sábado, 18 de julho de 2009

Tempero da Lua - Por: José do Vale Pinheio Feitosa



Ofereço esta postagem aos membros do Madrigal Intercolegial de volta ao palco como se dele jamais tivessem ausentes.

Tempero da lua,
Fluorescência que revela a mãe d´água.
Destaca o carrapicho na beira da estrada,
Como a solidão condimentada das madrugadas,
Nas trilhas de algum beco escuro do povo esquecido,
Ou nas veredas que ressoam os cascos da montaria.

O tempero da lua é secretado,
Nos limites das curvas do teu corpo nu,
Como partes superiores das dobras do lençol
Pérolas luminescentes da saliva de tantos beijos,
Gotículas de estrelas aos suspiros copulares.

Tem tempero da lua nos mares,
No silêncio da jangada em rumo do fogo guia,
Em cada gume afiado das palhas do coqueiro,
Na corrida de prata das nuvens passageiras,
A elevação iluminada das dunas sobre o mar

Tempero da lua,
Em porções homeopáticas sobre as cidades,
Num pequeno ângulo entre duas torres,
Se derramando inteiro sobre os parques,
E se deitando comigo e a janela para oeste.

Tempero da lua,
Antítese das marcas e vincas da vida,
Sobretudo depositando incertezas,
Nesta superfície tanto rugosa quanto lisa,
Entre os perfumes que as flores disseminam.

Tempero da lua,
Que o mundo me ofertou,
Logo que o primeiro ácido do dia terminou,
Suavizou o clima do meu olhar,
A vida como algo dual em desejo de outro.


Por José do Vale Feitosa

Um comentário:

socorro moreira disse...

Muito lindo, Zé do Vale !




E essa porção feminina
aspargida no espaço?
Pinta e seduz
de dourado , o prateado
Discreta constate presença
Pitadas de luz,
fisgadas do olhar

Lua , sal do poeta
Poesia , tempero da alma .


Um abraço com meus luares.