mas não tem outra mais bonita no lugar !)
Chegue , antes que seja tarde.
Se bem que , vivemos todos a "madrigar" lembranças , SEM DESCOBRIR SE O TEMPO É PASSADO E SE O FUTURO AINDA VAI CHEGAR.
Pela tua extrema sensibilidade, respondo-te :
Estivestes cá !